Mal conheço Mauro Xavier.
Teremos, quando muito, falado duas ou três vezes nos últimos dez ou quinze anos, somos "amigos" no facebook e nada mais.
Mas temos bons amigos comuns.
E por eles sei pelo menos duas coisas sobre o Mauro:
Uma é que está na política por convicções e outra que tem uma bem sucedida carreira profissional onde ganha o que nunca poderia ganhar na política se por ela optasse a tempo inteiro ao invés de o fazer apenas no âmbito de uma obrigação de cidadania.
E por isso percebo perfeitamente que se tenha demitido da concelhia de Lisboa do PSD.
Sinceramente admirou-me até que não o tivesse feito mais cedo face às continuas desconsiderações de que a estrutura a que presidia foi alvo nos últimos largos meses por parte da direcção do partido e da comissão coordenadora autárquica.
Escolheram o candidato a Lisboa sem dar cavaco à concelhia e ao seu presidente.
O que é desde logo inaceitável e um atropelo ao que devem ser as regras de bom funcionamento interno e de respeito pelas estruturas e pelos militantes.
Não se nega ao presidente do partido e à CPN o direito de terem palavra determinante na escolha à maior câmara do país, até porque as coisas foram sempre assim, mas isso nunca implicou a marginalização da estrutura concelhia mas sim a sua inclusão no processo de escolha mais que não fosse para ser conhecida a sua opinião.
Não se percebe qual o ganho de causa de desta vez terem alterado a metodologia.
Mas o pior ainda estava para vir:
A concelhia, engolida a imposição da direcção nacional, procurou fazer o seu trabalho e estabelecer bases de trabalho com a candidata escolhida de molde a que um processo que começara mal tivesse um mínimo de condições para tentar terminar bem.
Até porque já havia um programa eleitoral em elaboração, coordenado por José Eduardo Martins o cabeça de lista à Assembleia Municipal, e era naturalmente necessário afinar estratégias e acertar detalhes.
Mas durante um mês, desde o anúncio da candidata até à demissão de Mauro Xavier, nunca Teresa Leal Coelho esteve disponível para reunir com a concelhia.
Teve tempo para como deputada viajar para os Estados Unidos para participar num evento certamente muito relevante para a votação que terá em Lisboa mas não teve tempo para reunir com a concelhia nem sequer atender os vários telefonemas do seu presidente ou responder aos e-mails que lhe foram enviados.
Simplesmente lamentável especialmente vindo de alguém que é vice presidente do PSD e como tal tem especial obrigação de respeitar todas as estruturas do partido e com elas trabalhar.
E por isso percebo bem a demissão de Mauro Xavier.
Foi a atitude digna de quem está na política para servir as pessoas mas não está na política a qualquer preço nem para aturar todas as desconsiderações e atropelos como fazem alguns que à falta de profissão tem de se sujeitar a tudo.
Não sei (nem podia obviamente saber) qual será o resultado das autarquicas em Lisboa.
Mas sei duas coisas:
Uma é que com esta candidata e estes seus comportamentos de soberba e arrogância as coisas podem não correr lá muito bem.
A outra é que Pedro Passos Coelho está mal rodeado e bastas vezes mal aconselhado.
E este processo de Lisboa é apenas mais uma prova disso.
Espero que, ao menos, dele tire as necessárias ilacções para que os erros e as opções erradas não se repitam quando for chamado a fazer outras escolhas para outro tipo de eleições.
Depois Falamos.
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