sábado, abril 04, 2020

Centralizar

Dão conta as notícias destes últimos dias que alguns operadores televisivos (NOS, Altice, Sport-tv) se preparam para deixarem de pagar aos clubes os contratos referentes aos direitos de transmissão com o argumento de que os campeonatos estão parados e portanto não há jogos para transmitir.
Um dele, a Altice, teve até a inacreditável ousadia de se manifestar insatisfeita por não ter sido consultada quanto à paragem das provas como se  porventura a sua opinião interessasse para alguma coisa face ao que estava e está em jogo.
É uma situação que já se previa e sobre a qual já escrevi anteriormente.
E que vai causar graves transtornos aos clubes, à Liga e à própria FPF porque as receitas televisivas tem um peso decisivo nos orçamentos, especialmente dos clubes, e sem elas a sobrevivência de alguns pode até ser posta em causa.
Nada que não se adivinhasse, embora não tão cedo nem por esta razão de saúde pública, porque era evidente que o interesse das televisões pelo futebol não ia ser sempre o mesmo e com o tempo corria-se o risco de decrescer face à concorrência de outros produtos televisivos e ao diversificar de interesses dos telespectadores.
Parece-me claro que com todas as incertezas que rodeiam o futebol, desde a data do retomar das competições à crise económica que aí vem com brutal reflexo nos patrocínios publicitários, nenhuma televisão se encontrará em condições de cumprir os contratos anteriormente estabelecidos.
Seja em Portugal seja noutros países mas o nosso é o que mais interessa neste contexto.
E isso obrigará a uma renegociação quer de montantes quer de prazos o que abre aos clubes uma oportunidade única, quiçá irrepetível nos anos mais próximos, de negociarem de outra forma em relação ao que tem sido habitual.
Deixando de negociar cada um "per si" e passando a uma negociação centralizada dos direitos televisivos garantindo uma distribuição de verbas mais equitativa, e portanto mais justa, e com isso permitindo um maior equilibrio nas competições.
A exemplo, aliás, do que acontece em toda a Europa.
Já se sabe que Benfica, Porto e Sporting não vão querer, porque só pensam nos seus interesses e querem lá saber do que é bom para o nosso futebol, mas é uma oportunidade de todos os outros se fazerem ouvir e reivindicarem o que é justo.
Porque, repito, pode não haver outra oportunidade tão cedo.
Depois Falamos.

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