"E também não irei ao trigésimo sétimo ,em
Lisboa, que consagrará Rui Rio e dará início a um período da vida do PSD sobre
o qual tenho as maiores interrogações. E preocupações..."
Em 23 de Janeiro terminava a minha habitual crónica para o jornal digital Duas Caras com as linhas acima transcritas nas quais evidenciava a minha preocupação com o que será esta nova fase do PSD e manifestava a intenção de não ir ao congresso.
Mas acabei por ir.
Numa lógica de amizade e solidariedade com um conjunto de pessoas amigas, com as quais tinha trabalhado diariamente durante três meses na candidatura de Pedro Santana Lopes, que estariam todas elas presentes no conclave laranja.
E não quis ser o único a faltar.
E portanto o previsto, nessa matéria, a 23 de Janeiro acabou por não se confirmar mas o resto, infelizmente, confirmou-se e até acabou por se agravar.
Tenho de facto preocupações com o que se vai passar daqui em diante.
Preocupações agravadas por algumas escolhas de Rio para os orgãos nacionais,e em especial para a Comissão Política, que me parecem insensatas e mais potenciadoras de problemas do que de soluções.
Preocupações com a forma como foi tratada a questão da liderança do grupo parlamentar que em nada contribuiu para a coesão do partido e bom funcionamento desse importante orgão e depois ainda agravada com a não convocatória do líder em funções para uma reuniao de um orgão em que tem assento.
Preocupações com o vasto conjunto de generalidades dos dois discursos de Rui Rio ao congresso com ideias e propostas com que é fácil estarmos todos de acordo incluindo o PS,o CDS, o PCP, e o BE e por isso sem uma marca distintiva que faça a diferença.
Preocupações ainda com a obsessão que alguns dos novos dirigentes parecem ter contra o governo de Pedro passos Coelho e que os terá levado na primeira reunião da comissão política a passarem mais tempo a criticá-lo do que a discutirem a melhor forma de fazerem oposição ao PS e ao governo da Frente de Esquerda.
Preocupações, finalmente, com o facto de a estratégia de aproximação subalterna ao PS, em que Rio insiste perante a rejeição sobranceira dos socialistas em tudo que não sejam questões que lhes interessam, ter tudo para correr muito mal ao PSD.
Fora a amizade que me levou ao congresso e as preocupações que para ele levei e que dele trouxa agravadas que mais dizer sobre este congresso?
Que foi uma reunião relativamente "morna", que não ficará na História do PSD como um grande congresso, e que os momentos mais importantes e que colheram maior atenção (e aplausos) dos congressistas foram a intervenção de despedida de Pedro Passos Coelho na sexta feira e os discursos de Luís Montenegro e Pedro Santana Lopes no sábado alturas em que perpassou pela sala uma certa nostalgia dos grandes congressos do passado.
Inicia-se agora uma nova etapa.
Marcada positivamente pelo entendimento entre Rui Rio e Pedro Santana Lopes na elaboração das listas conjuntas a vários orgãos do partido naquilo que pode ser entendido como um bom exemplo de pedagogia democrática entre quem ganhou e quem perdeu e um esforço para a unidade interna.
Preciso é que a partir de agora as intenções subjacentes a esse entendimento não se fiquem por meras intenções e tenham consequências práticas na vida do partido ao longo dos próximo dois anos.
Desejo que assim seja.
Cá estaremos todos para avaliar se é.
Depois Falamos
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