Há um Portugal para lá das sondagens, da propaganda do governo, das entrevistas à "Visão" em que se aproveita para mandar recados para todo o lado como é típico de alguém que se acha em cima da burra e dono disto tudo.
É o Portugal real.
O Portugal que tem um governo que cobardemente se escondeu atrás de pretextos patéticos, com a sempre prestável cumplicidade do omnipresente homem de Belém, para não acompanhar a generalidade dos países europeus numa firme tomada de posição quanto à Rússia.
Embora também há quem diga que essa posição, lamentável em qualquer dos casos, foi o preço a pagar pelo apoio russo à eleição de Guterres para a ONU.
O Portugal que, anestesiado pelo discurso mentiroso e repetido até à exaustão do fim da austeridade, quase não deu por ela que está debaixo da maior carga fiscal dos últimos vinte e dois anos contrariando todo o discurso oficial da reposição de rendimentos.
O Portugal que sofreu esta semana o maior aumento dos combustíveis desde 2015 e já sabe que para a semana voltam a aumentar.
O Portugal que assiste ao agravar dos problemas na área da saúde com a dívida a disparar, alguns hospitais em risco de colapso, o SNS em sério risco de sustentabilidade bem ao contrário do que anda a pregar o governo sobre ter salvo o SNS. O mesmo país que incrédulo ouviu o respectivo ministro bolsar no Parlamento uma inenarrável baboseira - "Somos todos Centeno"- como se a situação estivesse para graçolas sem piada.
O Portugal que vê, sem entender, vinte e um deputados socialistas votarem favoravelmente uma moção do PCP censurando duramente Espanha pela situação na Catalunha naquilo que é uma inqualificável ingerência em questões internas de um país vizinho, amigo, aliado e grande parceiro comercial onde existe uma democracia consolidada e um Estado de direito com regular funcionamento das instituições ao contrário, é bom dizê-lo, das ditaduras criminosas que o PCP sempre defendeu com unhas e dentes de Cuba à União Soviética passando pela Coreia do Norte.
O Portugal que se indigna, pleno de razão, com mais umas centenas de milhões injectados no Novo Banco à custa dos contribuintes precisamente ao contrário do que o aldrabão encartado que ocupa o lugar de primeiro ministro sempre garantiu que nunca aconteceria.
Um Portugal que não percebe que a Santa Casa da Misericórdia de Lisboa vá gastar milhões em mais um banco sem futuro desviando da assistência social verbas que tão úteis seriam para as ir deitar rigorosamente ao lixo numa instituição que sucessivos gestores não souberam governar.
Um Portugal que ainda , e por muitos anos, perseguido pela imagem das terríveis tragédias com os fogos do Verão passado não consegue perceber que o governo tenha falhado rotundamente nos concursos para a contratação de meios de combate aos fogos para este ano vendo-se obrigado a ajustes directos que serão muito mais dispendiosos e sem garantias de os meios estarem operacionais a tempo.
Um Portugal que embalado pela propaganda do governo, e de quem o sustenta no parlamento, quanto aos tempos novos", ao fim da austeridade e da precariedade, à reposição de direitos e rendimentos dos trabalhadores , fica sem perceber a onda de greves que aí vem nas áreas da saúde, da educação, dos transportes e o que mais se verá.
Finalmente um Portugal a quem o governo (mais PS,BE e PCP) garantem que tudo corre sobre rodas, que o entendimento na geringonça é melhor que nunca e que ela,geringonça é para continuar na próxima legislatura e depois assiste às declarações do secretário-geral do PCP pondo em causa a aprovação do próximo Orçamento de Estado!
Há de facto um Portugal para lá da propaganda, das sondagens e das entrevistas encomendadas.
Depois Falamos.
P.S. Claro que esse Portugal gostaria de ter ouvido ao líder da oposição, sobre ao menos um dos temas acima referenciados, uma palavra forte, critica e alternativa em que se demarcasse claramente de todas estas trapalhadas. mentiras e invenções do governo e dos partidos que o apoiam.
Gostaria...mas não ouviu!
2 comentários:
Caro Cirilo:
Gostava de ouvir uma palavra,in cha Allah, mas vai ouvir o silêncio cúmplice...
*como dizem os mouros
Cara il:
Eu sei.
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