O meu artigo desta semana no jornal digital Duas Caras.
É da boa praxis política, desde sempre, as oposições desvalorizarem as
acções e obras do Poder enquanto este procura maximizar as suas realizações
tendo ambos,oposição e poder, as mais legítimas e democráticas justificações
para assim procederem.
Sempre assim foi, e não apenas na política, razão pela qual ninguém se
deve admirar, e muito menos escandalizar , quando assim acontece.
E por isso é perfeitamente comum nos parlamentos, seja o nacional
sejam os municipais, assistirmos a dialécticas desse género com o Poder e as
bancadas que o apoiam a auto glorificarem-se enquanto os partidos de oposição
procuram demonstrar que a cada momento o rei vai nu.
Em Guimarães não se foge a essa regra.
E por isso é normal que nas reuniões de câmara e de assembleia
municipal se assista a um PS que procura dizer que tudo que fez foi bem feito
sempre (não me lembro de alguma vez ter visto o PS ter a humildade de
reconhecer que se enganou!)enquanto a oposição procura desmontar esse discurso
fazendo ver que a realidade não é bem assim e que a velha, de trinta anos,
maioria socialista também comete erros, omissões e “pecados” quejandos.
Na reunião da assembleia municipal da passada sexta feira não se fugiu
a essa regra.
O PS a defender que tudo corre às mil maravilhas, que não foram
cometidos erros em área alguma, que tudo que se fez,faz e fará é ideia deles e
que a oposição não só não tem razão como não tem ideias nem teve programas nas
ultimas eleições.
Um discurso tão velho como a própria maioria socialista.
O que não deixa de ser curioso visto o PS ter a velha prática de
copiar algumas ideias do PSD de há muitos anos a esta parte.
Tive oportunidade de questionar o presidente da Câmara sobre duas
questões específicas:
A saída dos dois principais responsáveis da cooperativa “Oficina” e a
mudança da sede da empresa “Rodrigues e Camacho” de Silvares para Brito.
No primeiro caso interrogando o presidente sobre como era possível ele
ser o último a saber dessas saídas recordando que em reunião de câmara dissera
nada saber e no fim da reunião a vice presidente anunciava à comunicação social
que os dois responsáveis tinham saído e no outro com a proposta levada a
reunião autorizando essa mudança para terrenos para onde ela eventualmente não
poderia mudar por imposição legal e que só a intervenção de um vereador do PSD
evitara que se aprovasse uma possível ilegalidade.
O presidente de câmara considerou essas duas questões como
“minudências” desvalorizando o não saber das saídas e garantindo que embora
tivesse sido ele próprio a mandar retirar a proposta ela nada tinha de ilegal.
Minudências!
A saída de José Bastos, nomeadamente, que no anterior mandato
fora o vereador da Cultura e que nas
duas últimas décadas tem um trabalho reconhecido nessa área,da cultura, é para
Domingos Bragança uma tal “minudência” que nem se importou de ser o último a
saber.
É, no mínimo, de pasmar.
E uma proposta da sua maioria para autorizar a mudança de uma empresa
para terrenos de reserva agrícola e contíguos a um núcleo habitacional, que em
termos de PDM não permitem esse tipo de ocupação, é outra “minudência” que não
importa valorizar.
Como se a Ecoibéria ou o problema dos armazéns municipais em
Polvoreira nunca tivessem existido.
O presidente da câmara tem o óbvio direito de desvalorizar com quem
ele trabalhou, de relativizar os erros de com quem ele trabalha, de considerar
que tudo corre no melhor dos mundos no novo ducado de Bragança.
Talvez não fosse pior, e a História recente aconselha-o nesse sentido,
era estudar com mais profundidade o real significado de “minudência”.
Para um destes dias não ter surpresas desagradáveis...
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