
Há alturas em que nem se sabe que dizer.
Esta é uma delas.
Conhecia o Miguel há bem mais de 40 anos dos tempos em que ambos militávamos na JSD.
Aliás o seu pai era amigo de juventude da minha mãe e dos meus tios pelo que o conhecimento familiar já vinha de longe.
Ao longo desses mais de 40 anos sempre tivemos uma relação amiga e cordial pese embora termos estado quase sempre em campos opostos nas disputas internas da JSD e especialmente do PSD.
Que nunca afectaram nem interferiram nas relações pessoais.
Fomos colegas no Parlamento, onde ele era uma voz respeitada, e onde viria a ser um excelente líder parlamentar.
Terá sido, dito por vozes entendidas na matéria, o melhor ministro da administração interna que este país teve.
Deixou o cargo com enorme dignidade, por considerar que não o podia exercer diminuído na sua autoridade, quando foi injustamente envolvido num caso em que a Justiça viria a provar a sua total inocência.
Prova essa que não evitou os danos irreparáveis na sua carreira politica e na sua imagem pessoal para lá dos prejuízos financeiros inerentes a pagar a sua defesa num longo processo judicial.
Afastado por vontade própria dos palcos políticos exercia a sua profissão de advogado e comentava num canal televisivo com a ponderação, bom senso e assertividade que eram a sua imagem de marca. Partiu hoje tão novo e quando ainda podia dar tanto à sua terra, ao seu país e ao seu partido.
Porquê?
Há porquês que nunca terão resposta.
Este é um deles.
Descansa em paz Miguel.
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