terça-feira, março 30, 2021

Autárquicas (4) Gaia

Vila Nova de Gaia é uma realidade que já conheci muito bem, fruto dos seis anos que lá trabalhei com Luís Filipe Menezes, mas que hoje admito conhecer pior porque de lá saí vai para dez anos e entretanto muita coisa mudou.
Lá tive responsabilidades de direcção em três campanhas autárquicas (2005 e 2009 com LFM e 2013 com José Guilherme Aguiar) e isso permitiu-me conhecer muito bem a realidade de um concelho que em 1997 Menezes encontrou no terceiro mundo e em 2013 deixou na primeira linha dos municípios portugueses como um verdadeiro caso de sucesso.
E foi precisamente a sua saída, depois dos tais quatro mandatos de grande sucesso que levou o PSD local a um verdadeiro "hara quiri" político nas autárquicas de 2013 ao não ser capaz de se unir em torno de uma candidatura única (de José Guilherme Aguiar) o que teve como consequência o surgir de duas candidaturas da área laranja uma "oficial" liderada por Carlos Abreu Amorim e outra "oficiosa" liderada por José Guilherme Aguiar que transformaram o que seria um triunfo fácil do PSD (cada uma das candidaturas elegeu três vereadores) numa derrota impensável face a um PS que jamais pensou poder ganhar Gaia e que elegendo "apenas" cinco vereadores acabou por ter de chegar a um entendimento com os vereadores eleitos pela candidatura independente.
Em 2017 o PS esmagou.
Elegeu nove vereadores e venceu todas as juntas de freguesia num triunfo que atingou marcas que nem a maior maioria de Menezes, a de 2009, conseguira muito contribuindo para isso a enorme debilidade da candidatura apresentada pelo PSD que em bom rigor ninguém via como alternativa real ao poder instalado.
E 2021?
O PS tem uma enorme maioria em todos os orgãos autárquicos, governa todas as juntas de freguesia com a importância eleitoral que se sabe isso representar e o presidente-Eduardo Vítor Rodrigues- candidata-ae ao terceiro e úlimo mandato o que em bom rigor significa que essa junção de factores torna o PS praticamente imbatível.
E num cenário desses o que restaria à oposição fazer?
Considerando que PCP e BE são completamente irrelevantes em Gaia apenas a coligação PSD/CDS, que durante 16 anos governou o município, se pode considerar como alternativa e por isso a ela (caso continue junta) caberia apresentar uma candidatura que ganhasse terreno no curto prazo e fosse vencedora no médio prazo.
Dando de barato que o PS não conseguirá repetir os números de 2017, porque há o desgaste de oito anos de poder, o caminho seria apresentar a tal candidatura  para o futuro que agora ganhasse vereadores, deputados municipais e algumas juntas de freguesia para em 2025, quando o PS tiver de mudar de candidato a presidente, ser uma alternativa ganhadora.
Em teoria devia ser assim.
Mas com o PSD de Rui Rio a lógica é uma batata e por isso o candidato em 2021 será António Oliveira um ex futebolista e ex treinador que nunca teve qualquer intervenção política, nenhuma experiência autárquica, nenhuma ligação a Gaia e que à data da eleição terá sessenta e nove anos de idade!
Já para nem falarmos do que Rio sempre defendeu quanto a ligações entre política e futebol, e que agora parece ter esquecido de todo, a verdade é que se trata de uma candidatura inexplicável, com quase nulas hipóteses de algum sucesso e que se extinguirá na noite das eleições porque ninguém no seu pefeito juízo admitirá que em 2025 ainda se repita.
Em suma o PSD desistiu, talvez por mais uma década, de tentar recuperar Gaia.
Depois Falamos.

2 comentários:

Anónimo disse...

caro Luís Cirilo,

Em Gaia Vaticino vitória fácil do PS.

Acho que é preocupante para o PSD que das 4camaras que já destacou (Lisboa, Porto, Sintra e V.N.Gaia) em nenhuma delas o PSD aparece como candidato principal a vencer.
E em 3 delas pode levar com derrotas humilhantes Porto e VN Gaia isso acontecerá, Sintra sim caso Anexo Almeida avance como independente

Ass Cards

luis cirilo disse...

Caro cards:
Eu sei mas não há como fugir à realidade.
Em 2001 o PSD ganhou todas estas quatro câmaras mas nestes vinte anos decorridos perdeu-as todas.
E não me parece que em 2021 recupere alguma delas. Talvez Lisboa, se Moedas fizer tudo bem feito, mas é muito difícil