sexta-feira, abril 30, 2021

Parque do Retiro, Madrid

 

Ponte Helix, Singapura

Medusa

Copos

Podemos olhar este Vitória-Moreirense que terminou com o justo triunfo vitoriano sobre os prisma dos copos, ou seja, do copo meio cheio e do copo meio vazio que de alguma forma traduzem a realidade em torno deste derbi concelhio.
O copo meio cheio fala-nos de uma exibição segura do Vitória, em especial na primeira parte em que fez um bom jogo, coroada com dois excelentes golos de dois produtos da nossa formação (o de André Almeida é dos grandes golos deste campeonato) e a conquista de três pontos muito importantes para segurar o sexto lugar.
Fala-nos ainda de algumas boas exibições individuais (B. Varela, os três Andrés, Estupinan) e de uma equipa que tendo feito uma discreta segunda parte soube ainda assim segurar o resultado sem grande problemas.
O copo meio vazio diz-nos que alinhamos com um "onze" inicial incompreensível que deixou Quaresma, Edwards e Lameiras no banco para alinhar André Almeida como falso extremo (posição de que não gosta e por isso procurou terrenos interiores), de uma equipa que a jogar em casa com o Moreirense voltou a alinhar cinco defesas e três médios deixando Estupinan (não marcou mas rematou seis vezes e algumas com perigo) demasiado só na frente, de substituições que nada acrescentaram e as primeiras foram,até, algo precipitadas e d euma equipa que voltou a não jogar ao nível que o valor do plantel permite.
Diz-nos ainda que Edwards não jogou depois de no Dragão e na Choupana ter sido o melhor avançado do Vitória.
Os três pontos e alguns aspectos da exibição permitem concluir que hoje o copo meio cheio venceu o copo meio vazio mas por uma diferença que não permite qualquer tipo de tranquilidade e menos ainda qualquer excesso de confiança porque os dois jogos fora são duas finais para os anfitriões (Farense e Marítimo) e os jogos caseiros trazem as visitas do Famalicão de Ivo Vieira (suponho que não é preciso dizer mais nada...) e do Benfica que ainda pode estar a disputar o segundo lugar.
Nota final para referir que os golos (e exibições) de André Almeida e André Amaro foram uma prova mais de que os "puro sangue lusitanos" são uma opção bem mais segura do que os "potros" de importação indiscriminada.
Depois Falamos. 

Redes

O mundo das redes sociais é estranho.
Desde logo porque tanto pode ser verdadeiro como falso, tanto pode real como fictício, tantos os perfis podem corresponder a pessoas como não corresponderem a nada, tanto se cultiva nelas a Verdade como se divulga a mentira.
É um mundo complexo.
Onde o gato e a lebre andam de mão dada, onde a ilusão comanda a vida, onde se toma facilmente por factual aquilo que pode não passar de um imaginário bem construído.
É um mundo de ilusão.
Onde se misturam familiares e amigos da vida real com "amigos" que não sabemos quem são, se as fotos de perfil lhes correspondem, se são pessoas de facto ou os abomináveis perfis falsos que enxameiam as redes e o Facebook em particular.
É um mundo admirável.
Onde trocamos mensagens, comentários, opiniões, brincadeiras, fotografias, imagens, cartoons com peesoas que conhecemos de há muito, com familiares a quem as redes nos permitem uma "proximidade" que as distâncias fisícas impedem, mas também com algumas pessoas que não conhecemos pessoalmente de lado nenhum mas a quem nos fomos habituando progressivamente e com as quais fomos ganhando mútua confiança.
E com que vamos tendo conversas interessantes, sobre os temas mais diversos que vão da política ao futebol, do cinema aos livros, passando pelas famílias e trabalhos, como se fossemos velhos amigos quando em boa verdade apenas nos conhecemos das redes.
É um mundo fascinante.
Mas que facilmente se torna perigoso se não for tratado com os cuidados necessários.
Porque os perigos à espreita são muitos e os malfeitores de vários géneros há muito que fizeram dele campo privilegiado para as suas tropelias.
Seja como for, com vantagens e inconcvenientes, as redes sociais vieram para ficar e todos, d euma forma ou de outra, acabamos por fazer aprte desse mundo.
Depois Falamos.

quinta-feira, abril 29, 2021

Viana do Castelo

Iguana

 

Jardins


 

