quarta-feira, abril 26, 2017

Euforia...

No Vitória tudo se vive com paixão.
Triunfos, derrotas, empates, contratações e vendas de jogadores, entradas e saídas de treinadores, relações com outros clubes, com a liga,com a FPF, com a APAF, com os orgãos disciplinares , conquistas nas modalidades.
Na vivência do Vitória não há 8 e 80.
Apenas 800!
Somos um "povo" diferente, educados desde o berço a gostarmos do clube da nossa Terra e de mais nenhum, a transmitir de pais para filhos um amor profundo ao nosso Vitória, a considerarmos o clube como mais um membro das nossas famílias.
Sabemos que somos diferentes, que a nossa diferença causa admiração mas também inveja, que a nossa existência e a nossa estranha forma de vida causa incómodos aos que gostariam de um desporto (não apenas futebol) com três senhores a reinarem e depois uma corte de humildes vassalos.
Mas sabem que connosco não podem contar para isso.
E por isso, porque temem que o nosso "mau" exemplo acabe por alastrar para outras paragens, andam há mais de 50 anos a tentarem quebrar a nossa vontade, a procurarem rebaixar-nos, a quererem por todos os meios fazer de nós gato sapato.
São as arbitragens que já nos roubaram titulos e taças, são os orgãos disciplinares que connosco são de um rigor e de uma excepcionalidade que não usam para com mais ninguém, é alguma imprensa que usa tudo que pode (e quando não tem inventa) para passar de nós uma imagem que em nada corresponde à realidade.
Eu sei que "eles" se aborrecem por em Guimarães apenas o Vitória ser grande e os que nos visitam serem todos,sem excepção, mais ou menos pequenos.
Eu sei que "eles" detestam que as maiores assistências de sempre no nosso estádio tenham sido em jogos com o Olhanense, num deles ainda na segunda divisão, e não com os pseudo grandes ou até mesmo nos jogos do Euro 2004.
Eu sei que as enormes falanges de apoio que o Vitória leva por todo o país "os" confronta com a triste realidade de sem os adeptos de sofá e das vitórias eles nunca teriam expressão relevante em nenhum estádio do país que não nos deles.
O Vitória é uma questão de amor à Terra e de amor próprio.
Construido no orgulho em Guimarães, no nobre exemplo do Rei que figura no nosso símbolo, no sabermos que mesmo perseguidos e discriminados somos mais fortes do que aqueles que nos perseguem.
Quando por culpa própria descemos à II liga em 2006/2007 soubemos encontrar a energia e a motivação suficientes a regressarmos mais fortes, mais determinados, mais conquistadores.
Deixando um recorde de assistências em jogos do escalão secundário que não acredito que tão cedo seja batido.
Somos assim.
Determinados, conquistadores, apaixonados pelo nosso clube.
Que é e será sempre único em termos de Portugal.
A paixão com que o vivemos, a ânsia de ganhar que nos caracteriza, a consciência que num desporto mais verdadeiro já teríamos muito mais titulos e troféus está na génese dos inúmeros exemplos de galvanização e apoio às nossas equipas que ao longo dos anos temos dado a este país que em termos desportivos continua culturalmente atrasado.
E por isso os adeptos vitorianos, fruto dessa paixão pelo Vitória, conhecem facilmente estados de euforia para tanto bastando uma equipa que jogue bem, conquiste pontos, "ameace" ficar nos quatro primeiros e/ou conquistas taças e troféus.
Basta isso e temos estádio cheio e enormes contingentes de vitorianos em qualquer estádio do país como esta mesma época poderá ser comprovado pelo número de vezes em que jogando fora o Vitória jogou em casa.
Bessa, Chaves, Vila do Conde, Paços de Ferreira e outros mais.
A euforia é o termómetro da nossa paixão!
Mas também uma componente essencial na galvanização das nossas equipas e de condicionamento dos nossos adversários que não cessam de se admirarem com o tremendo ambiente do nosso estádio e de qualquer estádio onde os vitorianos marquem presença.
A euforia é, de alguma forma, uma das nossas imagens de marca.
Mas também pode ser um perigo.
Porque a euforia, o desejo de ganhar, a forma como se idolatram equipas, jogadores, treinadores e até dirigentes se tiver o efeito colateral de desligar as pessoas da realidade, da atenção que devem dedicar aos assuntos do clube extra futebol e modalidades pode ser a "capa" ideal para à sua sombra se tomarem decisões que ponham em causa uma identidade e um sentimento clubista a caminho dos 95 anos de idade.
E o ADN Vitória, de alguma forma atrás descrito, é aquilo que temos de mais forte, aquilo que herdamos de pais, avós e bisavós (se calhar até de trisavós num ou noutro caso) .aquilo que nos torna diferente de todos os outros.
Repito: O que nos torna diferentes, o que nos dá a força extraordinária que temos, é o Vitória ser como é desde 1922!
Um dia, num daqueles inquéritos de jornal, pediram-me para numa frase caracterizar o meu entendimento do que é ser vitoriano no século XXI.
Disse então o seguinte:
" Ser vitoriano é dar tudo pelo Vitória mas não aceitar tudo em nome do Vitória. A Fé e o Amor não podem cegar a Razão".
Continuo a pensar assim.
Certos que a nossa Fé e o nosso Amor pelo Vitória são essenciais mas profundamente convicto que se a Razão não for sempre o valor fundamental podemos perder tudo aquilo que construimos em 95 anos de orgulhosa e honrosa História.
Depois Falamos.

