A propósito de notícias e acontecimentos dos últimos dias aqui se
alinhavam algumas ideias sobre os mesmos sendo que todos eles têm a ver com a
Federação Portuguesa de Futebol e a própria selecção nacional.
Comecemos pelo futebol propriamente dito.
Campeão europeu em título Portugal iniciou esta sexta-feira a fase de
apuramento para o Europeu 2020, que terá uma estranha fase final (assunto para
próxima crónica) bem ao sabor das modas economicistas da UEFA, disputando com a
Ucrânia o primeiro jogo de uma dupla jornada em que defronta precisamente os
seus mais fortes concorrentes a uma obrigatória qualificação para a tal fase final
estranha.
Não começou bem.
E não começou bem “apenas” porque não ganhou um jogo em que foi sempre
a melhor equipa (mal estávamos…), em que criou as melhores oportunidades de
golo mas em que não conseguiu vencer porque uma soberba exibição do guardião
ucraniano a par das responsabilidades dos nossos jogadores no não serem
eficazes na concretização a isso obstou.
Ainda assim creio que Portugal fez uma boa exibição, atacando muito
bem pelos flancos (Cancelo e Guerreiro em grande plano) mas menos bem no jogo
interior, demonstrando que apesar do empate continua a ser, e de longe, o
grande favorito a vencer o grupo.
Creio que Fernando Santos armou bem a equipa, adoptou a estratégia de
jogo correcta, fez as alterações que se impunham mas era daqueles jogos em que
se tinha a sensação de que nem que se jogasse mais uma hora ou duas a bola
conseguiria entrar!
E a propósito das substituições (e se algumas vezes tenho criticado o
seleccionador nessa matéria ontem concordei com as opções) ouvi na bancada em
meu redor pedidos para entrar João Félix, Pizzi, Diogo Jota ou Gonçalo Guedes
(cada cabeça cada sentença…) mas em bom rigor creio que as entradas de Rafa
para dar profundidade, Dyego Sousa para dar mais poderio físico na área e João
Mário para dar critério quando a equipa saia a jogar eram as que se impunham
naquele contexto.
Talvez João Mário pudesse ter entrado mais cedo, talvez devesse ter
saído William Carvalho e não Ruben Neves (por causa da meia distância
essencialmente) mas isso são apenas detalhes que provavelmente também não
teriam dado resultado diferente.
Em bom rigor, e numa nota bem pessoal, o único jogador que talvez
pudesse ter feito a diferença com os seus cruzamentos teleguiados e os momentos
de magia que “saca” quando menos se espera mas mais se precisa era…Ricardo
Quaresma.
Mas não fez parte das escolhas para esta dupla jornada.
E o segundo apontamento tem precisamente a ver com o facto de a
jornada ser dupla e os dois jogos serem no mesmo estádio.
Li recentemente uma estatística da utilização pela selecção nacional
dos estádios de Portugal e fiquei impressionado com alguns dos números que lá
li.
Por exemplo a Luz ter mais do dobro dos jogos de Dragão e Alvalade
juntos e de estádios sem público e onde não joga nenhuma equipa regularmente
(Algarve e Leiria) serem os segundo e terceiro em utilização à frente de
estádios com excelentes médias de assistências como os referidos Dragão e
Alvalade ou o D. Afonso Henriques.
Pior ainda é o facto de em Alvalade nos últimos dez anos a selecção ter
jogado apenas duas vezes (!) sendo que um dos jogos foi particular pelo que o
estádio do Sporting apenas teve direito a um jogo oficial em toda uma década.
Isto quando na Luz se disputaram doze jogos oficia no mesmo período de
tempo.
É incompreensível e é, também, uma situação que tem de ser revista o
mais depressa possível a bem de equilíbrios que não podem deixar de existir no
nosso futebol bem como a uma posição de neutralidade que a FPF tem de manter
perante todos os clubes.
Ainda agora nesta jornada dupla é difícil perceber que sendo o jogo de
sexta-feira na Luz não tenha sido marcado o de segunda-feira para Alvalade e
não são seguramente os pormenores de decoração das bancadas que explicam isso.
Uma nota final para notícias destes dias que referem ser desejo da FPF
diminuir o número de clubes que disputam a primeira divisão bem como acabar com
a taça da liga para deixar mais datas disponíveis para as equipas portuguesas
que disputam competições europeias.
Manifestando até vontade, imagine-se, de não haver jornadas do
campeonato quando as equipas portuguesas disputam jornadas europeias a eliminar
em semanas consecutivas para que elas possam ter mais tempo de descanso.
Evidentemente não o diz, mas o desejo está lá, que também o ficar com
mais datas para jogos particulares da selecção chorudamente pagos é
possibilidade que lhe agrada de sobremaneira e vem juntar o útil ao agradável.
Útil e agradável para a FPF bem entendido.
Porque para a generalidade dos clubes portugueses menos jogos, menos
receitas, menos uma competição onde podem enriquecer o palmarés (Vitória
Futebol Clube, Moreirense e Braga que o digam) e angariar proventos diversos não
é hipótese minimamente agradável nem me parece que possa colher o seu apoio.
Creio que a FPF deve reflectir.
E essa reflexão sendo bem feita dir-lhe-á que o futebol português é
muito mais que a selecção, o Benfica, o Porto e o Sporting.
E disso não s epodem esquecer nunca!
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