Autárquicas (9) Guimarães

 
Neste conjunto de textos que tenho vindo a escrever sobre as próximas eleições autárquicas chegou agora a vez de Guimarães.
Que é a minha Terra e por isso a que conheço melhor.
Onde fiz seis mandatos na Assembleia Municipal e participei em todas as campanhas autárquicas desde 1976, embora com graus de envolvimento necessariamente diferentes, o que me permite uma visão privilegiada sobre a próxima disputa eleitoral.
Guimarães é um caso "sui generis".
Em 1976 venceu o PS, em 1979 a AD, em 1982 o PS , em 1985 o PSD e a partir daí sempre o PS que já vai na sua nona vitória consecutiva, sempre por maioria absoluta, afirmando uma hegemonia que tem sido indiscutível.
Ou seja depois de grande equilíbrio nas quatro primeiras autárquicas entre PS e PSD/AD o ano de 1989 marcou o fim dessa repartição de poder e consagrou um PS absoluto.
Não cabe aqui, já o fiz noutros textos ao longo dos anos neste blogue, comentar as razões para isso pelo que vou apenas deixar a minha opinião sobre o que poderão ser as próximas autárquicas no concelho de Guimarães.
E dentro da lógica elas apontarão para a décima vitória consecutiva dos socialistas.
Que significará o terceiro e último mandato de Domingos Bragança que só não dormirá sossegado quanto às eleições porque há um persistente "ruído" de afiar de facas dentro do PS que o deve incomodar, de alguma forma, pensando na governança pós eleições.
Porque sendo a sua liderança incontestável é mais que óbvia a existência de uma enorme luta pelo poder (e pela sucessão) entre os jovens turcos socialistas espalhados pela vereação, pelas empresas municipais e pelo Parlamento que querem assegurar nas listas de 2021 as posições que os coloquem em lugar vantajoso para disputarem a futura liderança.
Certo é que depois estarão todos unidos na disputa das eleições, a partir do momento em que as listas estejam escolhidas, guardando a retoma do afiar de facas para depois das mesmas.
No PSD também já está escolhido o candidato.
Será Bruno Fernandes, o líder concelhio do partido, homem com grande experiência autárquica depois de ter presidido durante doze anos à junta de freguesia da vila de S.Torcato onde desenvolveu trabalho de mérito.
Foi também peça essencial na preparação e condução das duas últimas eleições autárquicas da coligação "Juntos por Guimarães" (que se mantém nestas eleições) pelo que conhece muito bem o concelho e é nele razoavelmente conhecido também.
Não ganhará mas pode aspirar a manter os resultados de 2017 o que poderá ser muito importante com vista a 2025 onde com a saída de Domingos Bragança, e as quase inevitáveis fracturas internas no PS, poderá a oposição (PSD + CDS) ter a sua primeira grande hipótese em muitos anos de ganhar a Câmara.
Da CDU vem a maior surpresa destas eleições em Guimarães, e um foco adicional de interesse para as mesmas, face à candidatura de Mariana Silva a primeira mulher a candidatar-se como cabeça de lista à Câmara Municipal de Guimarães na história do Portugal democrático.
E do "outro" também.
Estrela em ascensão na política local desde 2009, e na política nacional desde 2019, Mariana Silva está como deputada municipal desde há três mandatos e é deputada na Assembleia da República, pela primeira vez, na actual legislatura e em ambos os Parlamentos tem-se afirmado por um discurso focado em temas ligados ao ambiente, à mobilidade, à habitação, aos direitos das mulheres ,entre outros, sempre com um tipo de intervenção que foge aos canônes mais rigidos do PCP (é militante do PEV) e se caracteriza por uma não ortodoxia e uma abertura a outros sectores de esquerda.
Creio que será uma candidatura bem sucedida, até porque a novidade de ser uma candidata e o seu discurso poderão atrair eleitores de esquerda fartos do PS mas que não se reveêm na tal ortodoxia típica do PCP, e tudo indica que a CDU recuperará o vereador perdido em 2017 e poderá reforçar posições na assembleia municipal.
Quanto aos restantes partidos não se aguarda nada que não seja a habitual irrelevância autárquica do Bloco de Esquerda e a candidatura de pequenos partidos para fazerem prova de vida mas sem qualquer hipótese de elegerem seja quem for.
Resta o Chega.
Que ao que tudo indica também se candidatará aos orgãos autárquicos, no seu caso pela primeira vez, mas que dificilmente poderá aspirar a mais (e mesmo isso...) do que "imitar" o BE e eleger um deputado municipal.
Creio que em Guimarães, como em quase todo o país, o Chega vai perceber aquilo que o BE já sabe há muito tempo; legislativas são legislativas e autárquicas são autárquicas sendo que é muito mais fácil crescer nas primeiras,como o BE vem fazendo desde 1999, do que nas segundas onde o BE ao fim de vinte anos nao passa da irrelevância sem deter uma única presidência de câmara.
Guimarães serão eleições que acompanharei com todo o interesse mas pela primeira vez desde 1976 sem a mínima participação nas mesmas.
Depois Falamos.

Um jogo entre Vitória e Moreirense é sempre um jogo especial ou não fossem dois clubes do mesmo concelho, duas entidades com boas relações, massas associativas que se respeitam e onde há aqueles que são associados de ambos os clubes, jogadores que actuaram num e noutro de que Flávio Meireles será o maior exemplo e até a curiosidade de haver dirigentes que já o foram de ambos os emblemas. Enfim uma relação exemplar entre dois clubes vizinhos.
Mas é claro que aundo o jogo começa ambas as equipas querem ganhar e fazem por isso.
Na primeira volta um empate a dois fechou um jogo bem disputado entre um Moreirense que estava a crescer e um Vitória a atravessar um bom momento e a afirmar-se como das melhores equipas do campeonato nos jogos fora.
Amanhã o panorama será outro.
O Moreirense está a fazer um excelente campeonato, vem de um empate com o campeão nacional, chega ao D,Afonso Henriques a dois pontos do adversário e pronto a arrebatar-lhe o sexto lugar.
O Vitória continua aarrastar-se pelo seu penoso calvário de uma segunda volta inenarrável , na qual em doze jogos fez apenas sete pontos,  e só não está em grandes apuros porque de facto fez uma primeira metade do campeonato muito boa.
Com o quinto lugar inacessível depois da derrota com o Nacional resta à equipa vitoriana assegurar o sexto posto, último que dá acesso à melancólica Liga das Conferências, sabendo que tem o adversário a dois pontos tal como o Santa Clara e o Tondela a três o que não permite mais nenhum deslize.
Sendo que isto é muito mais fácil de dizer do que de fazer.
Sem entrar em mais considerações sobre sistemas tácticos, substituições, estratégias de jogo, convocados e não convocados  e outras coisas que tais resta-me esperar, e desejar, que a equipa vitoriana saiba estar à altura do seu próprio valor e consiga um resultado em conformidade.
A Fé é sempre a última a morrer.
Depois Falamos.

terça-feira, abril 27, 2021

Palawan, Filipinas

Marsaxlokk, Malta

Jardins

Pedro Mendes

No desagradável, para o Vitória, jogo de ontem na Choupana só vi um factor positivo e que reforçou convicções que tenho desde há muito.
E esse factor foi a forma como Pedro Mendes, o ponta de lança do Nacional, não festejou o golo da sua equipa por respeito para com o Vitória e para com Guimarães pese embora a importância de que ele se revestiu para a sua actual equipa.
Nas imagens televisivas é bem patente o conflito que viveu nesses momentos entre a alegria profissional de ter marcado um golo importante para a sua entidade patronal e a tristeza derivada do facto de o ter feito a um clube da sua Terra e do qual é adepto.
Pedro Mendes nasceu em Guimarães, fez parte da sua formação no Vitória e depois (como tantos outros) não sendo devidamente aproveitado saiu, continuando em Guimarães, rumo ao Moreirense onde concluiu a formação e se transferiu para o Sporting a cujos quadros pertence.
Nos "leões" actuou pelos sub-19, sub 23 e chegou a jogar e a marcar pela equipa principal na temporada passada tendo esta época sido emprestado, primeiro ao Almeria e agora ao Nacional, para rodar e ganhar a experiência para posterior regresso a Alvalade.
Em suma é mais um vimaranense e vitoriano que o Vitória não soube aproveitar.
Mas é também um vimaranense e um vitoriano fiel às suas origens e com enorme respeito por elas como ainda ontem o demonstrou.
E a atitude do Pedro Mendes reforça a minha convicção de há muito que o futuro do Vitória não podendo assentar exclusivamente em jogadores vimaranenses ,ou que no Vitória tenham feito a sua formação (é pena mas a região em que nos inserimos não tem dimensão para nos permitir sermos um Atlético de Bilbau), deve passar prioritariamente por aí.
Pelos nossos.
Por aqueles que quando perdem lhes dói a dobrar porque perdem enquanto profissionais mas também enquanto adeptos e sabem desde meninos o quanto custa perder com a nossa camisola e o quanto sabe bem ganhar com ela.
Por profissionais mas também vitorianos incapazes de se rirem depois de uma derrota, incapazes de alegres confraternizações com quem nos derrotou, incapazes de abraçarem quem nos denegriu e ofendeu.
Por gente que sinta o Vitória.
O Pedro Mendes é um exemplo disso.
Como o são também o João Pedro, o Paulo Oliveira, o Tomané, o Cafu, o Miguel Silva e outros que estando actualmente a jogar noutros emblemas nunca esconderam o seu vitorianismo e o seu amor ao Vitória.
Como no passado o fizeram nomes grandes do nosso clube como Daniel Barreto, Abreu ou o "outro" Pedro Mendes.
É com gente dessa, e quem sabe se ainda com alguns destes que citei, que se constrói o tal Vitória maior, mais forte, melhor com que todos sonhamos há demasiado tempo.
Com gente nossa.
Depois Falamos.

