domingo, dezembro 20, 2020

Os Choques do SEF

Até hoje não escrevi nada sobre o SEF (Serviço Estrangeiros e Fronteiras), pese embora ser o triste assunto dos últimos dias, porque quis perceber bem o que estava para lá do assassinato do cidadão ucraniano por funcionários de um serviço do Estado que se supõe ser de segurança!
Choca-me, como a qualquer pessoa, que um cidadão que não fez mal a ninguém seja morto da forma como o foi, com requintes de malvadez que remetem para uma criminalidade violenta que se supunha ser combatida e não praticada pelas forças de segurança.
Choca-me que pelos vistos as práticas que levaram a este assassinato sejam, ao que se vem sabendo, prática relativamente corrente naquele serviço praticadas sobre pessoas de várias nacionalidades que dele tem o azar de terem de se abeirar.
Choca-me que mesmo depois de tudo que se disse e escreveu sobre o assassinato do cidadão ucraniano se venha a saber que nos últimos dias continuaram a ser maltratadas pessoas que entraram em contacto com o SEF com um sentimento de impunidade por parte dos seus funcionários que é simplesmente assustador.
Choca-me que se não fora a reportagem do jornal "Público" todo este assunto continuasse abafado, e a ser tratado num sigilo que nos envergonha enquanto Estado de Direito, sem ninguém assumir responsabilidades e com governo e Presidente da República a ignorarem olimpicamente o assunto.
Choca-me e insensibilidade com que o Estado português se portou perante a família da vítima não tendo para com ela uma palavra, uma justificação, uma atitude que à posteriori e sem poder resolver o que já não tinha solução ao menos mostrasse dignidade, assumpção da responsabilidade e, já agora, que mostrasse que não somos um país de bandidos onde se mata por dá aquela palha ou mesmo sem palha nenhuma.
Choca-me que o médico que denunciou o caso ao Ministério Público tenha sido despedido do Instituto de Medicina Legal já depois de lhe ter sido chamada a atenção por causa da prontidão do seu relatório sobre o assunto.
Choca-me a forma como vários altos responsáveis do SEF se foram deixando estar, fazendo de conta que nada tinha acontecido e só se demitiram quando o assunto lhes rebentou nas mãos.
Choca-me que Eduardo Cabrita continue a ser ministro da administração interna.
Depois Falamos.

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