O meu artigo desta semana no zerozero.
Somos, todos
o sabemos, um país de extremos em que as viagens entre o oito e o oitenta se
fazem quase à velocidade da luz bastando para tal que aquilo que temos em
observação sofra alterações por mais ligeiras que sejam.
Tratando-se
de futebol, então, os exageros acentuam-se e as viagens entre oito e oitenta
fazem-se a velocidades bem superiores às da própria luz!
Vem isto a
propósito dos dois recentes jogos particulares da selecção nacional, face a
Egipto e Holanda, cujos desfechos se saldaram por resultados bem diferentes e
que propiciaram muitas reacções bem “à portuguesa”.
Com o
Egipto, e alinhando um onze inicial mais próximo do que devem ser as escolhas
de Fernando Santos para o Mundial, a selecção não fez um grande jogo mas o “santo
milagreiro” Cristiano Ronaldo tudo compensou ao marcar por duas vezes em tempo
de descontos e transformando uma derrota que parecia inevitável numa vitória
que acabou por se revelar bem mais saborosa do que o previsto.
Vieram os
elogios a uma equipa que nunca desiste,
a jogadores que deram o “litro” até ao último minuto, ao estatuto de campeão
europeu que a selecção soube honrar pela forma como lutou até ao fim entre
vários outros elogios deixando de lado a exibição modesta e o estatuto do
adversário.
Face à
Holanda o seleccionador optou por ver muitos jogadores em simultâneo, dos menos
utilizados ou até em estreia como Mário Rui, em detrimento do colectivo que não
podia existir com tanta gente (toda a defesa por exemplo) a jogar junta pela
primeira vez e o resultado acabou por ser uma derrota pesada.
Perante uma
equipa holandesa em renovação, já sem as grandes figuras de anos recentes como
Van Persie, Robben ou Kuyt, que não estará no Mundial mas tem,ainda assim, bons
valores e sobretudo uma “escola” futebolística que não pode ser ignorada quando
se analisa o seu desempenho.
E a verdade
é que a Holanda fez três golos, em quatro ou cinco remates, mas o domínio de jogo
foi de Portugal que criou várias
oportunidades para marcar só não o fazendo devido à excelente exibição do
guarda redes holandês.
Quero com
isto dizer que Portugal jogou bem?
Não. Nem por
sombras.
Mas também
não jogou tão mal como alguns comentários querem fazer crer nem deixou uma
imagem menos digna do futebol português ou do seu estatuto de equipa campeã
europeia em titulo.
Apenas fez
um jogo menos conseguido, em que o seleccionador fez questão de ver o máximo
possível de jogadores para eliminar duvidas
quantos aos 23 que vai levar à Rússia com isso correndo o risco de o resultado
ser o que...foi, numa altura da época em que campeonatos e provas europeias
estão em fases decisivas o que obriga os seleccionadores a uma gestão
inteligente dos jogadores nestes jogos
de preparação.
Aliás se
quisermos fazer um pequeno esforço de memória recordaremos que em Novembro do
ano passado, em Leiria face aos Estados Unidos, já Portugal tinha feito um jogo
de experiências(Rony Lopes, Gonçalo Paciência, Bruma, Ricardo Ferreira,etc) que
se saldou por um empate a um golo como corolário de uma exibição sem brilho num
jogo em que o resultado não era o mais importante.
Creio por isso não haver razão para preocupações com os resultados e
exibições destes dois jogos, em que o objectivo era mesmo ver jogadores, porque
todos sabemos que quando é a “doer” a selecção tem dado excelentes respostas e
alcançado os seus objectivos pelo que merece a tolerância que as passagens do “oitenta”
para o “oito” nem sempre lhe concedem.
Preocupações haverá, isso sim, com as opções limitadas que Fernando Santos
parece ter para algumas posições (especialmente o centro da defesa que está
todo ele muito...trintão) mas isso será tema para próximo artigo.
Para já fica a expectativa sobre quem serão os 23 escolhidos para o
Mundial porque, uma vez definidos, serão
eles a fazerem os três jogos de preparação restantes (Tunísia, Bélgica e
Argélia) nos quais o grau de exigência, aí sim, será bem maior.
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