P.S. Espero que um dia o Pedro Mendes ainda volte a vestir a nossa camisola que é também a dele. E penso no jeito que nos daria tê-lo esta época no nosso plantel. Sem entrar em comparações que não vale a pena.

Sérgio

Não se leia este texto como mais um no coro condenatório de Sérgio Conceição ou mais outro a branquear algumas das suas reprováveis atitudes. 
É apenas uma reflexão sobre um dos principais protagonistas da nossa Liga.
Não o conheço pessoalmente. 
Acompanhei a sua excelente carreira como futebolista, um dos melhores da sua geração, e acompanho agora o seu percurso como treinador já com algum palmarés e actualmente ao serviço de um dos maiores clubes portugueses.
E confesso que tenho alguma dificuldade em o perceber. 
Em perceber um homem que fora dos relvados mostra ser inteligente, ter um discurso bem elaborado, valores humanos importantes, pensamento estruturado e um muito razoável sentido de humor (vi com muito interesse a excelente entrevista que recentemente concedeu a Fátima Campos Ferreira) mas quando está no banco do FCP transfigura-se totalmente e torna-se naquele homem irascível, descontrolado, excessivo, malcriado até ,que não mede atitudes nem consequências e que por isso já foi expulso dezanove vezes na sua carreira de treinador quatro das quais só na presente época.
É um caso de dupla personalidade, uma aplicação ao futebol do "Estranho caso de Dr Jekyll e Mr. Hyde", uma personalidade em permanente conflito interior.
Creio que é tempo de Sérgio Conceição reflectir (se necessário com uma verdadeira ajuda do conselho de disciplina) sobre a forma como se posiciona no futebol antes que acabe por se destruir a si próprio no corolário de tão constantes conflitos de personalidades divergentes. 
O que seria uma pena para ele, logicamente, mas também para o futebol onde o seu talento tem um papel a desempenhar.

P.S Ontem em Moreira de Cónegos foi expulso no final do jogo face aos protestos junto do árbitro Hugo Miguel. Há que dizer que tendo razão para protestar, porque árbitro e VAR não assinalaram duas grandes penalidades a favor do FCP nos minutos finais, não pode nunca fazê-lo daquela forma. E espera-se que desta vez o conselho de disciplina haja em conformidade. Até para bem dele.

segunda-feira, abril 26, 2021

Lua

Figueira de Castelo Rodrigo

Elefante

Calado

Quando me sentei para ver o Nacional - Vitória tinha duas certezas, uma receio e uma decisão assumida.
Uma certeza era que o Nacional tinha perdido os dez últimos jogos.
A outra que o Vitória nos últimos dez jogos tinha perdido sete, empatado um e vencido dois o que tornava as duas equipas em confronto aquelas com pior performance no campeonato nesse ciclo de dez jogos.
O receio, infelizmente confirmado, era que o Vitória fiel a uma velha tradição de dar a mão a quem precisa conseguisse perder com uma equipa que não ganhava (nem empatava) com ninguém!!!
A decisão assumida era que acontecesse o que acontecesse, visse o que visse, me revoltasse com o que me revoltasse não me ia chatear com o resultado do jogo caso fosse desfavorável.
E assim será.
Pelo menos em termos de exprimir o que me vai na alma vitoriana.
Tudo tem limites.
Boa noite.
Depois Falamos.

Oportunidade

Não se pode dizer que seja um clássico do nosso futebol mas os jogos entre Vitória e Nacional encerram já alguma tradição e tem sido, por norma, partidas bem disputadas muito em especial quando os madeirenses se encontram em posições melhores que a actual. 
Hoje será o décimo oitavo encontro, na Madeira, entre ambos os clubes e nos dezassete anteriores o  Vitória venceu sete e o Nacional seis registando-se também quatro empates.
Muito equilíbrio, portanto, nos jogos em que o Nacional actua como visitado.
Mas passado é passado e hoje será outro jogo.
Em que um aflitíssimo Nacional joga uma autêntica final sabendo que se a perder a descida de divisao fica a um curto passo enquanto o melancólico Vitória da segunda volta vai em busca de três pontos que o poderão relançar na luta pelo quinto lugar e simultâneamente, se tido correr dentro do nornal, o ajudarem a cacvar um fosso maior em relação aos perseguidores Santa Clara e Moreirense.
De facto uma jornada em que o Paços empatou em Vila do Conde, o Santa Clara visita o Benfica e o Moreirense recebe o Porto tem tudo para permitir ao Vitória ganhar em quatro campos se cumprir a sua obrigação de vencer o Nacional naquela que será uma oportunidade única de ganhar pontos a todos que estão em volta.
Fosse o jogo na primeira volta e não teria dúvidas em apontar o Vitória como claro favorito mas neste momento, e com a velha tendência de sermos o "pai dos pobres e necessitados", já não tenho tanta certeza embora ache que reunimos algum favoritismo pese embora o desespero dos insulares e o facto de serem treinados por uma "velha" raposa do nosso futebol que ainda por cima conhece perfeitamente o adversário.
A ver vamos convictos que a melhor forma de amealhar os três pontos é ir em busca deles desde o primeiro minuto e não ficarmos a ver em que param as modas como de outrras vezes fizemos com más memórias dessa postura.
Na certeza que desperdiçar pontos nesta jornada pode ter consequências desagradáveis.
Depois Falamos.

