domingo, março 03, 2013

Dois Casos

Tenho para mim, enquanto observador distante, que o PSD dificilmente ganhará a câmara de Lisboa e dificilmente deixará de ganhar a do Porto face ás candidaturas em presença nos dois municípios mais emblemáticos do país.
Na capital um presidente que se recandidata, a quem o governo tem dado substanciais ajudas nos últimos tempos, dificilmente deixará de vencer mesmo tendo pela frente Fernando Seara e uma coligação PSD/CDS.
No Porto com a saída de Rui Rio e a candidatura de Luís Filipe Menezes autor de excelente trabalho do outro lado do...rio tudo indica que a vitória não fugirá ao PSD sozinho ou acompanhado.
Razão pela qual se esperaria, até pelas dificuldades que se prevêem para candidaturas da área do governo, o máximo de sensatez em todas as escolhas com especial enfoque em Sintra e Gaia (segundo e terceiro municípios em número de eleitores)governados há muito tempo por coligações PSD/CDS.
Infelizmente o que se tem assistido revela tudo menos sensatez.
Ao ponto de se poder dizer (e uma delas conheço eu muito bem) que o PSD não vai ganhar nenhuma das duas.
Em Sintra, depois de três mandatos de Seara sempre acompanhado por Marco Almeida como seu vice presidente, e quando se esperaria que a candidatura deste ultimo fosse pacífica a direcção nacional do partido (por razões que mais dia menos dia vai ter de explicar muito bem) resolveu "destacar" para lá Pedro Pinto e não apoiar o candidato natural.
Dado que Marco Almeida é um quadro politico muito bem preparado, estruturalmente sério e competente, com profunda ligação a Sintra e aos sintrenses este não apoio só tem uma explicação:
Foi apoiante de Manuela Ferreira Leite e é uma retaliação dos actuais dirigentes por isso.
Em suma uma vergonha a que que espero que os sintrenses dêem a resposta adequada.
Em Gaia é diferente.
Depois de em 2009 Luís Filipe Menezes(LFM) e a coligação "Gaia na Frente" terem obtido a maior vitória de sempre no município o presidente reeleito começou no dia seguinte (há quem diga que foi na própria noite das eleições mas não vou tão longe...)a pensar na sua candidatura ao Porto daí a quatro anos.
Dando por adquirido que o seu vice presidente, Marco António Costa, seria o candidato natural a Gaia em 2013 e que não haveria problemas de sucessão.
Ora tenho para mim, e nunca falei com Marco António sobre isso, que este terá decidido não ser candidato a Gaia em 2008 quando inopinadamente Menezes desistiu da liderança do partido conquistada meses antes e regressou á presidência do município virando do avesso todas as lógicas e perspectivas.
Ainda fez parte das listas em 2009 mas acredito(dedução minha repito) que já sem qualquer ambição de um dia presidir ao município. O que a sua ida para o governo apenas confirmou de forma inapelável.
Uma realidade que só não viu quem não quis ou quem andava muito distraído.
Coma certeza de que Marco António não seria candidato foi necessário arranjar um plano B que a fragilidade da candidatura socialista não punha em perigo.
Foi assim que Menezes depois de muitas hesitações, e sem tempo nem paciência para as questões de Gaia, fez um convite natural a José Guilherme Aguiar(JGA) para encabeçar uma candidatura ganhadora ao município.
Gaiense, autarca durante muitos anos em Gaia(como presidente de junta e vereador) e detentor de elevada notoriedade face a uma presença televisiva continua ao longo de 20 anos, JGA tinha todas as condições para liderar essa candidatura ganhadora.
Mas, com base em histórias da carochinha muito mal contadas com que não vale a pena maçar os leitores, a comissão politica concelhia de Gaia dividiu-se(sete votos a favor e sete contra...) no apoio a JGA e veio posteriormente a aprovar(13 votos a favor e uma abstenção) a proposta de  LFM (cada vez mais farto do processo) de a candidatura ser liderada por Carlos Abreu Amorim que a maioria dos votantes não fazia ideia quem era nem conhecia de lado nenhum!
Sui generis de facto.
Vale que nesse desconhecimento estão acompanhados pela esmagadora maioria dos eleitores do município de Vila Nova de Gaia!
O que abre a porta, do meu ponto de vista, a uma candidatura independente liderada por JGA com todas as condições para se transformar numa candidatura ganhadora face aos descontentamentos internos(do PSD) com a candidatura anunciada e aos desencantos externos(eleitores) com o governo e as suas politicas de que Abreu Amorim tem sido dos mais visíveis defensores.
Sintra e Gaia são dois casos paradigmáticos de como o PSD transformou possíveis vitórias relativamente fáceis em perspectivas sérias de derrotas anunciadas.
Só espero que a acontecerem a culpa não morra solteira.
Porque há responsáveis.
Que pensaram estas questões de pernas para o ar e com muito pouca sensatez e... inteligência
Depois Falamos.

