Já dei uma primeira opinião sobre esta convocatória a propósito de duas chamadas estranhas e uma não chamada igualmente estranha mas compreensível á luz do que é o nosso futebol e dos fretes que nele se fazem.
Deixo agora uma opinião sobre toda a convocatória.
No que toca a guarda redes tudo normal com Rui Silva a ocupar o lugar que vinha sendo de Rui Patrício.
Nos defesas considero normais as chamadas de Rúben Dias, Gonçalo Inácio, Diogo Dalot, Nuno Mendes e Nélson Semedo, compreendo a de Renato Veiga face ao problema de escassez de centrais e a necessidade de encontrar novos protagonistas, Tiago Santos é uma das chamadas estranhas quando já lá estão dois laterais direitos (Semedo e Dalot) e apenas foi chamado um lateral esquerdo (era a oportunidade de Ricardo Mangas) e António Silva é dos que tem lugar cativo quer esteja a jogar, bem ou mal pouco interessa, quer fique no banco como já aconteceu neste início de época.
No meio campo a lógica dos lugares cativos também funciona porque estão lá jogadores que jogam sempre independentemente do seu estado de forma. Não é o caso de João Neves nem de Vitinha que estão pelo mérito do que estão a jogar como devia ser sempre com todos.
Admira-me a insistência em Rúben Neves e puxo a brasa à "minha" sardinha quando considero que Tomás Handel a fazer um belo início de época bem podia ter tido uma oportunidade. Mas nem joga no clube "certo" nem tem o empresário que convém.
No que toca a avançados há a estranha situação de Quenda que com 17 anos e quatro jogos pelo SPorting ou é um génio (como foram Chalana e Futre chamados com essa idade) ou trata-se de um frete ao clube porque um jogador passar directamente dos sub 17 para a seleção A só é comprensivel numa dessas duas vertentes.
Genialidade ou frete.
Quanto aos restantes regista-se esencialmente mais uma chamada do lugar cativo mais lugar cativo que alguma vez vi numa seleção de Portugal e que dá pelo nome de João Félix.
22 minutos de competição e um golo marcado já deram para o selecionador perceber o seu estado de forma e chama-lo porque parte-se do princípio que a generalidade dos jogadores é chamada pelo momento em que se encontra e não pelo histórico e a haver uma ou outra excepção a essa regra não seria seguramente Félix.
Que é sempre chamado jogue ou não jogue no clube em que estiver (nem sequer se põe a questão de estar a jogar bem) e cujas mais que modestas prestações na seleção nunca são impeditivas de consecutivas chamadas.
Nunca como neste caso ter o empresário certo valeu tanto!
Rafael Leão, Diogo Jota, Pedro Neto são chamadas normais, Pedro Gonçalves (especialmente ele) e Trincão são justas pelo que fizeram a época passada e continuam a fazer esta e o "capitão" Cristiano Ronaldo é uma chamada natural pelo estatuto (seria uma das tais excepções em que o histórico podia bem ser razão porque ninguém tem um históico tão valioso como ele) mas também porque com quatro golos em quatro jogos do campeonato saudita (nenhum outro convocado tem esses números) merece naturalmente estar presente.
Uma nota final para um facto que só não aumenta a estranheza porque no futebol português estranho é não haver motivos para estranhar.
Vitória e Braga são as duas equipas portuguesas com mais competição oficial por força da participação nas pré eliminatórias e play off da Liga Conferência e Liga Europa o que faz com que ambas as equipas já vão com nove jogos oficiais (seis na Europa e três no campoenato) e que os seus jogadores estejam naturalmente num estado mais adiantado de forma que a generalidade dos convocados joguem ou não em Portugal.
Pois nem um foi chamado por Roberto Martinez. Nem do Vitória nem do Braga.
E quando se pensa em Tomás Handel, Ricardo Mangas e Ricardo Horta, este ainda por cima com experiência de seleção e cuja não convocatória para o europeu foi tão lamentada pelo próprio seleccionador, percebe-se bem porque estranho é não se estranhar.
Mas se é com estes que vamos a jogo é a estes que devemos apoiar.
Mas por representarem Portugal e não por acreditarmos nos critérios de Roberto Martinez.
Já foi tempo mas não passou de mais uma desilusão.
Mudou o discurso em relação aos antecessores mas foi mesmo a única coisa que mudou.
Depois Falamos.
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