domingo, abril 25, 2021

Europa

Coruja

Castle Combe, Reino Unido

Nem Assim

Foto: zerozero.pt
Este Braga-Sporting era um jogo por onde passava, de forma inquestionável, um assunto chamado título de campeão nacional.
Mas não só.
Passava também a luta do Braga pelo terceiro lugar, a defesa do Benfica desse posto e o natural desejo dos bracarenses de tirarem uma desforra das duas partidas anteriores com os leões nas quais tinham sido derrotados.
Na primeira volta do campeonato e na final da taça da liga.
E portanto um jogo com essa importância a última coisa de que necessitava era de uma arbitragem polémica que pudesse pôr em causa o mérito do resultado, caisse ele para onde caisse ou até se fosse empate, devendo este ser limpinho, limpinho como diria alguém.
Talvez pensando nisso (oxalá que sim...) o conselho de arbitragem resolveu nomear para este jogo o árbitro Artur Soares Dias que pelos corredores do poder futebolístico há quem considere ser o melhor do país.
E o resultado foi limpinho, correspondendo ao mérito leonino e ao demérito braguista, mas Soares Dias nada teve a ver com isso.
Porque no palco em que protagonizou uma tão célebre quanto desgraçada arbitragem, num Braga-Vitória em que só lhe faltou meter a bola na baliza vitoriana, voltou a rubricar uma péssima arbitragem que levou o Braga ao colo com um conjunto de decisões que só por milagre não definiram o resultado do jogo.
Um vermelho poupado a Fransérgio por entrada violenta sobre Palhinha, um segundo amarelo e consequente vermelho injustificado a Gonçalo Inácio que obrigou o Sporting a jogar 70 minutos em inferioridade numérica e um penalti perdoado ao Braga por falta sobre Coates foram apenas os três maiores erros de uma arbitragem que inclinou o campo de forma descarada.
Quiseram o destino, e o empenho dos seus jogadores, que o Sporting tudo superasse e acabasse por vencer podendo portanto dizer-se que nem assim o apitador conseguiu influenciar o resultado final do jogo.
Mas foi mais uma noite má para a verdade desportiva do nosso futebol e para o prestigío da arbitragem.
Depois Falamos.

"Empresários"

Esta história verdadeira, que um amigo me fez chegar, retrata bem um dos perigos que o futebol hoje corre e que reside naqueles que por pura ganância não tem pejo em subverter o espírito do jogo para apenas defenderem os seus interesses particulares.
Refiro-me aos chamados "empresários" (no futebol também há empresários sem aspas mas são cada vez mais raros) que descobriram no futebol um filão para uma vida fácil e de pouco trabalho porque por eles trabalham os futebolistas.
Não divulgarei clube, jogador e "empresário" porque relevante é o exemplo e não quem o protagoniza.
E a história conta-se em poucas palavras.
Um "empresário" de um prometedor futebolista desagradado com as legítimas opções do treinador da equipa em que o seu representado evolui veio para o Facebook criticar essas opções dizendo que a valorização do seu jogador ( que segundo ele tem a cláusula de rescisão mais alta do clube) não se faz mandando outros executar grandes penalidades que devia ser o seu representado a marcar para se valorizar!!!
E concluindo que depois o clube não se deve admirar se não valorizando ( na sua óptica é claro...) o jogador ele acabar por sair a baixo preço para outro lado!
Lê-se e só não se pasma porque no futebol português já nada espanta.
Resta apenas dizer que os clubes tem de se proteger (e a judarem os seus jogadores a protegerem-se também) deste género de gente que hoje discorda nas redes sociais da opção do treinador sobre quem marca grandes penalidades e amanhã são meninos para, sempre na sua perspectiva de "valorização" (leia-se das comissões que vão ganhar) , aconselharem os seus representados a em lances de área optarem sempre por rematar à baliza tentando fazer golos "valorizadores" ao invés de passarem a bola, quando for o caso, a colegas melhor colocados para remates certeiros.
E com isso podem destruir não só o espírito de equipa, como o trabalho dos treinadores e os objectivos do clube.
Depois Falamos.

P.S. Resta dizer que no lance reclamado pelo "empresário" o jogador incumbido pelo treinador de marcar a grande penalidade fez golo.

sábado, abril 24, 2021

Tigre

Castelo de Spis, Eslováquia

Pucisca, Croácia

Remodelar

Enquanto aqui ao lado se fala da possibilidade de remodelar um estádio para o pôr ao serviço de um clube que já tem outro, manias que nem  paises ricos existem mas cá há sempre quem queira ser original, é tempo de dar uma olhada à realidade do D. Afonso Henriques.
Que desde a sua construção no início dos anos sessenta já sofreu duas importantes remodelações (entre outras menores) uma para o adequar às exigências do Mundial de sub 20 de 1991 e a outra para as do Euro 2004.
Cabendo aqui dizer que dos dez estádios do Euro foi aquele que menos dinheiro consumiu ao erário público porque entre os remodelados (os construidos de raiz foram obviamente muito mais caros) teve or orçamento e o custo mais baratos rondando os seis milhões de euros.
Pena não se ter gasto mais um pouco com a cobertura das bancadas que bem podiam abrigar os dois aneis e não apenas o segundo deixando o público à chuva no primeiro anel e nas filas mais baixas do segundo.
A verdade é que depois dessa grande intervenção para o Euro 2004 nada mais se fez naquele estádio em termos de melhorias significativas (apenas pequenas manutenções) o que significa que quase vinte anos depois o DAH começa a estar desactualizado face às exigências do futebol de topo.
É preciso, do meu ponto de vista, pensar seriamente em pelo menos cinco questões:
Numa séria modernização de balneários (incluindo o dos árbitros) e da cabine de imprensa.
Na substituição da actual iluminação por uma iluminação mais potente, mais moderna e de menores custos a exemplo do que já se vê noutros estádios.
Na forma como no topo norte, destinado a adeptos visitantes e público em geral, se vai construir a caixa de segurança que já será obrigatória daqui a duas épocas e não convém nada que seja um factor de potenciação acústica do apoio dos adeptos adversários.
Na potenciação dos espaços publicitários não abrangidos pelos contratos televisivos, como por exemplo instalando paineis led na bancada poente, aumentando assim a oferta publicitária do estádio com as consequentes contrapartidas financeiras para o clube e permitindo que a preços módicos empresas locais possam anunciar no "seu" estádio.
Contratualizar, a exemplo do que fez o Benfica com a NOS, a instalação de tecnologia 5G transformando o DAH num "estádio inteligente" com todas as vantagens que isso traz para clube, adeptos, serviços instalados no estádio e patrocinadores.
Naturalmente que essa remodelação terá como consequência que o DAH se torne cada vez mais apetecível para que nele se possam realizar outro tipo de eventos que não desafios de futebol permitindo ao Vitória a captação de mais receitas adicionais que tanto jeito darão.
Em suma transformar o DAH num estádio onde dantes se ia ao futebol mas que no futuro será um estádio em que também se vai ao futebol.
A terminar volto ao atrás mencionado reiterando que seria excelente (embora perceba que dispendioso) se nessa remodelação geral fosse encarada a possibilidade de a cobertura ser aumentada para que todos os adeptos possam usufruir da protecção contra chuva por ela garantida.
Ideias que ficam para memória futura.
Depois Falamos.

