sexta-feira, abril 28, 2017

Independentes

Confesso que nunca tive simpatia por aquilo a que se convencionar chamar independentes talvez por nunca não ter percebido, de facto, de que é que são verdadeiramente independentes.
Se são da política não deviam andar nela. Se são dos partidos não deviam integrar as suas listas. se são dos governos neles não deviam ter assento como ministros e secretários de estado e executarem as suas políticas.
É um contrassenso.
Vá lá,com grande esforço, talvez consiga perceber a sua independência quando os partidos pelos quais se candidataram, ou em representação dos quais governaram, perdem eleições e eles desaparecem para não mais serem vistos.
Há excepções, e honrosas, mas não são mais do que a confirmação da regra!
Mas o fenómeno que antigamente quase se circunscrevia a listas de deputados e membros do governo está a alargar-se , e de forma exponencial, às câmaras municipais com a proliferação de candidaturas ditas independentes.
Em 2013 já houve um número substancial, em 2017 vai haver bastantes mais e por este caminho em 2021 vai ser um verdadeiro forrobodó de pseudo independentes a concorrerem aos municípios de todo o país.
Essencialmente por duas razões:
A primeira é porque a lei de limitação de mandatos obrigou a que muitos presidentes de câmara cessassem funções,bem contra sua vontade, e agora querem regressar a qualquer preço às funções que desempenhavam.
Como os lugares não ficaram à espera deles, os sucessores não estão disponíveis para lhes devolveram a cadeira e os partidos não patrocinam (e bem) esses regressos de quem parece achar que ser presidente de câmara é profissão então a solução é uma candidatura independente.
Que de independente só tem o nome é claro.
A outra razão é de ordem interna dos partidos especialmente de PSD e PS.
Parece estar a tornar-se moda quando numa concelhia há mais que um candidato a candidato a presidente da câmara aquele que os orgãos próprios não escolhem resolve passar por cima das decisões do próprio partido e abalançar-se a uma candidatura independente.
Que de independente ,tal como no caso anterior, só tem o nome.
Se em 2013 isto já aconteceu, com algum significado em termos de número, nas autárquicas deste ano o fenómeno ameaça aumentar significativamente e por este andar em 2021 e 2025 corre-se o risco de haver tantas candidaturas independentes como de partidos.
É mau?
É.
Porque não se trata de candidaturas verdadeiramente independentes (seja lá isso o que for...) mas sim da pulverização interna dos partidos onde estatutos e regulamentos, coerência e solidariedade, passam a ser subalternizados às ambições pessoais dos que querem poder a qualquer preço e não sabem aceitar as regras de funcionamento interno nem as decisões dos orgãos legitimados para o efeito.
Penso que os partidos, especialmente PSD e PS que são os principais afectados por este surto maligno de "independências", tem de encontrar mecanismos internos e externos que lhes permitam defender-se desta "moda" perniciosa.
Porque embora possa não parecer em ultima análise é a própria democracia que está em causa.
Depois Falamos.

Sem comentários: