quinta-feira, junho 18, 2020

Lisboa

A realização desta atípica fase final da Liga dos Campeões em Lisboa merece um aplauso e três discordâncias.
O aplauso para a FPF que através de Fernando Gomes e Tiago Craveiro, cujo peso na UEFA é hoje muito grande, conseguiram numa hábil jogada de antecipação e diplomacia trazer para a capital do país a fase decisiva da mais importante prova de clubes a nível europeu e mundial.
E mesmo nas condições muito especiais em que se disputará será sempre bom para Lisboa onde o mundo do futebol terá os olhos durante onze dias.
E se digo, e repito, bom para Lisboa é porque Portugal é outra realidade que nada tem a ver com a velha obsessão de que Portugal é Lisboa e o resto é paisagem.
E essa é a primeira discordância.
Porque aplaudiria sem reservas a vinda para Portugal desta fase final se ele ficasse sedeada no norte do país e não na capital do falecido império.
Por razões de saúde pública, de igualdade desportiva, de promoção de Portugal.
Então se a razão para esta fase final ser assim, com todos os jogos na mesma cidade, é a pandemia que assola a Europa vai-se fazer essa fase final na região do país onde a pandemia está mais activa e dando a sensação de estar fora de controle?
Faz algum sentido?
Quando no norte do país as coisas estão perfeitamente controladas e as garantias sanitárias bem melhores.
Depois a igualdade desportiva.
Lisboa (e arredores) já acolheram quatro finais europeias de clubes.
Duas finais da Liga dos Campeões, uma na Luz e outra no Jamor, uma final da extinta Taça das Taças (na Luz) e uma final da Liga Europa em Alvalade.
No Norte nunca tal aconteceu.
A promoção de Portugal é algo de bem diferente da contínua promoção de Lisboa.
Centrar as atenções do mundo do futebol no Porto, em Guimarães, em Braga seria, isso sim, mostrar um belíssimo Portugal fora de Lisboa e que também merece ser promovido.
A segunda discordância tem precisamente a ver com a subalternização do norte.
As três cidades que referi, todas elas próximas umas das outras, garantem capacidade hoteleira mais que suficiente para receberem as oito equipas que vão disputar a fase final, garantem quatro estádios à altura (Dragão, D.Afonso Henriques, Bessa e Municipal de Braga)e garantem centros de treino suficientes para todas as necessidades.
Para lá de um clima mais suave para a altura do Verão em que os jogos se vão disputar.
E por isso lamento muito que a obsessão por beneficiar Lisboa, promover Lisboa, fazer de Lisboa o centro de tudo tenha significado o desperdiçar de uma bela oportunidade para promover outra região do país que bem o merece.
A terceira discordância é mais um ponto de interrogação do que uma discordância.
Não percebo porque razão a FPF, cujo brilhante trabalho em tantas áreas (e também no conseguir esta fase final) tenho várias vezes elogiado, não gastou uma pequena parte da energia que consagrou a este assunto da Liga dos Campeões a organizar uma fase final do Campeonato de Portugal, com os dois primeiros classificados de cada série, para que as subidas de divisão fossem por mérito desportivo e não por decisão administrativa que fere de forma injusta todos os clubes excepto os dois escolhidos.
É pena que as coisas sejam assim.
E é essencialmente pena que Portugal não aproveite estes momentos para se afirmar como um todo e não apenas como uma pequena parte.
Depois Falamos

4 comentários:

Anónimo disse...

caro Luís Cirilo.

Sou contra qualquer tipo de centralismos, não nos devemos esquecer de que a liga das nações foi no Porto e Guimarães ninguém em Lisboa Chorou por isso.
Por esse lógica Setúbal também poderia receber jogos se a DGS permitiu ao Vitória jogar no Bonfim certamente a UEFA permitiria 1 jogo no Bonfim.


Ass

luis cirilo disse...

Caro cards:
Quer que lhe lembre quantos eventos Lisboa teve ao longo dos anos que o Norte nunca viu?
Quatro finais europeias de clubes,meia final e final de um europeu de selecções, Expo 98, várias edições do Web Summit e por aí fora. Que é uma fase final da Liga das Nações á beira disso?
Bonfim? Isso deve ser anedota. Acha que um dos piores estádios de Portugal, velho e ultrapassado podia receber um jogo de uma fase final da Liga dos Campeões? Você conhece os balneários do Bonfim? E o túnel de acesso ao relvado? Está a brincar de certeza.

Anónimo disse...

Caro Luís Cirilo,

Apesar de viver em Setúbal sou transmontano, de Vila Real, e o que os portuenses falam de Lisboa falamos nos, transmontanos,do porto. O portoija doi capital europeia da cultura receveu euro tem 3 festivais de musica. O Norte também é Vila Real e Bragança e em tras os montes não hä capitais europeias, IPO, e para ter autoestrada foi o que fou

Quanto à Champions ser em Lisboa uma estupidez fazia mais sentido ser no norte aí concordo consigo, só não concordo no choro.

não se esqueça de que se não houvesse pandemia a supertaça europeia seria no estádio do dragão.
Em 2019 liga das nações 2020 seria supertaça europeia.

luis cirilo disse...

Carissímo:
Tal como Lisboa não é Portugal também o Porto não é o norte.
Lisboa também foi capital da cultura que eu saiba e se o Norte recebeu o Euro em Porto,Guimarães e Braga a verdade é que os jogos decisivos foram em Lisboa, Quanto a Vila Real e Bragança desculpe que lhe diga mas é desconversar porque nenhuma dessas cidades tem estádios e capacidade hoteleira para receber a final four da taça da liga quanto mais uma fase final a oito da Champions.
Supertaça europeia? É parecido com a fase final com os oito melhores clubes da Liga dos Campeões desta época não é?