P.S. Quando falo de prolongar a cobertura não o faço por interesse pessoal que fique claro. 
O meu lugar anual na tribuna nascente é na fila X ou seja duas filas abaixo do topo.

sexta-feira, abril 23, 2021

Megalomanias

Leio na página de Facebook "Economia do Golo", do meu amigo Vasco André Rodrigues, que me merece toda a credibilidade que a principal promessa de António Salvador na sua recandidatura a presidente do Sporting de Braga é um investimento de 60 milhões de euros (totalmente da responsabilidade do clube) para reconversão do estádio 1 de Maio para este voltar a ser a "casa" do clube  nas competições da sua primeira equipa.
Confesso que fiquei perplexo. E por várias razões que a seguir enumero:
1) Ao que sei o estádio é propriedade do município de Braga pelo que investir 60 milhões em algo que não é pertença do clube me parece insólito salvo contrapartida não visível. Há essa contrapartida?
2) Sendo o estádio propriedade da Câmara acha esta nomal esta que o actual arrendatário faça um investimento tão significativo sem querer assegurar a posse do mesmo? Ou vamos ter mais uma doação sob forma de concessão ou outra qualquer? 
3) Permite o estado financeiro do Sporting de Braga semelhante investimento num imóvel que não lhe pertence quando já tem um, de borla, que preenche todos os requisitos necessários à alta competição?
4) Precisa Braga de ter dois estádio modernos, e um deles que já foi caríssimo e vai andar a ser pago durante gerações, para um único clube? Vai jogar alternadamente num e noutro?
5) Se Braga fosse como Guimarães que tem dois clubes( Vitória e Moreirense) na primeira liga e quatro (Vitória B, Pevidém, Berço e Brito) no campeonato de Portugal ainda se conseguiria perceber a necessidade de dois estádios modernos  mas a verdade é que não tem, nem nada que se pareça, o que aumenta a estranheza.
Mas a questão vai mais longe.
Recordo-me de em 2002 e 2003, por força do cargo público que então ocupava, ter acompanhado de muito perto tudo que se relacionava com os preparativos para o Euro 2004 no distrito de Braga e nesse contexto ter mais que uma conversa com o então presidente da câmara de Braga- Eng. Mesquita Machado- em que este me garantiu peremptoriamente (o que fez também face ao governo de então e ás entidades ligadas à organização da prova) que o estádio 1 de Maio não podia ser remodelado para as necessidades de uma prova daquela dimensão e por isso seria necessário construir um novo estádio na cidade de Braga.
O que veio a acontecer com a construção da "Pedreira" cujo preço final duvido que alguém saiba exactamente qual foi mas que seguramente mais que triplicou o orçamento inicial constituindo um ónus brutal para o município de Braga durante as próximas décadas.
É certo que passaram quase vinte anos e as técnicas de engenharia evoluiram mas duvido muito que aquilo que se quer fazer hoje não fosse possível fazer naquela altura o que me leva a concluir que não se fez porque não se quis dado que o objectivo era mesmo construir outro estádio.
Não farei nenhum tipo de especulação sobre isso, sobre a razão porque se quis fazer novo estádio embora tenha uma ideia bem consolidada sobre o assunto, mas constato que num país em permanente crise financeira e em que falta tanta coisa de essencial parece que em Braga nunca falta dinheiro para gastar em estádios!
Mais de cem milhões na "Pedreira" e agora mais sessenta milhões (se o orçamento for respeitado o que por aqueles lados nem sempre acontece) no 1 de Maio naquilo que é uma evidente megalomania de quem parece viver noutro país bem mais próspero do que o nosso.
E considerar megalomania é a versão mais "light" que consigo encontrar para caracterizar o projecto em causa.
Depois Falamos.

Rio Zambeze

Camelos

Castelo de Almourol

Natural

 Foto: zerozero.pt
Não há muito a dizer, nem apetece dizer muito, sobre este Porto-Vitória que terminou com triunfo escasso dos "dragões" face ao que foi a crua realidade do jogo.
Um Vitória que entrou novamente com um 5-2-3 com que não se sente bem mas conseguindo nos primeiros dez minutos criar dois lances de perigo através de Edwards mas sem chegar ao golo e que foram os seus únicos lances de ataque de toda a primeira parte.
Depois o Porto assenhoreou-se totalmente do controle do jogo mas a defensiva vitoriana conseguiu controlar as várias situações ofensivas (cabe aqui dizer que André Amaro se está a fazer um excelente central) e quando assim não era lá estava Bruno Varela em excelente plano a negar o golo ao Porto com defesas de categoria.
Ao intervalo o 0-0 era lisonjeiro para o Vitória mas premiava o acerto da equipa a defender.
Logo no início do segundo tempo esse acerto, via Mumin, evaporou-se e o central vitoriano ofereceu o golo a Marega perdendo a bola num lance em que teve tempo para tudo, desde atirar para fora a atrasar a bola para o seu guarda redes, mas foi tão lento que o maliano aproveitou.
Mesmo a perder o Vitória continuou a ser pouco ousado e as várias tentativas de ataque que fez esbarraram numa defesa portista segura e que não teve grande trabalho para se opôr aos jogadores vitorianos.
Esperava-se que do banco viessem alterações que dessem á equipa um cariz mais ofensivo e lhe permitissem, pelo menos, rematar à baliza de um tranquilo Marchesin algo que não tinha feito na primeira parte.
A verdade é que Bino demorou quinze minutos a mexer na equipa e quando o fez foi para tirar Edwards (como é que a perder se tira o jogador mais talentoso e aquele que num lance de inspiração pode fazer um golo?) e Rochinha (???) os dois extremos e metendo Rúbem Lameiras e André Almeida naquilo que foi trocar um extremo por outro e tirar um extremo e meter um médio povoando o meio campo e diminuindo às unidades ofensivas.
E se é verdade que ambos entraram bem é igualmente verdade que a equipa embora mais projectada para a frente,  muito por mérito do envolvimento ofensivo de Sacko e Mensah,continuou ineficaz com  Estupiñan emparedado entre Pepe e Mbemba sem um único cruzamento ou passe que lhe permitisse visar a baliza.
Aos 72 minutos(!!!) num livre de Pepelu o Vitória fez o seu único remate à baliza e a dez minutos do fim o treinador vitoriano fez mais duas substituições tirando André André e metendo Mikel (que entrou bem dando a ideia de que até podia ter sido titular) e tirando Estupiñan para meter Holm outra substituição inexplicável porque no que se pensava ser o assalto final à baliza portista prescindir do goleador da equipa para meter um jogador que não fez até hoje um único golo não pareceu muito sensato.
Depois ainda viria a trocar Pepelu por Janvier mas obviamente que sem qualquer efeito.
Em suma uma derrota justa, que até podia ter sido por números maiores, e uma exibição que teve aspectos positivos a defender mas que foi quase deprimente em termos de ataque muito por força de um esquema táctico a que a equipa não está habituada e a que dificilmente se habituará nos seis jogos que faltam.
Felizmente que Santa Clara e Moreirense se atrasaram mutuamente mas a luta pelo sexto lugar vai ser árdua e "exige" que na próxima jornada o Vitória vença em casa do Nacional (que está aflito e vem de quatro derrotas esperando-se que a nossa tendência para dar a mão a quem precisa não se confirme) para manter distâncias para os que vem atrás e não perder totalmente de vista o quinto lugar.
Tiago Martins é um árbitro fraquíssimo e uma vez mais fez prova disso.
Não teve influência no resultado, não cometeu nenhum erro grave, mas foi caseiro favorecendo o Porto numa série de lances e fechando os olhos a faltas de jogadores portistas que deveriam merecer punição técnica e num ou noutro caso também disciplinar.
Mas não foi por ele que perdemos.
Depois Falamos.

