O Parlamento votou hoje, dentro das suas competências e legitimidade própria, o chumbo aos projectos lei de quatro partidos que previam a despenalização da eutanásia dizendo assim aos portugueses que não era o tempo de dar esse passo.
Ou, pelo menos, de dar esse passo com aqueles projectos.
Sou, como já tive oportunidade de escrever por várias vezes, favorável à eutanásia.
Considero ser uma questão, de a ela recorrer ou não, do foro intimo de cada um e que radica numa liberdade individual que é um valor supremo para qualquer cidadão e sobre a qual ninguém tem o direito de interferir.
Ninguém tem o direito de impor o sofrimento a terceiros!
Ou de impedir que através de uma morte medicamente assistida o doente terminal, sujeito a sofrimentos terríveis, possa por sua livre e declarada vontade pôr término a uma vida que é dele e não dos que sobre ela querem impor ditames.
Respeito a decisão do Parlamento e considero-a como uma oportunidade que os deputados deram aos partidos para fazerem as coisas bem feitas e permitirem que os portugueses tenham direito a um amplo e esclarecedor debate sobre a eutanásia que desejavelmente deve terminar com um referendo em que todos possam exprimir livremente a sua vontade.
Creio que o tempo de fazer esse debate é a partir de agora.
E deverá culminar com cada partido a expressar no programa eleitoral com que se apresentará às legislativas de 2019 , de forma clara e insofismável, qual a sua posição sobre a despenalização da eutanásia.
Para que na próxima legislatura quando, e isso é fatal como o destino, a questão se voltar a por as regras sejam claras e cada português saiba com o que pode contar em termos do partido a quem confiou o seu voto.
Sem prejuízo de em termos de referendo cada cidadão assumir o voto que muito bem entender.
Depois Falamos.
P.S. Espero que aqueles que hoje louvam, e com toda a justiça, a decisão soberana dos deputados não se esqueçam do que dizem e do valor da coerência.
Porque amanhã, fatal como o destino uma vez mais o digo, a decisão soberana será outra.
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