O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.
O PSD concluiu este fim de semana o seu processo normal de renovação
dos orgãos dirigentes com a realização do seu trigésimo sétimo congresso em que
elegeu as equipas que vão dirigir o partido nos próximos dois anos.
Concluiu assim um processo iniciado a 13 de Janeiro quando em eleições
directas elegeu o presidente da comissão política nacional dando a Rui Rio o
mandato para dirigir o partido nos próximos dois anos.
É sabido, porque da natureza das coisas, que uma eleição
disputadíssima entre dois candidatos e respectivos apoiantes cria sempre
algumas fracturas internas que o bom senso obriga a que sejam sanadas o mais
rapidamente possível a bem dos superiores interesses do partido.
E o PSD não foge à regra.
As directas dividiram o “país laranja” a meio, Rui Rio venceu em doze
dos círculos eleitorais e Pedro Santana Lopes em onze, e os três mil e poucos
votos de diferença numa eleição em que quarenta por cento dos militantes com
cotas pagas não exerceram o direito de voto obrigam a especiais cuidados na
reconstrução interna.
Deve dizer-se que nesse aspecto Rui Rio e Pedro Santana Lopes souberam
estar à altura do que as circunstâncias exigiam e conseguiram transmitir uma
imagem extremamente positiva do vontade em unirem o partido.
Conversaram na semana anterior, entraram juntos no primeiro dia de
trabalhos, elogiaram-se mutuamente nos discursos, assistiram lado a lado a boa
parte do congresso e constituíram equipas de trabalho que após negociações
naturalmente complexas, e algo morosas, conseguiram levar a nau a bom porto e
constituírem listas conjuntas para vários orgãos nacionais.
E assim foi possível que para a Mesa do Congresso, o Conselho Nacional
e o Conselho de Jurisdição Nacional fossem constituídas listas respeitando a
proporção eleitoral saída das eleições directas.
De fora ficou, naturalmente,a Comissão Política Nacional que é um
orgãos que sendo o “executivo” do partido deve ser escolhido exclusivamente
pelo líder conforme aconteceu.
Foi um exemplo de bom senso, de inteligência e de pedagogia
democrática que ficou bem a Rui Rio e a Pedro Santana Lopes, que prestigiou o
PSD e marcou a diferença em relação ao sucedido no PS depois da disputa entre
António Costa e António José Seguro.
E essa foi a grande lição do congresso e a imagem mais forte que dele
fica.
Agora falta o resto.
Que é levar ao dia a dia do partido esse desejo de unidade e permita ,quando
for o tempo de fazer escolhas, manter um clima de entendimento que respeitando
as naturais diferenças e prioridades permita que o PSD enfrente os desafios
externos num espírito de união que o torne naturalmente mais forte.
Para lá desse clima de união entre as partes o Congresso ficou marcado
ainda por outros aspectos que poderão,ou não, ter influência na vida futura do
partido.
As escolhas de Rui Rio para a Comissão Política Nacional (repito que é
matéria exclusiva do presidente do partido) estiveram muito longe de serem
consensuais e mereceram a discordância de muitos dos seus apoiantes nas
directas que consideraram não terem sido devidamente “recompensados” pelo apoio
prestado.
Sendo certo que fazer escolhas é sempre muito difícil não deixa de ser
igualmente verdade que algumas delas são surpreendentes quer pelas ausências quer
por uma ou outra presença muito difícil de entender face ao contexto que rodeia
os escolhidos.
Refiro-me concretamente a Salvador Malheiro e muito especialmente a Elina Fraga cuja escolha desagradou de forma generalizada a todos os
congressistas como foi bem patente na sessão de encerramento do congresso.
Outro aspecto aspecto que marcou, e muito, o congresso foi o discurso
de Luís Montenegro que foi ao púlpito dizer algumas coisas que tinham de ser
ditas, olhos nos olhos como deve ser nestes casos, e que manifestando o apoio
ao líder eleito não deixou também de marcar terreno para o futuro deixando
claro que para Rui Rio a alternativa única é ganhar eleições.
Agora com a casa arrumada, com orgãos eleitos e líder escolhido, o PSD
tem de se preocupar em falar para fora e apresentar políticas que entusiasmem os
portugueses e lhe permitam ganhar o país em 2019 dando sequência natural às
duas anteriores vitórias em eleições legislativas.
Todos sabemos que não é fácil.
Mas também sabemos, todos, que nunca foi fácil em quarenta e quatro
anos de História do PSD.
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