quinta-feira, abril 22, 2021

Donos

Na lista acima estão referenciados os donos do 25 de Abril!
Aqueles que decidem quem pode e quem não pode participar nas manifestações de rua, quem pode e não pode festehjar a data, quem tem ou não tem pergaminhos de democrata.
O regime derrubado pelo 25 de Abril era useiro e vezeiro em decisões deste género tiícas d euma ditadura.
Foi preciso esperar quarenta e sete anos (por pouco eram quarenta e oito...) para se voltarem a ver atitudes destas de quem se acha dono do data e da própria democracia e não hesita em discriminar de forma absolutamente sectária quem não alinha pelos padrões da seita.
Que foi no que estes folgazões abrilinos se transformaram.
Numa seita!
Trsite fim para uma data de que significou tanto para milhões de portugueses em 1974.
Depois Falamos.

P.S. Resisti a fazer humor fácil com alguns dos donos constantes da lista. Não era difícil mas eles não merecem sequer que se brinque com eles. Com gente totalitária não se brinca. Combate-se democraticamente.

Castelo de Xingyi, China

Japão e Coreias

 

Flamingos

Jogar

Um jogo entre o Vitória e  o Porto, seja no D. Afonso Henriques ou no Dragão, é sempre um clássico do nosso campeonato e um jogo que independentemente da posição de cada equipa na tabela classificativa desperta sempre enorme atenção entre os adeptos dos dois clubes e os aficionados do futebol em geral.
O de hoje não foge à regra e embora as duas equipas estejam separadas por significativa distância pontual face ao campeonato bem abaixo das expectativas que o Vitória "decidiu" protagonizar desde o final da primeira volta o encontro entre ambos no Dragão tem boas razões de interesse.
De um lado o FCP em bom momento de forma, como as exibições face ao Chelsea demonstraram claramente, e que tem a esperança cada vez mais forte de ainda poder vencer o campeonato face ao evidente claudicar do Sporting que nos últimos quatro jogos apenas venceu um e empatou os restantes trêse tem um calendário bem mais difícil, em teoria, do que os portistas.
Do outro um Vitória que depois de uma muito boa primeira volta mergulhou num eclipse inexplicável apenas tendo vencido dois jogos na segunda volta  e averbado inesperadas derrotas caseiras com Gil Vicente, Tondela e Rio Ave mais um empate com o Farense e derrotas extra muros com Paços de Ferreira e Portimonense que o impedem de lutar por outros objectivos.
Mas hoje é outro jogo.
E mesmo frente a um Porto que tem perante os olhos a "cenoura" do título o Vitória também tem os seus argumentos que lhe permitirão discutir o resultado pelo que o melhor é mesmo deixar-se jogar e depois logo se verá o que acontece.
Depois Falamos.

quarta-feira, abril 21, 2021

Memórias

Esta fotografia, de 26 de Abril de 1974, traz-me gratas recordações de acontecimentos já muito distantes no tempo mas que marcaram indelevelmente não só a minha geração como as que se lhe seguiram face à importância de que se revestiram.
Retrata a primeira manifestação em Liberdade sucedida em Guimarães, protagonizada inicialmente pelos alunos do Liceu a que se juntaram posteriormente alunos de outros estabelecimentos de ensino,  e que percorreu as ruas do centro da cidade apoiando o MFA e o derrube da ditadura.
Recodo-me bem do sucedido.
Nessa manhã, de 26 de Abril, vivia-se no liceu um ambiente de agitação face ao que se ia sabendo do sucedido em Lisboa e nem pensar em haver aulas porque os alunos e professores( uns por uma razão e outros por razão diametralmente oposta) estavam mais interessados em saber o que se passava do que em cumprir horários.
A meio da manhã os alunos mais velhos, e mais politizados digamos assim, juntaram o resto dos colegas no recreio dos rapazes (é, os recreios eram separados por género) e propuseram fazer uma manifestação pelas ruas para apoiar o golpe de estado e a conquista da liberdade.
E assim foi.
Centenas de alunos marcharam pelos corredores, ultrapassaram a ténue tentativa de oposição de alguns professores, e sairam para a rua dando vivas ao tudo e a mais alguma coisa.
Muralha abaixo, já com alguns alunos do colégio Egas Moniz incorporados, a primeira paragem foi no colégio de Nossa Senhora da Conceição (exclusivamente para alunas) onde as freiras responsáveis pelo estabelecimento aterrorizadas por aquela manifestaçao espontânea fecharam portas e janelas a sete chaves e impediram as alunas de sairem.
Depois a manifestação percorreu as principais ruas da cidade (Alameda, Toural, Santo António e Gil Vicente) até à Escola Industrial (actual Francisco de Holanda) onde foi reforçada com mais umas centenas de aderentes terminando a sua marcha, se bem me lembro, no Toural.
Foi a primeira manifestação de estudantes, e uma das primeiras a nível nacional,  de apoio ao 25 de Abril em todo o país  e mereceu justo destaque na imprensa da época.
Foi há muito tempo...
Depois Falamos.

terça-feira, abril 20, 2021

Lua

Tapir da Malásia

 

Castelo de Rocamadour, França

Ferrovia

Agora que o governo anuncia um conjunto de boas intenções, pomposamente chamado plano ferroviário nacional, que pela primeira vez em mais de quarenta anos parece (com socialistas nunca fiando...) traduzir uma vontade clara de aumentar a rede de via férrea n~~ao deixa de ser curioso olhar para este mapa.
Que é de 1895, ou seja com a vetusta idade de cento e vinte e seis anos, e mostra que nesse tempos já tão longinquos a rede ferroviária nacional (e refiro apenas o continente porque neste mapa constam as redes ferroviárias ultramarinas) era bem maior que na actualidade!
Para o que muito contribuiram os mais de mil e seiscentos quilómetros (!!!) de linhas encerradas por sucessivos e irresponsáveis(nessa matéria) governos desde 1983 sob o falso pretexto da falta de rentabilidade de algumas delas.
O que sendo verdade em alguns casos significava para o país um prejuízo incomparavelmente menor do que o provocado pela desertificação de algumas regiôes ocasionada pela perda das suas ligações de comboio com o litoral e os grandes centros urbanos.
Parece, com as cautelas atrás enunciadas, que finalmente há um governo que quer fechar esse ciclo desgraçado de encerramento de linhas e em contrapartida aumentar a rede ferroviária asseguando que o comboio chegará, pelo menos, a todas as capitais de distrito o que é sem dúvida extremamente positivo.
Esperemos para ver.
Com a esperança que isso venha a ser uma realidade.
Depois Falamos.

