segunda-feira, dezembro 14, 2020

Coerência

Há momentos na vida das instituições e das pessoas em que a coerência se torna um valor absoluto e uma exigência ética completamente incompatíveis com atitudes de prepotência, de intolerância, da invasão daquilo que deve ser a esfera sagrada da liberdade individual.
Na qual cabe a liberdade ter opinião e a exprimir publicamente, respeitando os limites do bom senso e da educação, que é garantida pela Constituição da República.
E o futebol, com todo o seu acervo de paixão e alguma irracionalidade, não esta desobrigado de cumprir a Lei Fundamental o que equivale a dizer que o debate, a discussão, o contraditório não só fazem parte do seu ADN como também dão vida aos clubes e às suas massas adeptas.
Um clube em que não se discute a equipa, a táctica, o treinador, os jogos, as direcções, os presidentes, as contratações, as dispensas ou é um clube sem adeptos ou um clube cujos adeptos estão desinteressados da vida do clube.
Péssimo em ambos os casos.
O Vitória é, sempre foi e sempre será um clube com muitos adeptos e adeptos que vivem o seu clube com enorme paixão, que querem saber tudo que nele se passa e que adoram opinar sobre todas as vertentes de que um clube eclético se reveste.
Discute-se essenciamente o futebol, como é lógico, mas também o voleibol, o basquetebol, o pólo aquático, a natação, agora de novo o andebol, o ténis de mesa e todas as outras modalidades.
E essas discussões não são de agora com o advento das redes sociais mas já tem muitas décadas com as famosas tertúlias espontâneas que se reuniam à sombra das árvores do Toural (quando lá havia árvores...) quando estava bom tempo ou em tempos de invernia no "Milenário", no "Oriental", na "Casa das Gravatas", no "Ferreira da Cunha", na "Cervejaria Martins", no "Café Mourão", etc.
E essas tertúlias dantes e as redes sociais de agora não significavam divisões em torno do clube mas apenas sobre decisões, opções, tácticas, jogadores e por aí além porque quando o Vitória entrava e entra em campo só havia e só há um lado.
O lado do Vitória.
Quem conhecer o Vitória para lá da espuma da sabedoria "facebookiana" sabe que é assim.
Vem este já longo introito a propósito de factos recentes na História do nosso clube.
Dando sequência a uma promessa eleitoral, e satisfazendo a aspiração de uma esmagadora,assim o creio, maioria de adeptos do clube a direcção liderada por Miguel Pinto Lisboa fez um acordo com o accionista maioritário da SAD prevendo a compra das suas acções e tornamdo o clube absolutamente senhor do seu destino.
O que neste momento já se verifica com compra efectuada da primeira tranche de acções.
E mesmo existindo adeptos que, com toda a legitimidade, tem dúvidas sobre o negócio no que toca à capacidade de o clube ter disponibilidade financeira para cumprir o acordado a verdade é que a grande maioria dos adeptos diz com justificado orgulho que o Vitória é nosso e nunca mais deixará de ser.
É aqui que se faz o apelo à coerência.
Porque entre esses adeptos que gritam bem alto que o clube é nosso há alguns que se acham no direito de quererem impedir os outros todos de terem opiniões sobre o clube.
Ou seja o clube é nosso mas não podemos ter opinião sobre algo que é nosso!
É brutalmente incoerente, é ridículo, é contra toda a tradição vitoriana.
Não aceitarei nunca um Vitória em que existam tabus, em que existam assuntos que não possam ser discutidos, em que se queiram transformar dirigentes eleitos em verdadeiros intocáveis ao abrigo do escrutínio de quem os elegeu.
Já tivemos experiência disso num passado recente e sabemos como as coisas acabaram.
E por isso com educação, com bom senso, com racionalidade mas sem dispensar a paixão que é típica de qualquer vitoriano continuarei a opinar na minha página e no meu blogue sobre todos os assuntos da actualidade vitoriana sobre os quais entenda exprimir opinião.
Sobre o Presidente, sobre a direcção, sobre a SAD, sobre os orgãos sociais, sobre o Centenário, sobre a reforma dos estatutos, sobre treinadores, jogadores, exibições, tácticas, contratações e dispensas no futebol e nas modalidades.
Porque assumo com orgulho que o clube também é meu.
E sobre o que é meu tenho o direito e o dever de ter opinião e de a exprimir sempre que o entenda contribuindo para tornar melhor o que já é muito bom.
Viva o Vitória!

2 comentários:

Anónimo disse...

Muito bem Sr Luis Cirilo. Mais ainda depois da recente eliminação da Taça de Portugal; temos mesmo de falar e dizer que o desnorte na direção e na equipa principal de futebol não pode continuar!!!

Miguel Silva

luis cirilo disse...

Caro Miguel Silva:
Todos os adeptos tem o direito de dar a sua opinião. Elogiando ou criticando. E desde que o façam d eforma correcta ninguém tem de levar a mal. Não podem é admitir-se adeptos que se acham no direito de decididrem o que se pode ou não dizer. O Vitória felizmente é um clube com adeptos e adeptos com opiniões