O meu artigo desta semana no zerozero.pt
Há um velho chavão, que a realidade vai confirmando, segundo o qual “o futebol é o momento”!
E é mesmo.
Sendo que os últimos meses, ou talvez anos, do Vitória Sport Clube
Futebol, SAD tem sido um exemplo disso com vários acontecimentos inesperados a
alterarem as rotinas de algo que parecia estar a correr dentro de alguma
normalidade.
A época passada, nem vale apena recuar mais do que isso, foi
perfeitamente atribulada com Moreno a
iniciar a temporada mas demitindo-se após o primeiro jogo do campeonato algo
raramente visto no futebol e de que não tenho memória alguma vez ter acontecido
no Vitória.
Foi substituído interinamente por João Aroso e depois apareceu de
forma absolutamente surpreendente Paulo Turra, e ao que parece contratado através
de uma conversa no Messenger (!!!), um técnico sem experiência no futebol
português enquanto treinador e que ao contrário do que foi então
peremptoriamente afirmado pelo presidente da SAD também não tinha as
habilitações necessárias para ser treinador principal!
Durou meia dúzia de jogos.
Com a chegada de Álvaro Pacheco regressou a estabilidade e a equipa
sob a sua direção fez um bom campeonato e conseguiu o apuramento para a Liga
Conferência a par de entre treinador e adeptos se ter estabelecido uma muito
especial empatia justificada pelos resultados e pela forma de ser e de estar do
treinador.
Mas o que é bom raramente dura muito, nestes tempos instáveis, e com a
época a terminar surgiu a novela de um clube brasileiro a querer contratar o
treinador e pese embora este tenha sempre mantido a entidade patronal ao
corrente do que se passava a SAD resolveu prescindir dos seus serviços e foi
Rui Cunha quem orientou a equipa no final de temporada.
Uma época em que a instabilidade no banco apesar de tudo não comprometeu
o apuramento europeu mas ficando por saber até onde poderia o Vitória ter ido
sem essa instabilidade quer se Moreno fizesse a época toda quer se aquando da
sua saída tivesse sido contratado de imediato Álvaro Pacheco em vez do evidente(
menos para quem o contratou) erro de
casting que foi Paulo Turra.
Esta época parecia ser diferente.
Foi contratado Rui Borges, autor de um bom trabalho no vizinho
Moreirense, e a época parecia ser de sucesso face às exibições e resultados que
a equipa ia conseguindo e que estavam a despertar um enorme entusiamos nos
adeptos que fruto a sua paixão pelo clube estão sempre disposto a
entusiasmarem-se ao mínimo sinal de esperança.
Magnífico percurso na Liga Conferência com dez triunfos e dois empates
que lhe permitiram o segundo lugas na fase liga e o apuramento directo para os
oitavos de final.
Um excelente inicio de campeonato com quatro vitórias nos cinco
primeiros jogos, e uma derrota nas Aves que foi fruto daqueles dias em que nada
sai bem no futebol, mas a partir daí uma quebra de rendimento (minimanente
explicável pelo foco na Europa) com apenas um triunfo , três empates e uma
derrota nos cinco jogos seguintes, a que se seguiria um ciclo com um triunfo e duas derrotas a ser claro aviso para o que se seguiria e que
foi uma sequência de quatro empates com que encerrou a primeira volta e que
mostram uma equipa que não ganha há cinco jogos e pontualmente está pior que na
época anterior com Álvaro Pacheco ao leme.
Também por força das lesões, da falta de opções para algumas posições
e da falta de concentração que permitiu a vários adversários empatarem os jogos
em tempo de compensação dos mesmos.
Na taça da Liga a equipa foi afastada da “final four” por uma dupla de
pontas de lança chamados Fábio Verissimo e João Pinheiro num jogo de má memória
em Braga e na Taça de Portugal ultrapassadas sem problemas as duas primeiras
eliminatórias o caminho para as meias finais parecia desbravado face a
compromissos com duas equipas da quarta divisão.
Mas era novamente tempo para o regresso da instabilidade.
Que começou em...Alvalade com a inopinada saida de Ruben Amorim para o
Manchester United e face ao tão completo como previsível falhanço do substituto
o Sporting resolveu virar-se para a contratação de um treinador que estava a orientar
outra equipa do mesmo campeonato (pelos vistos comportamento padrão porque já
fizera o mesmo com o referido Ruben Amorim quando estava ao serviço do Braga) e
com contrato em vigor para lá da corrente época o que é probido pela FIFA mas isso
não foi impeditivo dos contactos com Rui Borges.