Sanções

Aumenta continuamente o coro de censuras e critícas aos doze ou quinze clubes que querem transformar o futebol num negócio privado deles deitando fora mais de um século de paixão popular alicerçada naquilo que é a gloriosa incerteza do jogo e na paixão pela superação do teoricamente mais fraco ao teoricamente mais forte.
Dirigentes da FIFA e UEFA, de federações e ligas, governantes e comissão europeia são unânimes nas duras critícas à iniciativa e a eles se vão paulatinamente juntando treinadores e ex treiandores tal como jogadores e ex jogadores.
Com a notável curiosidade de alguns treinadores e jogadores estarem nos quadros dos clubes pertencentes a essa já famigerada superliga.
Naturalmente que a FIFA e a UEFA já anunciaram sanções que passam pela proibição desses clubes disputarem provas nacionais e de os seus jogadores voltarem a jogar pelas respectivas selecções em campeonatos da Europa ou mundiais o que é perfeitamente compreensível e tará certamente um enorme efeito dissuasor junto dos jogadores porque quanto aos "comerciantes" esses quererão seguir em frente.
Mas há quem defenda que essas sanções vão mais longe e comecem já pela presente edição da Liga dos Campeões através da imediata expulsão da prova de Real Madrid, Manchester City e Chelsea restando do quadro das meias finais o PSG que não aderiu à superliga.
E isso significaria a repescagem de Porto (eliminado pelo Chelsea) e Borússia Dortmund (eliminado pelo Manchester City) e a realização de um jogo entre Atalanta (eliminado pelo Real Madrid nos oitavos  de final) e Leipzig (eliminado pelo Liverpool na mesma fase da prova) para apurar o outro participante nas meias finais.
Que teriam assim uma eliminatória entre PSG e Borússia Dortmund e a outra entre Porto e vencedor do Atalanta-Leipzig.
Acho que faria todo o sentido a UEFA ir por aí.
Depois Falamos.

A.G.

Esta maldita pandemia que nos transtornou a vida a todos, e vai continuar a transtornar sabe-se lá por quanto tempo, teve também um natural impacto na vida dos clubes quer na sua vertente desportiva quer na associativa impedindo-a de ter o seu curso normal.
O Vitória não foge à regra.
E por isso aquilo que era habitual como, por exemplo, a realização de asssembleias gerais para discutir a vida do clube e aprovar documentos obrigatórios como orçamentos e contas deixou de acontecer com a periodicidade estatutária e com todos os prejuízos daí decorrentes quanto aos associados poderem estar informados sobre o seu clube.
Num tempo em que por razões diversas aconteceram factos extraordinários, como a compra de acções a Mário Ferreira e a antecipação de receitas no valor de vinte milhões de euros, que provocaram acesa discussão ,polémicas várias e o interesse de todos os associados sobre esses assuntos não foi até agora possível a realização de uma A.G. para a direcção prestar todos os esclarecimentos sobre esses e outros assuntos.
A que inopinadamente se juntaram algumas acusações de um comentador da SIC-N ao Vitória e ao seu presidente o que não sendo por si só motivo para realizar uma A.G. (mal andávamos) carecem ainda assim de explicação não para satisfazer a curioisdade persecutória do comentador mas para que os associados saibam a verdade.
Por isso tudo, e eventualmente por outros assuntos que queira abordar, anunciou a direcção do clube que tinha pedido à Mesa da A.G. a realização de uma assembleia extraordinária para "Apresentação e discussão da situação actual e futura do Vitória Sport Clube" tendo a Mesa anunciado que a referida assembleia se efectuará depois de terminado o campeonato de futebol da primeira liga.
Acho que a direcção esteve muito bem e a Mesa francamente mal.
Esteve muito bem a direcção porque quem não deve não teme e face ao volume de assuntos com interesse para os associados (e que eles tem o direito de conhecerem em toda a sua profundidade) a realização de uma A.G. destinada ao seu esclarecimento faz todo o sentido e contribuirá, assim o espero, para reforçar a unidade interna do clube.
A Mesa é que esteve mal.
E nem quero recorrer ao preciosismo de recordar que o Vitória Sport Clube não tem a modalidade futebol pelo que indexar a realização da A.G. a uma modalidade que não se pratica no clube não faz qualquer quer sentido. Nem faria mesmo que a modalidade se praticasse.
Mas esteve mal porque dada a importância dos assuntos, a polémica que tem provocado entre os associados, a importância de eles serem explicados o mais depressa possível para se poder "matar" a polémica e seguir em frente faria todo o sentido que o A.G. se realizasse no prazo mais curto que os estatutos permitem (15 dias) porque era isso que servia o interesse do Vitória.
O que significaria, se tivesse sido essa a decisão, que face à data em que foi pedida a realização dessa AG ela poderia perfeitamente realizar-se na sexta feira 30 de Abril ou no sábado 1 de Maio.
Mas a decisão foi outra.
E por isso em vez de os assuntos serem explicados em tempo útil e se poder fechar este capítulo da vida do Vitória vamos ter mais um mês e tal de polémicas, de insinuações e maldicências, de meias verdades misturadas com meias mentiras, de mentiras por inteiro, de "notícias" plantadas na comunicação social, de redes sociais a fervilharem, de novos "casos" a apareceram quase que por acaso, enfim tudo aquilo a que se vem assistindo de há muito tempo a esta parte e que servindo os interesses particulares de alguns não servem seguramente os do Vitória.
Porque esses apenas são servidos, agora e sempre, pela Verdade.
Com a agravante de embora o clube não tendo futebol ser accionista maioritário de uma sociedade desportiva que o tem e por isso uma A.G. no final do campeonato que essa SAD disputa correr o risco, para o bem e para o mal, de se centrar muito na classificação obtida nesse campeonato e menos do que o devido nos assuntos que motivaram o pedido de realização da assembleia geral extraordinária.
Enfim, esperemos que tudo corra pelo melhor.
Depois Falamos.

segunda-feira, abril 19, 2021

Superliga

O meu artigo desta semana no zerozero.pt

Diz o povo, na sua quase infinita sabedoria, que onde há fumo há fogo (ainda que por vezes possa demorar) pelo que a notícia agora anunciada da criação de uma superliga europeia é apenas o “fogo” respeitante a um “fumo” que já andava no ar desde vários anos a esta parte e que se sabia que mais cedo ou mais tarde daria nisto.

