Ontem a Taça de Portugal, jogadas as partidas da segunda mão das meias finais, conheceu os seus finalistas deste ano.
O Desportivo das Aves, em estreia absoluta nesta matéria de finais de Taça, venceu o sensacional Caldas (aquele que todos menos os avenses,sportinguistas e portistas queríamos que ganhasse a prova) que conseguiu o magnifico feito ,para um clube de terceiro escalão, de chegar até às meias finais e apenas ser vencido no prolongamento o que demonstra bem a qualidade que emprestou a esta edição da prova.
Na outra meia final, e defrontando-se pela quinta vez esta época (deve
ser recorde), Sporting e Porto discutiram até aos penáltis a presença no Jamor
e de forma tão aguerrida que em dez pontapés da marca da marca de grande
penalidade nove entraram e apenas o remate ao poste de Marcano (por sinal no
primeiro penálti a ser marcado) decidiu quem avançaria para o jogo derradeiro.
Fruto do acontecido nas duas meias finais teremos a 20 de Maio, no
Jamor, um Desportivo das Aves vs Sporting como corolário de terem sido as duas
melhores equipas desta edição da Taça de Portugal.
Como se percebe rejeito totalmente a o conceito ignorante, absurdo e
desrespeitador de muitas equipas e do próprio futebol de falar em “finais
antecipadas” como acontece sempre que,a exemplo desta edição, numa meia final
jogam dois “grandes” e na outra dois “pequenos”.
É negar o próprio espírito de Taça!
Leva-nos este introito à velha questão, quase tão velha como o próprio
estádio, de a final se jogar uma vez mais num recinto obsoleto, desconfortável,
sem condições para jogos desta envergadura.
Por alguma razão a Federação não realiza lá jogos da selecção
nacional!
Portugal tem, depois de 2004, dez estádios modernos com todas as
condições de segurança e conforto para os espectadores, de qualidade de
balneários e zonas adjacentes para as equipas e de trabalho para os
jornalistas.
A Luz, com 65.000 lugares, Dragão e Alvalade com 50.000 (estes três
com maior capacidade que o arcaico Jamor) e depois mais sete estádios com cerca
de 30.000 lugares como são os casos do D.Afonso Henriques, do Municipal de
Braga, do Cidade de Coimbra, do Bessa, do Magalhães Pessoa, de Leiria do
Municipal de Aveiro e do estádio do Algarve.
Em todos eles, menos no Bessa salvo erro, já se realizaram finais de
supertaça ou da taça da liga e em todos eles já se realizaram vários jogos da
selecção nacional (para além dos jogos do Euro 2004) pelo que estão obviamente
aptos para receberem uma final de taça de Portugal.
Mas para além desse dez ainda há mais dois, que caso fosse necessário,
estariam à altura desse jogo como é o caso do Restelo em Lisboa e dos Barreiros
no Funchal que depois de renovado ficou com excelente condições.
Dir-me–ão que a lotação é pequena (cerca de 11.000 lugares) e que não
faria sentido duas equipas do Continente irem à Madeira disputar uma final.
Faz tanto sentido como o Marítimo vir ao continente (como já
aconteceu) disputar a final e mais sentido ainda se a final um dia for
disputada entre duas equipas madeirenses como pode perfeitamente acontecer.
Portugal tem, portante, doze estádios melhores que o Jamor para disputar
a final da taça de Portugal.
Mas insistem no Jamor.
Porque é bonito, porque é tradicional, porque é um monumento, porque
tem matas em redor excelentes para fazer uns piqueniques.
Isso é tudo verdade. Mas nada tem a ver com o futebol de hoje.
Em que segurança, conforto, condições de trabalho são essenciais.
Já tive oportunidade de assistir naqueles estádio, ao longo dos anos,
a cinco finais da Taça de Portugal.
Em 1988, 2011, 2013 e 2017 acompanhando o “meu” Vitória e em 2000
assistindo,casualmente, à finalíssima entre Porto e Sporting disputada numa
noite de quinta feira em que choveu durante boa parte do jogo.
Tal como a final do ano passado, entre Vitória e Benfica, em que a
chuva torrencial foi companhia indesejável durante todo o jogo causando o maior
dos desconfortos à esmagadora maioria dos espectadores e difíceis condições de
trabalho para muitos jornalistas que viram os seus espaços ocupados por adeptos
que fugiam da chuva.
O que confirma a minha profunda convicção de que aquele estádio não
tem condições para receber jogos desta envergadura e com este nível de
responsabilidade em questões de segurança.
Mas este ano, uma vez mais, o Jamor será palco da final.
E assim será enquanto a tradição se sobrepuser ao pragmatismo ou até
ao dia em que a realidade prove, eventualmente da pior forma, que há muito se
devia ter pensado em alternativas para o local da final.
Pessoalmente, e a terminar, prefiro o modelo espanhol em que o recinto
da final da taça do Rei é escolhido por comum acordo entre os dois finalistas e
considerando,obviamente, os interesses dos respectivos adeptos em termos de
distâncias a percorrer.
Em Portugal, com pelo menos dez estádios modernos de norte a sul, não
há razão para que assim não seja.
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