sexta-feira, junho 25, 2021

Não !

Quem vier ler este texto em busca do politicamente correcto, do alinhar com as modas do tempo que vivemos, do embarcar em campanhas sem sentido pode desiludir-se porque aqui não vai encontrar nada disso.
Deixando bem claro que respeito por inteiro as opções sexuais de cada pessoa, sejam heterossexuais, homossexuais, lésbicas, gays, transgénero, bisexuais, intersexuais ou o que mais quiserem porque entendo que são opções que fazem parte da intimidade de cada um e ninguém tem nada que se meter onde não é chamado.
Importa é que as pessoas sejam felizes com as opções sexuais que fizeram.
Como não ignoro que há países e regimes onde a intolerância para fenómenos de sexualidade "diferente" assume formas de perseguição, de privação de direitos, de violência fisíca e psicológica sobre as pessoas cuja orientação sexual se insere naquilo que se convencionou chamar LGBTI e isso tem de ser denunciado de forma firme e combatido energicamente.
Sendo certo que tais perseguições e privações de direitos não ocorrem apenas na Hungria (alvo fácil para as demonstrações de indignação porque é um país pequeno e sem poder de qualquer género em termos internacionais) mas também nas riquissimas monarquias do Golfo Pérsico, na Rússia de Putin e noutros lados que se tornam mais incómodos de denunciar porque tem muito mais poder financeiro e militar.
Dito isto não posso concordar é com aquilo que vejo nos tempos que correm um pouco por todo o lado, perante a cobardia dos políticos e o desejo de alinhar pelo politicamente correcto de muitas instituições, e que consiste em essas respeitáveis minorias nos atirarem constantemente à cara com as suas muito respeitáveis opções sexuais organizando o dia disto, a marcha daquilo, a manifestação daqueloutro como se porventura aqueles que não são LGBTI tivessem de assumir alguma culpa, algum pecado, algum remorso por haver quem não entenda essas opções e não as pratique.
Pessoalmente, fiel seguidor da "escola" de Adão e Eva (ou seja homem com mulher são a minha opção sexual) mas sem nada contra Adões com Adões e Evas com Evas ou qualquer outra opção, estou literalmente farto do que vejo por aí e que teve agora um pico a propósito de a UEFA, e muito bem, não ter autorizado a iluminação da Allianz Arena com as cores do arco iris (símbolo do LGBTI) antes do Hungria-Alemanha naquilo que seria uma contestação política ao governo húngaro por causa de legislação aprovada sobre a matéria.
Vamos ser claros: É tempo de tudo quanto é movimento, organização, corrente de opinião, "moda" dos tempos presentes deixar de querer usar o futebol como montra para as suas ideias e posições especialmente quando se trata de assuntos que por muito respeitáveis que sejam nada tem a ver com futebol!
E a questão LGBTI nada tem a ver com o futebol.
Porque se o problema existe no mundo do futebol é de tal forma residual que não justifica minimamente que o futebol assuma as suas "dores" e , também ele, use vestes de culpa que manifestamente não lhe pertencem.
Significa isto que o futebol se deve manter afastado de causas sociais importantes?
Não.
Mas deve concentrar-se em causas que lhe digam respeito!
Como, por exemplo, o combate ao racismo que , esse sim, é um problema no futebol e deve ser denunciado, combatido (sem os exageros apalhaçados de as equipas se ajoelharem antes dos jogos) e erradicado tão depressa quanto seja possível.
Ou aquilo que se passa nas tais monarquias do Golfo Pérsico em que nalgumas delas as mulheres são proíbidas de irem aos estádios, ainda por cima num tempo em que a FIFA tanto quer promover o futebol feminino, entre outras práticas absolutamente discirminatorias e próprias da Idade Média sem que os que tanto se indignam com as discriminações aos LGBTI se mostrem igualmente indignados e tomem as medidas adequadas quanto a essa proibição aberrante.
E era fácil; bastava a FIFA expulsar as equipas masculinas desses paises das suas competições enquanto as mulheres continuassem a ser proibidas de algo tão banal como ir a um estádio.
Mas aí a hipocrisia é mais forte que os valores e desses países medievais entra muito dinheiro nos cofres da FIFA no patrocínio de competições e na arrematação de campeonatos do mundo como o do Catar no próximo ano.
Ao futebol o que é do futebol, à política o que é da política, aos costumes o que é dos costumes.
Não se veja neste texto desalinhado do politicamente correcto algum simpatia por posições homofóbicas, que detesto, ou alguma solidariedade com o governo húngaro do senhor Viktor Orbán com o qual não me identifico.
Apenas a opinião pessoal de alguém que está saturado do politicamente correcto em matéria de costumes, de ver serem-lhe impingidas (via cobertura da comunicação social a dias disto e marchas daquilo) opções sexuais de que não partilho e que nada me interessam , que não aceita que se queira fazer do futebol a montra ao dispor para todos quantos entendem que as suas posições minoritárias (mas respeitáveis) tem de ser "causa" imposta a todos.
A isso digo Não!
Depois Falamos.

P.S. A FPF , sob a liderança de Fernando Gomes e Tiago Craveiro, tem levado a cabo uma obra de extraordinária qualidade na defesa, promoção e desenvolvimento do futebol português e os resultados das selecções são a prova disso. Pena que também ela, nesta questão, tenha caído na tentação fácil do politicamente correcto.

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