O meu artigo desta semana no zerozero.
Do futebol português, em boa verdade, cada vez apetece menos falar!
Por um lado porque vivemos com a sensação de que ele cada vez se joga
menos nos relvados e mais noutros “espaços”, chamemos-lhes assim, que não são
visíveis a olho nu mas que o instinto e a razão nos diz existirem e terem uma
preponderância que aniquila tudo aquilo que deve ser a verdade desportiva das
competições.
E nesse âmbito do que não se joga nos relvados inserem-se a luta pelo
poder dentro do Sporting, depois do enésimo disparate do seu presidente, e a
forma calculada e calculista como o Benfica está a ser levado ao colo rumo a
mais um título que dificilmente venceria sem essas ajudas do “sobrenatural”.
Falemos pois do bom futebol.
Do futebol que se joga nas Liga dos Campeões e que nos tem proporcionado semana após semana
grandes jogos, grandes exibições, polémica q.b., emoção a rodos e que até Maio continuará
a preencher os espaços que valem a pena do tempo que todos nós temos para
dedicar a futebol enquanto entretenimento nas horas vagas.
E falar do grande futebol, é desde logo, falar desse espantoso
futebolista chamado Cristiano Ronaldo.
Que depois de um início de época melancólico, dando até aos mais
pessimistas a ideia de que poderia estar na rampa inclinada de um declínio que
a todos toca com o avançar dos anos, surge na segunda metade da temporada, qual
Fénix renascida das próprias cinzas, num grande momento de forma marcando golos
atrás de golos (e alguns deles absolutamente espectaculares) e levando ao “colo”
(mas esse colo ao contrário do outro é natural no mundo do futebol) um Real
Madrid que sem ele não estaria seguramente à porta de vencer mais uma Liga dos
Campeões.
E está depois de uma eliminatória espectacular com a Juventus em que
vencendo fora por 3-0 parecia ter a eliminatória ganha e o segundo jogo no
Santiago Bernabéu seria apenas para cumprir calendário.
Puro erro.
Porque a Juventus é também uma grande equipa, tem jogadores notáveis e
ferida no seu orgulho torna-se um adversário temível como os espanhóis
descobriram á própria custa estando à beira de serem eliminados. O que, em bom
rigor, seria injusto porque em Turim o Real ficou a dever a si próprio mais dois
ou três golos “cantados” que por razões várias não entraram.
Seguem para a meia final, onde encontrarão um Bayern que teve o
apuramento mais tranquilo dos quartos de final, mas deixando a sensação não só
de serem “Ronaldodependentes” (o que já não é de agora) como também de serem
muito mal treinadinhos por um Zidane que como treinador não tem o gabarito que
teve como jogador.
Vale-lhes Ronaldo e vale-lhes o livro de cheques de Florentino Pérez!
Nos outros dois apurados está aquilo que o futebol tem de melhor e que
é a incerteza dos resultados mesmo quando se enfrentam equipas de grandeza
diferente.
Aquando do sorteio dos quartos de final, e olhando para o que vem
fazendo nos respectivos campeonatos, a esmagadora maioria dos observadores
considerava que que Barcelona e Manchester City eram os grande favoritos à
passagem às meias finais o que pareceu confirmar-se num dos casos (o do Barcelona)
com o supostamente tranquilo 4-1 com que viajou para Roma enquanto o Manchester
City regressava a casa vergado ao peso de um 0-3 que suscitava as maiores duvidas
quanto ao seu apuramento.
Mesmo assim se alguém acreditava numa recuperação épica concentrava
essa expectativa em Manchester e não em Roma.
Outro engano.
Porque em Roma os italianos com uma noite perfeita eliminaram os
espanhóis (adiando uma vez mais as expectativas de muitos,incluindo a UEFA, da
sonhada final entre Barcelona e Real Madrid) e em Manchester o Liverpool voltou
a vencer carimbando brilhantemente o passaporte para as meias finais.
Quis o sorteio que Roma e Liverpool se defrontem numa meia final
enquanto na outra estarão Bayern e Real Madrid o que garante (como garantiria
se fosse outro o acasalamento) quatro grandes jogos nos quais não há favoritos
e muito menos “finais antecipadas” como por cá tanto gosta de se dizer cada vez
que parece, a alguns comentadores, que as duas equipas de uma meia final são
melhores que a da outra.
E portanto quem gosta de bom futebol tem garantidas quatro excelentes
oportunidades de o ver e se regalar com grandes jogadas, grandes equipas,
grandes golos e normalmente grandes arbitragens em que os erros acontecem mas
são...erros.
O que será sempre uma bela forma de esquecer, ainda que por momentos,
a miséria em que o futebol português se está a tornar por culpa exclusiva dos
seus dirigentes que cada vez mais se demonstram incapazes de estarem á altura
dos clubes que dirigem.
Sem comentários:
Enviar um comentário