Plantel

O meu artigo desta semana no zerozero.pt

Agora que todos os mercados europeus estão encerrados é altura de fazer uma avaliação do plantel do Vitória face aos objectivos a atingir e às quatro frentes em que se encontra envolvido e nas quais quererá fazer, como sempre, o melhor que lhe for possível.

É uma avaliação estritamente futebolística sobre o plantel, bem como as contratações e transferências, porque aquilo que tinha para dizer em termos dos negócios subjacentes às saídas de Jota Silva e Ricardo Mangas já o disse em textos anteriores.

Olhemos então o plantel.

Na baliza o Vitória está muito bem. Bruno Varela e Charles dão todas as garantias e depois há vários jovens que farão a sua tarimba na equipa B e dos quais João Oliveira, vindo do União de Leiria, será neste momento o mais próximo de poder jogar na primeira equipa.

Na defesa, que tão bem se está a portar neste início de época, estamos bem de centrais com Toni Borevkovic, Jorge Fernandes, Mikel Villanueva, Tomás Ribeiro e o reforço (para já nada visto) Óscar Rivas e sabendo-se que caso necessário também Manu Silva poderá jogar no sector.

Nas laterais a situação põe-se de outra forma.

Do lado direito Bruno Gaspar dá todas as garantias enquanto Alberto Baio e Miguel Maga são as alternativas em busca de um lugar ao sol (não sei se não faria sentido ter emprestado um deles para jogar mais assiduamente até porque ainda há Zé Carlos com rotina do lugar) mas do lado esquerdo há apenas João Mendes que foi uma excelente aquisição e vai ser seguramente dos melhores laterais deste campeonato mas não tem alternativa face à saída de Ricardo Mangas.

Claro que um dos laterais direitos, especialmente Bruno Gaspar que já o fez várias vezes, ou até Marco Cruz podem remediar numa ausência mas serão sempre um remedeio e não uma solução.

No meio campo também estamos francamente bem.

Tomás Handel (que vai ser uma das grandes figuras deste campeonato), Tiago Silva, Nuno Santos, Manu Silva, Zé Carlos e João Mendes são valores seguros que transitam da época passada e a que se vieram juntar Samu, um carregador de piano que dá jeito a qualquer equipa, e o jovem Marco Cruz dando a Rui Borges muitas e boas soluções para o sector.

E ainda há o jovem Diogo Sousa à espreita de uma oportunidade.

Chegado aqui uma palavra para André André.

Gostaria muito de o ver terminar a carreira com a camisola do Vitória mas face a este naipe de médios há que reconhecer que certamente jogaria mas jogaria menos do que aquilo que seria seu desejo pelo que se compreende a sua saída. Espero vê-lo voltar um dia para desempenhar outras funções.

No que se refere ao ataque é que as coisas não se apresentam tão tranquilas como nos outros sectores da equipa dado haver claramente carência de soluções.

Os pontas de lança são Nélson Oliveira, Jesús Ramirez e o jovem José Bica.

Nélson tanto pode jogar como ponta de lança solitário ou segundo avançado mas sendo um jogador talentoso e de méritos reconhecidos não é um puro goleador mas sim um avançado que faz golos. Como Jota Silva por exemplo.

Ramirez traz boas indicações e bons números do Nacional (mas na II divisão) e sendo mais um homem de área do que Nélson terá de provar que está à altura daquilo que o Vitória precisa num número nove.

Bica é um jogador para "fazer" que irá aparecendo equipa mas não será uma solução goleadora no imediato pelo que caberia neste plantel um puro homem de área como por exemplo o foi em passado recente Óscar Estupinan.

Nos flancos há também carências porque as saídas de Jota Silva (que também jogava como segundo avançado e fazia golos) e Ricardo Mangas não foram suficientemente colmatadas nem era fácil serem dado o valor de ambos.

Telmo Arcanjo depois de um ano parado devido a grave lesão tem vindo a ser opção, e acredito que quando estiver no seu melhor em termos de ritmo de jogo vai ser uma das boas confirmações deste campeonato, mas parece-me um jogador que procura terrenos mais interiores e menos os flancos.

Kaio César de regresso em novo empréstimo é um jovem com talento e uma brutal margem de progressão mas ainda não é um "produto" acabado, embora se note a sua evolução da época passada para esta, enquanto Gustavo Silva chega ao Vitória aureolado com bons números (também vindo do Nacional) mas pelo que se viu até agora (incluindo um grande golo na Bósnia) parece-me mais um segundo avançado do que um extremo puro.

Há ainda um jovem em relação ao qual tenho boas expectativas, Rodrigo Duarte, mas também ele terá de fazer o seu caminho.

Em suma o Vitória tem um bom plantel que lhe permitirá até 31 de Dezembro (depois logo se verá em função do mercado de Janeiro...) fazer boa figura no campeonato, na taça de Portugal, na taça da liga e na Liga Conferência mas creio que nele em termos ideais cabiam mais um lateral esquerdo, um ponta de lança e um extremo polivalente (nunca perceberei porque razão Ronaldo Lumungo nunca teve uma oportunidade na pré temporada) para que o todo estivesse mais forte e o treinador tivesse mais opções.

Mas o bom é inimigo do óptimo, já se sabe, e por isso creio que o bom plantel que o Vitória tem lhe permite lutar pelos objectivos traçados especialmente se tiver a pontinha de sorte sempre necessária e não tiver o azar de lesões que lhe retirem jogadores essenciais da equipa.

E quais são esses objectivos?

No campeonato desejavelmente o apuramento para a Liga Europa ou no minímo para a Liga Conferência, na Taça de Portugal e na Taça da Liga ser candidato não sendo favorito ao triunfo nas provas e na Liga Conferência o apuramento para os oitavos de final e depois lá chegando passo a passo logo se verá.

As expectativas são boas mas apenas o futuro dirá se tinham razão de ser.