segunda-feira, junho 25, 2018

Irão...Ou Não!

O meu artigo desta semana no zerozero.

E o Mundial está em pleno curso, prendendo a atenção de muitos milhões de pessoas em todo o planeta , confirmando ser o maior espectáculo desportivo à superfície da  Terra apenas superado pelos Jogos Olimpícos.
No momento em que escrevo estas linhas já todas as selecções disputaram dois jogos e se há algumas que já tem o bilhete de regresso a casa e outras a passagem aos oitavos de final há ainda muita coisa a decidir em termos de presenças nos oitavos de final.
O que garante que entre segunda e quinta feira desta semana teremos muito futebol, muita emoção e muitas decisões.
Portugal é uma das selecções que ainda tem de decidir o seu futuro.
Começou o Mundial com um empate promissor face à Espanha, depois de um dos melhores jogos que o Mundial teve até agora, em que o talento excepcional de Ronaldo brilhou a grande altura ( e não apenas pelos golos) mas a equipa...nem tanto e depois continuou com um triunfo algo desanimador face a Marrocos porque embora conquistando os três pontos a exibição ficou muitíssimo aquém do exigível a um campeão europeu em título.
Tinha escrito aqui, dez dias antes de o Mundial começar, que Portugal dificilmente seria candidato ao título por ter uma equipa “curta” ,em termos de lugares-tenentes de Ronaldo, para lhe permitir essa ambição.
Os dois primeiros jogos reforçaram essa ideia e reforçaram,também, a análise de que as nossas maiores fragilidades estão no centro da defesa e no meio campo onde falta um “10”, como Deco ou Rui Costa, que pegue no jogo e um “8” muito mais rotativo,como Maniche, que carregue a equipa para a frente e garanta uma meia distância eficaz.
Mas é com os que temos que pela vida temos de fazer e para já estão no bom caminho para os oitavos de final.
Devo dizer que tendo este Mundial mostrado já excelentes jogos, como o Portugal-Espanha ou o México-Alemanha por exemplo, ainda não mostrou uma selecção que se possa considerar como claramente favorita.
Pessoalmente tenho gostado de algumas delas.
A Espanha que tão bem jogou contra nós mas depois desiludiu um pouco face ao Irão, a Alemanha que começou mal derrotada pelo México mas depois face à Suécia mostrou o habitual “rolo compressor” que intimida qualquer um, a Croácia que joga muito bem e tem alguns jogadores de alto nível, o México que derrotou justamente os alemães mostrando uma futebol muito consistente, o Senegal que venceu a Polónia e depois empatou com o surpreendente Japão, a Bélgica que com Rússia e Inglaterra tem o ataque mais produtivo da prova, a prórpia Inglaterra que pode ambicionar chegar longe e finalmente a Colômbia que surpreendida pelo Japão na primeira jornada esmagou depois a Polónia e mostrou credenciais para poder ter muitas ambições.
Decepções até agora?
Polónia que fez dois maus jogos e já está eliminada, Peru de quem se esperava mais e também já tem bilhete de ida, Egipto que nem o “faraó” Salah conseguiu inspirar e a surpreendente (pela negativa) Argentina que esteve à beirinha de uma eliminação precoce para o seu valor mas que terá ainda , frente à Nigéria, a oportunidade de continuar em prova e desfazer a péssima imagem que deixou até agora.
Por falar em péssima imagem, ou péssimas imagens que é mais adequado, não pode faltar uma referência ao VAR que tem sido uma das maiores desilusões deste Mundial com um conjunto de decisões erradas ou omissões inexplicáveis que parecem decalcadas do VAR que por cá temos.
Porquê?
Porque com rarissímas excepções, que mais não fazem do que confirmar a regra, todas essas decisões polémicas tem sido em benefício das selecções de países mais fortes, com mais adeptos e poder financeiro (e portanto com maior retorno publicitário), que são aqueles que a FIFA quer ver em prova até às fases mais adiantadas da competição.
Portugal foi a primeira vitima disso quando ninguém viu a flagrante falta de Diego Costa sobre Pepe mas depois houve muitos outros com a Alemanha, por exemplo, a beneficiar já de dois monumentais erros quando o árbitro não marcou e o VAR fez de conta que não viu (era impossível quatro video árbitros não terem visto) um pénalti flagrante a favor do México no primeiro jogo que apesar disso não teve influência no vencedor  e outro no segundo favorável à Suécia (mais a expulsão de Boateng) que  poderia ter significado a eliminação alemã.
E quando o VAR falha assim na prova máxima do futebol mundial é a prova que faltava de que ele não serve para ajudar a melhorar a verdade desportiva mas sim para garantir que os sempre mais beneficiados não deixam de o ser.
Lá como cá!
Voltando à selecção portuguesa que joga hoje face ao Irão a sua passagem aos oitavos de final há que dizer três coisas.
A primeira é que Portugal é favorito, claro, mas terá de fazer jus a esse estatuto dentro do terreno de jogo com um futebol agressivo, ambicioso e em que os restantes jogadores se convençam que não pode ser Ronaldo a resolver tudo sempre.
A segunda é que Fernando Santos tem de deitar paraa trás das costas o habitual conservadorismo quanto a mexer na equipa e dar oportunidade a outros jogadores para alinharem de início e tentarem dar à equipa mais posse de bola, mais agressividade ofensiva e mais diversificação das soluções.
Quaresma, Adrien, André Silva e Ricardo Pereira são aqueles que do meu ponto de vista podem preencher esses requisitos mas também Manuel Fernandes pode ser hipótese a considerar.
A terceira é olhar com muito respeito, mas sem qualquer temor, para o Irão.
Venceu Marrocos, fez a vida negra à Espanha, é uma equipa sem vedetas mas com grande coesão , que luta por cada bola como quem luta pela vida e já demonstrou sair muito bem em contra ataque.
E ainda por cima é treinado por alguém que conhece perfeitamente a selecção portuguesa, nomeadamente os seus pontos fracos e insuficiências, e que certamente armará um dispositivo táctico que explore a dificuldade portuguesa em assumir o jogo.
Ter atitude, assumir mudanças, respeitar o adversário são os três pressuposto de cujo cumprimento depende sabermos se os portugueses irão em frente rumo aos oitavos de final...ou não!

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