Servilismo

No estranho futebol português já nada admira. 

E por isso este despedimento de Daniel Sousa após quatro jogos oficiais que se saldaram por dois triunfos e dois empates (sim, não perdeu nenhum) é apenas mais um episódio caricato do que é o dirigismo desportivo em Portugal. 

Porque um presidente escolher um treinador, até gerando indignação no clube onde o foi buscar, e após quatro jogos invicto mandá-lo embora significa uma de duas coisas. 

Ou escolheu mal, e deve assumir a responsabilidade por isso, ou então precipitou-se ao despedi-lo e deve igualmente assumir a responsabilidade e não assobiar para o ar como se não tivesse nada a ver com os factos ocorridos. 

Como é típico em Portugal António Salvador nada fará em termos de assumpção de responsabilidades porque neste país os dirigentes do futebol nunca têm culpa de nada. 

A culpa é sempre dos outros e muito em especial dos treinadores. 

Mas mais curioso é a reação dos adeptos. 

Em alguns murais que vi de braguistas todos acusam o treinador dos insucessos (???), criticam as exibições, contestam os onzes e as substituições, olvidam que estamos apenas na segunda semana de Agosto mas nenhum crítica minimamente os erros e as pelos vistos más opções do presidente do clube. E este fenómeno de servilismo, de dogmatização das decisões presidenciais, de temor reverencial a quem manda , ajuda bastante a explicar porque razão o nosso futebol tem cada vez menos credibilidade e a gestão dos clubes menos verdade , menos transparência e em muitos casos menos competência. 

O que se passou ontem em Braga é apenas mais um episódio.

Depois Falamos.

https://www.zerozero.pt/noticias/daniel-sousa-deixa-comando-do-sc-braga-ao-fim-de-quatro-jogos/656818?