terça-feira, janeiro 05, 2021

A Bolha

 Em Lisboa há uma bolha.
Que vai do Terreiro do Paço ao Palácio de Belém, do Palácio de S.Bento ao Largo do Rato com passagens pela Rua de S. Caetano à Lapa, pelo largo do Caldas , pela Rua Soeiro Pereira Gomes , pela Rua da Palma e que na sua amplitude máxima vai até à Quinta da Marinha em Cascais.
Nessa bolha vivem os que mandam nisto tudo.
Mandam e  escolhem os presidentes da república, os primeiros ministros, os lideres partidários, os ministros e secretários de estado, os deputados de todos os circulos eleitorais, os administradores das grande empresas públicas e privadas, os directores de jornais de referência, os comentadores televisivos da política e do desporto, os colunistas principais dos principais orgãos de comunicação social, os dirigentes de topo da administração central.
Essa bolha manda no país.
Mesmo não o conhecendo, mesmo não o tratando por igual, mesmo ignorando o interior, detestando o norte, desprezando o Algarve que apenas conhecem como destino de férias.
Essa bolha faz as leis da República, defende os interesses dos que nela mandam e ostraciza os restantes , impede que o país se desenvolva harmoniosamente , Distribui financiamentos e subsídios com base em critérios tantas vezes incompreensíveis mas que nunca esquecem os seus protegidos, boicota qualquer tentativa de lhe retirar poder , foge da regionalização como o diabo da cruz, hostiliza todos os que vem de fora e constituem um risco para a sua "ditadura".
É uma bolha profundamente elitista e que se acha possuidora do direito divino de ter poder que não resulta do voto mas sim do dinheiro, da influência, dos laços familiares, do "pedigree" dos seus ilustres (acham-se eles...) membros.
É uma bolha nociva a Portugal.
Há muitos anos, desde o Estado Novo (ou até antes dele) , mas que o advento da democracia em 25 de Abril de 1974 não apeou do verdadeiro poder embora tenha obrigado à mudança de muitos do seus protagonistas.
É contra essa bolha e contra os seus privilégios inaceitáveis que Portugal tem de se erguer numa segunda revolução que distribua o poder de forma mais justa, crie um país mais igual, promova um verdadeiro e acelerado desenvolvimento económico e social.
 E para isso já ontem era tarde.
Depois Falamos.

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