P.S. Cá para mim se Marco Almeida ganhar em Sintra e José Guilherme Aguiar em Gaia também é o PSD que ganha. Mas "outro" PSD que não este que tanto nos tem desencantado a quase todos.

4 comentários:

zpf disse...

Melhor análise era impossível...
Abraço,
Zé Paulo

Anonimus disse...

Tambem eu fui enganado...! Deixei de acreditar nos partidos...

A REDUÇÃO das reformas e pensões são as piores, mais cruéis, e moralmente mais criminosas, das medidas de austeridade a que, sem culpa nem julgamento, fomos condenados pelo directório tecnocrático que governa o protectorado a que os nossos políticos reduziram Portugal.

Para os reformados e pensionistas, o ano de 2013 vai ser ainda pior do que este 2012. Os cortes vão manter-se ou crescer e, com o brutal aumento de impostos, a subida dos preços dos combustíveis, do gás e da electricidade, e o encarecimento de muitos bens essenciais, o rendimento disponível dos idosos será ainda menor.

Os aposentados são indefesos. Com a existência organizada em função dum determinado rendimento, para o qual se prepararam toda a vida, entregando ao Estado o estipulado para este fazer render e pagar-lhes agora o respectivo retorno, os reformados não têm defesa. São agora espoliados e, não tendo condições para procurar outras fontes de rendimento, apenas lhes resta, face à nova realidade que lhes criaram, não honrar os seus compromissos, passar frio, fome e acumular dívidas.

No resto da Europa, os velhos viram as suas reformas não serem atingidas e, em alguns casos, como sucedeu, por exemplo, em Espanha, serem até ligeiramente aumentadas. Portugal não é país para velhos. Os políticos devem pensar que os nossos velhos já estão mortos e que, no fim de contas, estamos todos mal enterrados...
Por tudo isto não voto mais...!
(JL)

Anónimo disse...

"Depois de em 2009 Luís Filipe Menezes(LFM) e a coligação "Gaia na Frente" terem obtido a maior vitória de sempre no município o presidente reeleito começou no dia seguinte (há quem diga que foi na própria noite das eleições mas não vou tão longe...)a pensar na sua candidatura ao Porto daí a quatro anos."
Fantástica a sua ironia.
Adorei.

Claudia Tavares

luis cirilo disse...

Caro Zé Paulo:
Obrigado pelo elogio. Mas estamos ambos de acordo que é uma realidade(especialmente Sintra porque em Gaia é mais complexo)que entra pelos olhos dentro. Basta querer ver.
Caro JL:
Concordo inteiramente com o seu ponto de vista. As faixas etárias mais indefesas,como os idosos e verdadeiros reformados(porque andam para aí reformas que...)deviam ser os mais protegidos. Infelizmente são tratados como os outros.
Cara Claudia:
Ás vezes a ironia é a escapatória que nos permite fugir a dizer coisas mais "duras".