terça-feira, março 23, 2021

Autárquicas (1) Lisboa

Com as autárquicas ainda tão longe mas já tão perto (parece um contrasenso mas não é) vai sendo tempo de deitar um olhar curioso sobre o que poderá ser o combate nalgumas das principais autarquias do país começando pela capital.
Onde por vezes acontece que o resultado da eleição extravasa a fronteira da autarquia e tem impacto nacional como aconteceu em 2001 em que vitória da candidatura do PSD liderada por Pedro Santana Lopes teve como consequência a queda do governo de António Guterres.
Em 2021, uma vez mais, para lá da disputa do triunfo na autarquia jogam-se outras variáveis que vão da estabilidade da actual solução governativa , no curto prazo, às próprias lideranças futuras (aí mais no médio prazo) de PSD e PS.
É sabido que a pandemia favorece quem está no poder não só porque impede que as oposições façam campanhas normais mas também porque obrigou a que as câmaras estivessem na primeira linha da solidariedade e isso permitirá recolher trunfo eleitorais.
Especialmente em Lisboa onde Medina atirou milhões, como se não hovesse amanhã, para cima de associações, instituições, classes profissionais e ainda deu literalmente comer a muita gente necessitada através da serventia de largos milhares de refeições.
Claro que a par disso, e com a demagogia que faz parte do ADN socialista seja onde for, também se prestou a papéis absolutamente ridículos como o da entrega das botijas de gaz que apenas serviram para demonstrar a sua reduzida dimensão política.
A verdade é que parte em vantagem, pelo atrás exposto, mas isso não significa que chegue em primeiro lugar.
Terá à esquerda a concorrência de candidaturas do PCP e do BE, que não concorrem para ganhar mas lhe retiram votos que podem ser importantes, e à direita uma excelente candidatura liderada pelo PSD e por Carlos Moedas (integrando CDS, Aliança e outros partidos) que pode muito bem sair vitoriosa na noite eleitoral.
Carlos Moedas é um excelente candidato, com uma dimensão e uma experiência política ao mais alto nível que Medina não tem , e ao contrário do PS que tem fortes candidaturas à esquerda não sofre nenhuma concorrência significativa à direita.
A Iniciativa Liberal cometeu um "hara quiri", com a apresentação de um candidato que desistiu passados três dias, que a remeterá para a insignificância nesta eleição enquanto o Chega escolheu um candidato que pese embora a dinâmica de crescimento do partido (com eleitores tipo PCP que votam "cegamente " em quem o partido indicar) não augura nada de bom em termos de resultado.
Medina ou Moedas e Moedas ou Medina é a dúvida que existe.
Medina é favorito, mas terá de o provar, enquanto Moedas é uma forte alternativa mas para ganhar terá de fazer tudo bem feito (da campanha às listas) e ter uma pontinha de sote.
O resultado das autárquicas em Lisboa está, do meu ponto de vista, em aberto.
Depois Falamos.

2 comentários:

Cards disse...

Caro Luís Cirilo,

A candidatura de Moedas é uma coligação de dois partidos PSD e CDS. Aliança MPT PPM juntos não têm 2 mil votos em Lisboa.
Q
A IL roubará votos a Moedas já o Chega terá votos dos descontentes de modo geral.
Medina é favorito ainda para mais com a notícia do Observador a falar em problemas com a candidatura de Moedas para fechar nomes em algumas freguesias.
Ou Moedas é forte em campanha ou Medina voltará a vencer, é amplamente favorito e certamente sairá vencedor.
Quanto ao fato de Medina ter dado ajuda a quem precisasse na pandemia certamente que as câmaras PCP PSD e CDS fizeram o mesmo e estou certo que terão tido o seu apoio.

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
A coligação em torno de Carlos Moedas integra vários partidos e não apenas dois. Quem se recordar da vitória de 2001 do PSD recordará que tinha o apoio do PPM que era pouco expressivo em termos de votos mas se revelou decisivo para Pedro Santana Lopes ter mais votos que João Soares. Nada garante que isso não volte a a contecer e o vencedor o seja por curta margem na qual os votos dos pequenos partidos sejam decisivos. Naturalmente que todas as câmaras ajudaram dentro das suas possibilidades os habitantes dos seus concelhos mas quase nenhuma,para lá de Lisboa, com a ampla conbertura televisiva que foi dada às acções de Medina. E isso faz alguma diferença. Como, aliás, o ele ser comentador semanal num canal televisivo.