terça-feira, novembro 17, 2020

1975

Há 45 anos atrás, mais dia menos dia, um então jovem Diogo Freitas do Amaral que liderava o também jovem CDS foi convidado pela primeira vez para uma entrevista de fundo na RTP.
Viviamos em pleno PREC, com os ardores revolucionários e todos os excessos dele decorrentes, e o CDS legalizado pouco meses atrás era o partido legal mais à direita do espectro político e diariamente insultado de tudo e o seu contrário.
"Fascistas", "defensores do grande capital", "amigos dos latifundiários", " partido de extrema direita reaccionária", eram entre outros os "mimos" dirigidos ao partido e só não os apodavam de racistas e xenófobos porque esses epitetos não estavam então na moda.
A entrevistar Freitas do Amaral, na perspectiva de um massacre que arrumasse de vez com o partido, estavam três jornalistas claramente de esquerda dos quais me lembro de Joaquim Letria e Artur Portela Filho e creio que Adelino Gomes mas sobre este não tenho a certeza. 
Iam buscar lã mas foram tosquiados de forma arrasadora. 
Porque Freitas do Amaral com uma segurança e domínio dos factos absolutamente notável a tudo respondeu, desmontando as acusações que se faziam ao seu partido, deixando uma imagem de inteligência e capacidade que muito beneficiou o CDS. 
Ontem lembrei-me dessa entrevista já perdida no tempo.
Porque não sendo André Ventura comparável a Freitas do Amaral nem Miguel Sousa Tavares aos três entrevistadores de então (personalidades, tempos e contextos muito diferentes) a verdade é que também ele, MST, ia buscar lã e acabou tosquiado por um AV seguro de si próprio e com um discurso bem afinado, 
Tão afinado, aliás, que acabou por enervar o entrevistador que foi por caminhos que devia ter evitado (conforme a foto bem demonstra) e demonstrou um quase acinte pessoal contra o entrevistado que era bem dispensável e apenas beneficiou quem MST queria prejudicar. 
Porque podemos concordar ou discordar das ideias de André Ventura, ou concordar com umas e discordar de outras, mas há uma realidade da qual não é possível fugir e ela diz-nos que André Ventura diz em voz alta o que muitos portugueses pensam mas não dizem.
E a força dele está aí!
Quanto ao entrevistador fico curioso para constatar se nas próximas entrevistas a candidatos presidenciais (curiosamente foi nessa qualidade que AV esteve na TVI mas foi matéria sobre a qual quase não foi questionado) vai usar o mesmo registo acintoso e questioná-los sobre as suas amizades pessoais. 
E aí creio que poderia colocar perguntas bem interessantes a todos eles. 
Ó se podia...

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