4 comentários:

Anónimo disse...

Está a crescer em Guimarães um Vitória Campeão.
É inevitável e têm sido dados passos muito seguros rumo a esse objectivo. Mérito da Direcção em funções:
- soube unir os adeptos em torno do clube
- soube encontrar um treinador que percebeu melhor do que qualquer outro que por cá passou que os adeptos são parte integrante e fundamental da equipa. Nós somos verdadeiramente o 12º jogador e é Pedro Martins o nosso timoneiro
- soube sensibilizar uma claque problemática para o bem comum do Vitória. Quando antes só se ouviam e liam notícias de desacatos por esse país fora e até do DAH, hoje temos a melhor claque do país, um exemplo de dedicação ao clube e de boas práticas dentro e fora dos estádios. Se hoje em dia é uma alegria ir ao DAH, se vemos famílias inteiras a assistir jogos, é em parte um reflexo da poderosa claque que temos e da festa que é por estes dias assistir a um jogo do Vitória, principalmente no DAH
- soube retirar o clube do sufoco financeiro e da anunciada bancarrota. Em pouco mais de 5 anos passamos de um clube falido a um clube estável com um potencial assustador. É natural que se critique esta ou aquela venda, também porque a própria Direcção anuncia necessidades de vendas que depois de atingidas não são estancadas, mas no geral, o saldo é extremamente positivo, é inegável. Paulatinamente voltamos a ser competitivos e estamos já no nosso lugar: em cima do Braga. Em 5 anos, seria possível fazer melhor ? Ninguém o pode dizer, mas acho pouco provável...

Acredito piamente que vamos ser Campeões e que esse momento está mais perto do que se julga.

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
Está a crescer em Guimarães um Vitória Campeão desde 1968/1969 quando treinados por Jorge Vieira ficamos a três pontos do título.
Nessa época provou-se que era possível.
Depois,e por várias vezes, "ameaçamos" lá chegar mas por isto ou por aquilo nunca foi possível. Em boa verdade também não voltamos a estar tão perto.
Quanto ao momento actual diria que no nosso estádio e nos estádios onde nos deslocamos a nossa equipa já tem um apoio dos adeptos dignos de uma equipa que luta pelo título e por aí estou tranquilo porque sei que os vitorianos não falham.
Quanto às claques elas tem de facto marcado uma enorme diferença, brutalmente positiva, face ao que por aí se vê nos clubes chamados "grandes" e respectivas claques.
Não concordo no que diz quanto ao treinador. Porque outros que por cá passaram perceberam tão bem como Pedro Martins (e não estou a tirar valor a este) o papel dos adeptos. Dou-lhe três nomes: Marinho Peres, Manuel Cajuda e Rui Vitória.
Quanto ao resto que refere não estou tão optimista quanto você nem vejo o papel da direcção de forma tão entusiasta. Acho que não há um projecto desportivo consolidado e de médio prazo, não lhes vejo a garra necessária para defenderem o Vitória nos bastidores, vejo o clube demasiado ligado ao Porto para poder estar tranquilo. Entre outras coisas que não vale a pena referir.
Tem mérito, indiscutível, nalgumas matérias e reconheço isso sem qualquer problema.
Mas, e oxalá esteja enganado, não me parece que o Vitória Campeão esteja ao seu alcance nem sequer nos seus objectivos.
Quanto ao estarmos no "nosso" lugar acima do Braga isso encerra dois pontos.
Um é verdadeiro e o "nosso" lugar deve ser sempre acima do Braga.
O outro será ou não verdadeiro porque o campeonato ainda não acabou. Acredito que 14 anos depois vamos voltar a ficar em quarto (cinco pontos que valem por seis são uma boa vantagem)mas as contas fazem-se no fim. É fundamental ganhar em Setúbal na próxima jornada ou, pelo menos, não fazer pior resultado que o Braga com o Sporting.
Até porque nos tais bastidores eles mexem-se muito bem...