E aqui acentua-se a instabilidade.
Porque enquanto o presidente da SAD diz que quando um treinador
manifesta vontade de sair “ sai 5 minutos antes” (sic) já Rui Borges afirmou
alto e bom som que nunca pediu para sair do Vitória o que que convenhamos são
versões bastante diferenciadas do mesmo assunto.
Assunto esse que em bom rigor ainda está longe de ser totalmente
esclarecido pelo que a ligeireza com que alguns se apressaram a crucificar o
treinador não passa disso mesmo, de ligeireza.
Certo é que o treinador saiu e o Vitória ficou com um vazio que urgia
preencher.
A escolha recaiu em Daniel Sousa, que tinha começado a época em Braga
onde orientara três jogos das competições europeias e fora despedido após o
primeiro jogo de campeonato ( igualando Moreno na época
anterior com a diferença de que Moreno se demitira e Sousa foi despedido) para
gaudio de muitos, contratação que suscitou o habitual entusiasmo nos que se
entusiasmam com facilidade não faltando logo quem dissessse que era muito
melhor que Rui Borges e já devia ter sido contratado no início da época!
Durou três jogos!!!Um empate em Faro consentido em tempo de descontos e depois um jogo
épico com o Sporting em que a equipa esteve a perder por 1-3 mas conseguiu dar
a volta e colocar-se a vencer por 4-3 para depois, e uma vez mais, consentir
ingloriamente a igualdade no último minuto do tempo de compensação.
Ainda assim dois resultados que tem de se considerar como normais até
porque a equipa tinha no estaleiro os dois principais pontas de lança e o
central Borevkovic, que é o líder do sector defensivo, entre outros lesionados.
E chega Elvas.
O tal primeiro compromisso para a Taça de Portugal com uma equipa da
quarta divisão em que nem nas piores perspectivas se admitia outra coisa que
não fosse o triunfo do Vitória.
A verdade é que ele não aconteceu.
E pela primeira vez na sua História o Vitória foi eliminado por uma
equipa de um escalão tão baixo depois de no passado já lhe ter acontecido o
mesmo com equipas do terceiro escalão como o Sintrense e o Vasco da Gama de
Sines por exemplo.
E foi eliminado fruto de uma exibição inenarravelmente fraca e de um
conjunto de opções de Daniel Sousa muito difíceis de entender como o apenas ter
dado entrada ao ponta de lança Ramirez aos 95 minutos quando a equipa já perdia
desde os 75.
Mas são coisas que acontecem no futebol e por si só não justificam o
despedimento de um treinador com três semanas de casa e por isso foi com enorme estupefacção que ontem se
soube do despedimento de Daniel Sousa e da sua susbtituição por Luis Freire
despedido semanas atrás do Rio Ave.
E só cabe aqui uma pergunta: Com que critério e com que convicção nas
suas qualidades e no seu trabalho se contrata um treinador para o despedir ao
fim de três escassos jogos mesmo com uma derrota humilhante para a Taça de
Portugal e os empates um num jogo fora com um “aflito” e o outro em casa com o
campeão nacional?
É o triunfo da instabilidade.
De uma instabilidade com raizes internas porque diga-se o que se disser não é normal que num mandato
de três anos a actual SAD já vá no oitavo treinador ( sete na última época e
meia) e na presente temporada que ainda vai a meio já vai no terceiro técnico.
Moreno, João Aroso, Paulo Turra (com João Costeado a figurar como
treinador principal) , Álvaro Pacheco, Rui Cunha, Rui Borges, Daniel Sousa e
agora, e por agora, Luís Freire.
Convenhamos que há alguma falta de jeito na escolha de treinadores.
Mesmo considerando a interinidade de João Aroso e Rui Cunha é um absoluto
exagero e a clara evidência de uma enorme falta de estabilidade no banco do
Vitória que explica bem, a par de uma discutível politica de aquisições, vendas
e dispensas, porque razão continuamos a falhar nos momentos cruciais e a
ficarmos aquém daquilo que bem podiamos conseguir.
Sinceramente clube e adeptos merecem mais. Muito mais!
Nota: A marcação de eleições da forma mais precipitada de que há memória no clube apenas confirma que a instabilidade é reconhecida e os seus efeitos temidos por quem está no cerne da questão.
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