E o “nisto” é o anúncio feito por doze clubes – Real Madrid, Barcelona, Atlético de Madrid, Juventus, Milan, Inter, Liverpool, Manchester United, Manchester City, Arsenal, Chelsea e Tottenham- da criação da tal superliga que passará a diputar-se já de imediato a partir da próxima época e na qual participarão mais três clubes “fundadores” e outros cinco escolhidos anualmente em função dos seus resultados.
O que significa que os  quinze (doze já anunciados e mais três que permanecem no segredo dos deuses) terão lugar cativo para todo o sempre na superliga e depois anualmente serão escolhidos outros cinco (com base nos tais critérios desportivos ainda não divulgados)  para completarem o lote de vinte equipas que dividadas em duas séries de dez disputarão a prova.
Ao que parece às quartas feiras e sem prejuízo da participação dessas equipas nas provas nacionais.
O objectivo será substituir a actual Liga dos Campeões e permitir aos clubes participantes embolsarem ainda mais dinheiro com direitos televisivos e tudo o mais que gira em torno de uma prova dessa dimensão jogada por alguns dos maiores clubes do mundo.
Acontece que essa prova nada tem a ver com os princípios e valores do futebol e é, isso sim, uma enorme perversão do mesmo pondo em causa tudo aquilo que o futebol foi e é ao longo da sua História mais que centenária e que o transformou no desporto mais amado e praticado a nível planetário.
Mas para os seus promotores isso pouco importa porque nso seus horizontes gananciosos apenas veêm dinheiro, dinheiro e mais dinheiro pouco se importando com o desporto em si, com os adeptos, com as tradições e legados de tantos anos que o futebol trás consigo.
Em bom rigor esta avidez sem limite, esta colocação do dinheiro à frente de qualquer outro valor, esta convicção de que o dinheiro tudo compra e tudo vence começou quando o presidente do Real Madrid , Florentino Perez ( um personagem sinistro a que o futebol apenas “deve” atentados contra a sua essência), contratou Figo ao Barcelona pagando uma clausula de rescisão milionária e dando início a um perfeito desvario nos valores  que se pagam por jogadores (e pagam a jogadores) rapidamente seguido por muitos outros clubes da Europa mais rica e que levou boa parte deles a enormes problemas financeiros e a passivos colossais.
Mas para os seus dirigentes, com o inevitável Florentino à cabeça, nada disso importa porque o que realmente interessa é dinheiro a jorros para sustentar a sua megalomania e fazer dos seus clubes autênticas equipas produtoras não de bom futebol mas sim  de lucros infinitos para todo o sempre.
Aliás não deixa de ser curioso que olhando para os doze clubes fundadores da superliga vêem-se lá muito poucos clubes dirigidos por gente eleita pelos associados (curiosamente o Real Madrid e o Barcelona são as excepções mais visíveis) , ou seja com um compromisso mínimo que seja com a paixão que sempre acompanhou o desenvolvimento e a afirmação do futebol, mas abundam os clubes pertencentes a multimilionários russos, norte americanos, árabes e chineses ou seja gente que nada tem a ver com o futebol, que se está nas tintas para a sua essência e as suas tradições e que apenas vê nesta superliga uma forma de aumentarem as suas já imensas fortunas pouco se importando com o que vão destruir à volta.
Como era de esperar as reacções, fora do círculo fechado da ganância sem limite, tem sido brutalmente adversas e já se sabe que FIFA, UEFA, Comissão Europeia e múltiplas federações e ligas nacionais (bem como figuras de referência dos clubes fundadores como Sir Alex Ferguson por exemplo) já se manifestaram duramente contra a criação desta superliga e prometem combatê-la por todos os meios.
Nomeadamente a UEFA que, e muito bem, já anunciou em comunicado que os clubes que participarem nessa superliga serão impedidos de participarem em qualquer competição nacional, europeia ou  mundial e os seus jogadores também não poderão representar as respectivas selecções nacionais.
Aliás em linha com o que a FIFA já anunciara em Janeiro do corrente ano afirmando que qualquer jogador e qualquer  que participassem numa competição de élite organizada por convite (lá está o tal “fumo” que já andava no ar) seriam impedidos de participar em competições oraganizadas pela própria FIFA.
É este o ponto da situação.
Doze clubes organizadores da superliga(mais os tais três ainda desconhecidos) a fazerem frente a FIFA,UEFA, Federações e Ligas nacionais, Comissão Europeia e governantes de vários países que já se manifestaram contra a iniciativa como são os casos do presidente de França e do primeiro ministro de Inglaterra entre outros que já vieram a público rejeitar a iniciativa.
Registam-se ainda as recusas de entrar na superliga do actual campeão europeu-Bayern de Munique- e de dois ex campeões europeus como o Borússia Dortmund e o Futebol Clube do Porto.
E por isso sendo arriscado fazer previsões sobre como tudo isto acabará, até pela promessa mútua de recurso aos tribunais pelos promotores da superliga e pelos organismos que tutelam o futebol europeu e mundial, não duvido que o futebol tem sobre si uma ameaça de cisão que não o pondo em causa como desporto de multidões ainda ssim terá nefastas consequências a pairarem sobre as suas competições nacionais e europeias.
É evidente que se a superliga avançar a FIFA , a UEFA e as federações nacionais devem ter a coragem de levarem até às ultimas consequências as sanções já divulgadas, porque é a única forma de salvaguardarem o futebol e qualquer cedência nessa matéria será causadora de danos que a prazo serao maiores que a própria superliga, mas é igualmente evidente que o peso desses clubes, mais o financiador da competição o banco americano J.P Morgan, é de tal ordem que não ficaria excessivamente admirado se tudo isto acabasse numa negociação que resultasse em muito mais dinheiro para esses clubes quando disputassem ( e a esmagadora maioria fá-lo...sempre) a Liga dos Campeões.
Assunto a seguir com muita atenção ou não fosse o futebol a coisa mais importante das coisas menos importantes! 

P.S. Em Portugal a LPFP já se pronunciou contra a superliga o que lhe fica muito bem como é óbvio. Mas para ter moral para falar contra provas destinadas a élites e tratamentos preferenciais a alguns clubes bem faria se olhasse para a forma como organiza as suas próprias competições.