Anónimo disse...

Não tirando o mérito absoluto ao Marinho Peres, Manuel Cajuda e Rui Vitória, nem mesmo o Quinito que você esqueceu com certeza, aproveitou de forma tão objectiva o "recurso natural" que somos nós, os sócios e adeptos do Vitória como o está a fazer Pedro Martins.Escusado será dizer que estes 4 nomes marcam de forma muito vincada a nossa história dos últimos 30 anos, todos eles tiveram bons resultados, todos eles criaram empatia com os adeptos, nenhum deles elevou esta comunhão equipa/adeptos tão alto e de forma tão bem evidente. Há com Pedro Martins algo de diferente e muito objectivo, é a minha opinião. Mesmo em relação a Rui Vitória, que é quem pela proximidade melhor podemos comparar, a diferença de discurso é notória. Onde Rui Vitória sempre jogou à defesa, Pedro Martins injecta ambição.
Estamos realmente em desacordo quanto ao projecto desportivo. Onde você não vê um projecto sólido, eu vejo um projecto a ficar muito bem consolidado. É óbvio que há muito por onde melhorar, notoriamente a "dependência" dos grandes em especial do Porto. Mas é um caminho que penso tem de ser feito e a seu tempo acredito que teremos um Vitória muito forte sem ter de recorrer a parcerias que são contra o nosso ADN. Como referi anteriormente, paulatinamente estamos a ficar cada vez mais competitivos, isso para mim é um sinal muito importante e um indicador muito forte de crescimento.
Quanto ao 4º lugar, nada garantido, mas dificilmente nos fugirá. A equipa e mais uma vez os adeptos parecem-me muito focados neste objectivo e não se estão a distrair com a final da Taça.

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
Quanto aos treinadores é claro que lá cabia também o Quinito.
Quanto ao facto de o Pedro Martins aproveitar melhor que eles o "recurso natural" não estou nada de acordo como já tive oportunidade de escrever atrás.
Cada um tem o seu estilo e o que importa realmente são os resultados que cada um deixou para a História.
Cajuda, Quinito e Marinho Peres deixaram terceiros lugares, Rui Vitória uma Taça e todos eles excelentes memórias.
Veremos,um dia, qual o produto final que Pedro Martins deixa para a História. Para já vai bem lançado.
E só uma nota quanto a Rui Vitória. Ao contrário do que diz ele nunca jogou à defesa. Pelo contrário em muitas ocasiões teve de fazer de treinador, director e presidente porque em alturas em que fomos escandalosamente prejudicados pelas arbitragens e pela disciplina (como no castigo a Douglas depois de um jogo em Barcelos)ele foi o único a aparecer na defesa dos interesses do clube.
Quanto ao "projecto sólido" acreditarei nele quando a equipa não entrar em campo com cinco ou seis emprestados, quando a equipa B não tiver de utilizar 55 jogadores numa época, quando todos os anos o treinador não tiver de fazer uma equipa nova em Junho e outra em Janeiro.
E quanto à dependência dos chamados "grandes" esperemos que o piro ainda não esteja para vir.