O PS de António Costa é o PS de José Sócrates!
Bastará constatar que no governo de António Costa estão cerca de
trinta governantes, a começar pelo próprio António Costa é bom nunca o
esquecer, que já tinham integrado como ministros, secretários de estado ou
membros dos gabinetes o governo de José Sócrates.
Mais os que no governo ou fora dele continuam a integrar os orgãos
nacionais do PS como já integravam no tempo de Sócrates.
São as mesmas pessoas, a mesma forma de fazer política, o mesmo
conceito do que é a ligação entre política e negócios, a mesma falta de
respeito pela oposição, o mesmo primado da “xico espertice” na gestão da “res
publica”.
Trinta!
É , acima de tudo, o silêncio cúmplice com tudo que Sócrates fez no
governo e que levou o país à quase bancarrota e o silêncio cobarde mesclado de um
constante assobiar para o lado face aos espantosos sinais de riqueza do “chefe”
e aos inúmeros casos que manchavam a sua carreira política, profissional e
académica.
Foi mais de uma dúzia de anos em no PS quase ninguém viu nada, quase
ninguém desconfiou de nada, quase ninguém foi capaz de se por à parte daquela
pouca vergonha que se ia conhecendo mas que no PS era um verdadeiro tabu porque
a carne é fraca e o poder afrodisíaco.
E quando se fala no PS não estamos a falar apenas da direcção nacional
do partido, dos membros do governo ou dos deputados no parlamento nacional ou
no parlamento europeu entre outros responsáveis nacionais.
Não.
Estamos a falar das Federações distritais e das organizações
concelhias que num grau de responsabilidade evidentemente menor mas nem por
isso isentas de... responsabilidade também pactuaram com esse estado de coisas.
Foi o caso, por exemplo , do PS de Guimarães.
Que nunca , mas mesmo nunca, teve uma palavra de duvida, de
inquietação, de estranheza pela governação de Sócrates (pedir uma palavra de
critica ou de divergência seria evidentemente demasiado para uma secção tão
obediente ao chefes) mesmo quando na assembleia municipal a oposição criticava,
apresentava factos e argumentos que eram impossíveis de contrariar face às
evidências que constituíam.
Nunca duvidaram, nunca viram, nunca suspeitaram.
Bem pelo contrário reagiram (como curiosamente reagem agora) sempre
com um ar de virgens ofendidas, mostras de grande indignação e acusações de que
a oposição não só não tinha razão como não defendia os interesses de Portugal.
Porque no opinião do PS de Guimarães quem defendia os interesses de
Portugal era José Sócrates e o seu governo!
Deu no que deu.
E quando os portugueses se fartaram de Sócrates e do seu governo,
recearam a bancarrota e puseram termos ao desvario derrotando o PS em eleições,
nem nessa altura se ouviu do PS vimaranense uma palavra de arrependimento, de
contrição, de reconhecimento de que se tinham enganado.
E mesmo hoje, sabendo-se tudo que se sabe, continua essa palavra sem
ser dita!
Passaram entre os pingos de chuva como se não fosse nada com eles,
varreram Sócrates para debaixo do tapete e seguiram em frente como se o “ontem”
tivesse sido um século atrás e a memória das pessoas fosse como a dos peixe
palhaço que dura uns segundos ao que se diz.
E quando a Sócrates sucedeu António José Seguro, esse sim que nada
tinha a ver com a pouca vergonha e sempre tinha mantido uma distância enorme em
relação aos erros e tudo o mais do antecessor (demarcando-se especialmente da
mistura entre política e negócios), o apoio que lhe deram foi muito mais de
conveniência, de não perderem o comboio, do que de pura convicção como se veio
a comprovar no dia em que António Costa rasgou o acordo que com ele tinha
celebrado e lhe deu uma facada nas costas candidatando-se à liderança ao
contrário do que se tinha comprometido a não fazer.
Nesse dia entre as muitas mãozinhas que seguravam a “faca” que Costa
cravou em Seguro estava também a mãozinha do PS de Guimarães que na sua enorme
maioria já se bandeara para o outro lado deixando cair um líder a quem haviam
prometido apoio e alinhando nas hostes que, com razão (às vezes também acertam...)
, supunham favoritas a vencer.
O resto da história é conhecido.
Os “Seguristas “ de Guimarães que não quiseram alinhar no “virar de
casaca” , de que o maior exemplo é Miguel Laranjeiro rapidamente apeado do seu
lugar de deputado sem qualquer vantagem para o PS (mas isso é problema deles),
foram varridos para um canto enquanto outros fizeram um rápido “reset” na
esperança de que o passado fosse esquecido e pudessem ter o seu lugarzinho na
carruagem dos vencedores como nalguns casos veio a acontecer.
São factos.
E por isso quando se olha para o PS de Guimarães vê-se o PS de António
Costa e quando se vê o PS de António Costa vê-se o PS de José Sócrates.
São os mesmos!
Porque os que tinham realmente vergonha do que o PS andou a fazer no governo e no país, esses,
eram os do PS de António José Seguro que o PS de Costa e Sócrates mandou para
casa mal pôde e da forma que se sabe.
P.S. É factual que a campanha de António Costa para a liderança do PS
(contra António José Seguro) foi apoiada financeiramente, entre outros, por
Carlos Santos Silva o “banqueiro” privativo de José Sócrates.
“Farinha” do mesmo “saco” e em vários sentidos diga-se de passagem.
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