A crise no grupo parlamentar do PSD tem um único responsável e obedece a uma única estratégia.
O responsável é Rui Rio e a estratégia visa ele poder livrar-se nas listas para as legislativas de 2019 de quase todos( sobrarão sempre um ou outro porque dá jeito disfarçar a ... purga) aqueles que não o apoiaram nas directas de 13 de Janeiro.
Rio gosta de gerir em conflito ele próprio o afirmou na passada semana.
E este conflito com o grupo parlamentar já vem da campanha das directas, foi criado por ele, e alimentado estrategicamente de molde a ter o desfecho que teve.
Nada aconteceu por acaso.
Nas directas Rio deixou cair que não queria Hugo Soares e a sua direcção mostrando assim completa discórdia com o voto de 85% dos deputados que o tinham eleito poucos meses antes.
Ou seja foi mexer com quem estava quieto e desrespeitou a escolha livre de um orgão com autonomia própria.
Uma vez eleito protelou a reunião que Hugo Soares lhe pedira de imediato até ao limite do insustentável passando, inclusive, vários dias sem atender o telefone ao líder parlamentar do seu próprio partido.
Mais um desrespeito pelo líder parlamentar e pelo próprio grupo.
Na reunião, ao que se sabe, limitou-se a dizer que queria outra direcção no grupo parlamentar sem precisar o porquê e sem referir em que é que a direcção em funções não lhe agradava.
Queria mudar...porque...porque...porque sim!
No entretanto, e contrariamente ao que fizeram todos os seus antecessores, deixou passar quase mês e meio sem reunir com o seu grupo parlamentar num desprezo pelo orgão que muitos entenderam, e bem, como autêntica provocação.
Note-se que teve tempo para reunir com António Costa, para tratar dos assuntos que interessavam a António Costa, mas não teve tempo para reunir com os seus próprios deputados!
Mais uma manifestação de desrespeito.
A dois dias da eleição da nova direcção desrespeitou os estatutos do partido, o líder parlamentar e o próprio grupo parlamentar ao não convocar, com uma justificação anedótica, Hugo Soares para uma reunião em que tinha estatutariamente direito a estar presente.
Há portanto, de forma deliberada e estratégica, uma escalada de provocação ao grupo parlamentar preparando a eleição da nova direcção da única forma que interessava a Rio e que era as coisas darem no que deram.
Claro que para isso era necessário encontrar quem se prestasse ao "sacrifício" de protagonizar uma candidatura que tinha tudo para correr mal.
E naturalmente que Rio não querendo queimar um "fiel" numa batalha que queria deliberadamente perder (pensando que depois ganhará a guerra...)tinha de encontrar alguém que tendo,preferencialmente, apoiado Pedro Santana Lopes desse a ideia, falsa como Judas, que a eleição da nova direcção parlamentar seria um passo rumo à unidade.
Não terá tido dificuldade em encontrar, na pessoa de Fernando Negrão, quem se voluntariasse para esta batalha faltando apenas saber até que ponto o "voluntário" está por dentro de toda a estratégia ou é apenas uma figura instrumental ao serviço da mesma.
Em 2019 seguramente saberemos.
As coisas correram como se sabe.
Mal para o PSD, mal para a imagem do partido, mal para a imagem do grupo parlamentar mas muito bem para a estratégia de Rui Rio que no auge da "batalha" desapareceu do combate remetendo-se a um silêncio que diz mais que muitas palavras.
Tendo agora o pretexto, justificativo perante a opinião publica, da razia que vai fazer em 2019 nas listas de deputados delas purgando todos,ou quase, que não o apoiaram e que estiveram ao lado de Pedro Santana Lopes ou não optaram por nenhum dos candidatos.
E por isso aparecem agora protagonistas diversos(alguns dos quais se tivessem vergonha na cara estavam calados depois de andarem quatro anos a torpedear o governo de Passos Coelho), com responsabilidades presentes e/ou passadas no partido a vários níveis, a falarem a uma só voz na condenação da expressão da liberdade individual de cada deputado na hora de votar e pretendendo a sua excomunhão partidária ou punição equivalente.
Naquilo que não é mais que uma canhestra e ridícula manobra de diversão das responsabilidades de Rui Rio, e da sua direcção é claro, na crise que o partido vive apenas uma semana depois de um Congresso que devia ter sido o início de um novo ciclo.
As coisas são o que são.
Rui Rio tem o direito, por mais execrável que para muitos ela seja, de ter esta estratégia de afrontamento ao grupo parlamentar e de criação de condições que perante a opinião pública justifiquem a purga que aí vem.
Não tem , nem ele nem os seus porta vozes, é o direito e a moral de atribuírem a outros as responsabilidades que lhes cabem nesta triste situação.
Depois Falamos.
P.S. O Congresso foi a prova provada que onde quis consensos Rui Rio fê-los.
No Grupo Parlamentar é evidente que não quis!
3 comentários:
Caro Cirilo:
Rio funciona como um soba -senhor de toda a aldeia, cujos habitantes pode vender.
Nem vale a pena falar, ele e a sua trupe de iluminados são assim mal-formados.
Parabéns pela análise que está fantástica.
Ainda bem que no nosso partido há quem continue de olhos abertos e não tenha medo de dizer a verdade.
Este Rio deixa muito a desejar como líder e aqui no Porto já mostrou bem a sua intolerância e autoritarismo.
Espero que no nosso partido não lhe permitam fazer o mesmo.
Cara il:
Acho que ele está a ir por mau caminho. Por teimosia própria e porque está mal aconselhado.
Caro Pedro Ramos:
Obrigado pelas suas palavras.
Neste blogue sempre escrevi com total liberdade e assim continuarei a fazer sempre.
Quanto ao nosso partido é evidente que estou muito preocupado.
Porque normalmente depois da "tempestade" (directas) vem a "bonança" (novo ciclo) e o partido segue em frente.
Desta vez o que vejo é a "tempestade" a agravar-se.
Enfim tenhamos esperança que as coisas se componham.
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