Sou, desde que me conheço e com muito orgulho, um fervoroso adepto do
Vitória Sport Clube.
Que está desde sempre sediado em Guimarães mas não se chama “Guimarães”
como por ignorância pura tantas vezes se lhe ouve chamar naquilo que é um desrespeito
claro pelo seu nome e pela sua identidade.
Aliás o mesmo acontece com o outro Vitória, sediado em Setúbal, e cujo nome
é Vitória Futebol Clube e não “Setúbal” como também tantas vezes se lhe ouve
chamar fruto da tal ignorância que vai persistindo.
Dir-me-ão uns que é uma questão menor porque toda a gente sabe que
quando se refere o “Guimarães” ou o “Setúbal” se sabe de quem se está a falar e
por isso tanto faz chamar-lhes assim como tratá-los pelos seus verdadeiros
nomes.
Mas não é verdade.
Porque o direito ao seu verdadeiro nome é um direito que qualquer cidadão,
qualquer instituição, qualquer clube tem e nada justifica que não se seja por
esse nome tratado com o respeito que lhe é devido.
Dir-me-ão outros que é uma precisão geográfica para melhor identificar
a região em que se situam mas então pergunto-me porque não chamam “Lisboa” ao
Benfica (que até tem Lisboa no nome), ao Sporting ou ao Belenenses e “Coimbra”
à Académica, “Funchal” ao Marítimo, “Vila do Conde” ao Rio Ave e por aí fora
que exemplos não faltam.
Num país escravizado desportivamente a três clubes, a quem quase ninguém
hesita em prestar a vassalagem de lhes chamar os “três grandes”, creio que
todos os outros tem,ao menos, o direito de serem tratado pelos seus nomes, como
qualquer um de nós, já que no reconhecimento de outros direitos como o da
verdade desportiva das competições ou uma igualdade de tratamento pela
generalidade da comunicação social todos sabemos do que a “casa” gasta desde
sempre.
É chover no molhado, independentemente da razão que assiste a quem o faz,
protestar contra o exagero dos jornais diários desportivos (e os outros também
em bom rigor),e especialmente dos canais televisivos, pelo tratamento de
absoluto favor que dão a esses três clubes com influência clara na verdade
desportiva das competições face à pressão exercida sobre os agentes desportivos
em geral e os árbitros em particular por dezenas de horas televisivas por
semana.
São os programas de antevisão da jornada, são os programas a meio
da jornada, são os programas de balanço da jornada que começam na noite de
domingo e duram até terça feira com fanáticos comentadores que não falam de
futebol, não analisam os jogos na vertente táctica, não apreciam as
exibições dos jogadores mas apenas se preocupam, quais chefes de claque, que o
seu clube não seja menos favorecido que o clube do comentador ao lado.
São ,alguns deles, bem responsáveis pelo incendiar de ânimos, pelo ambiente
permanentemente conturbado, pelo exacerbar daquilo que o futebol tem de pior
(que é o fanatismo) a que se vem permanentemente assistindo em Portugal.
São as notícias diárias em todos os telejornais (mas mesmo todos) sobre
esses três clubes, são as transmissões em directo das banais
conferência de imprensa dos seus treinadores na esmagadora maioria dos casos
sem o minímo interesse, é a permanente bajulação a tudo que diga
respeito a jogadores,treinadores e dirigentes dessas agremiações.
É tristemente vulgar à hora dessas banais conferências de imprensa saltar
de canal em canal, da sic-n para a rtp3 e desta para a tvi 24
passando pela CM tv e constatar que todas as transmitem
em directo equiparando-as na simultaneidade à importância de
comunicações ao país do Presidente da República ou do primeiro-ministro.
Triste e confrangedor.
Portugal é um país pequeno.
Que as suas televisões fazem mais pequeno ainda com esta escravização ao
futebol em geral e a três clubes em particular que transformam no centro da
vida do país como se não houvesse muitas outras coisas bem mais importantes.
E por isso tenho muito orgulho em ser do Vitória.
Um clube que nasceu com uma forte identidade, que congrega em seu torno
toda uma comunidade (o concelho de Guimarães e os vitorianos espalhados pelo
país e pelo mundo) e que tem feito o seu caminho contra o “vento”, sem favores
da comunicação social nem “colinhos” dos poderes desportivos , sem outro
incentivo que não seja o dos seus inigualáveis adeptos!
Não ganhamos tanto como os outros é verdade.
Ganhamos, até, menos do que a nossa História o justificava.
Mas quando ganhamos, o pouco que ganhamos, fomos nós e só nós que ganhamos.
Sem favores, campos inclinados, “colos” diversos.
E esse orgulho ninguém nos tira porque é o orgulho de um clube com Honra!
4 comentários:
Olá estimado Luís Cirilo!
Se, efectivamente, deseja lutar para que o Vitória Sport Clube tenha, plena afirmação como alternativa aos dois maiores clubes de Lisboa e ao maior clube do Porto, convido-o a juntar-se à minha causa.
Cumprimentos respeitosos.
Luís Freitas
Caro Lúis Freitas:
Estou sempre disponível para participar em causas que tenham como objectivo o engrandecimento do Vitória. Toda a minha vida tenho feito o que posso para que o nosso clube seja mais forte, mais competitivo e mais reconhecido como uma potência do desporto nacional.
Luis,
Para grande espanto meu, na passada segunda feira chego a casa e deparo-me com a apresentacao de um programa inovador na SporTV. Com imagens exclusivas do videoarbitro, cedidas pela FPF. A coisa foi tao inovadora que ate meteu discurso do Presidente da Liga.
Nao é que a analise das imagens é feita por comentadores afectos ao estarolismo? Sera isto a verdade desportiva? Sera que é assim que se defende o produto futebol?
O Presidente da Liga cauciona este tipo de programas?, em que a verdade tem apenas tres lados. Onde, semanalmente, tres Clubes analisarao os lances que quiserem na perspectiva que entenderem!
O Futebol Portugues vive na mentira e da mentira. Mais uma vez os responsaveis pela sua saude sao os primeiros a compromete-la.
JVC
Caro JVC:
Quando vi o anúncio desse programa pensei exactamente a mesma coisa.
A falta de vergonha neste país futebolistico parece, de facto, não ter limites.
E o que me admira, e indigna,é o silêncio de todos os outros clubes perante estas afrontas à verdade desportiva.
Um dia o 25 de Abil chegará ao futebol.
Pena é estar a tardar tanto
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