segunda-feira, maio 18, 2020

Corrida Solitária

Em 2016 as eleições presidenciais contaram com um número recorde de candidatos, dez imagine-se, facto que não serviu para mais do que para impedir que aqueles que de facto disputavam as eleições (dois ou três) ou nelas participavam com uma intenção política bem definida (mais um ou dois) pudessem discutir os assuntos com a profundidade necessária nos debates que entre todos realizaram.
A verdade é que todos cumpriram o requisito das 7.500 assinaturas e portanto todos foram candidatos com igual legitimidade.
Para 2021, agora que o primeiro-ministro deu o tiro de partida para a pré campanha e o Presidente em nada se incomodou com isso (em boa verdade em pré campanha anda ele desde o dia seguinte a ter sido eleito...), não é ainda possível prever quanto so candidatos aparecerão no total mas já é possível adivinhar algumas intenções.
De Marcelo Rebelo de Sousa é tudo claro. Será recandidato, fará uma campanha sem cartazes nem comícios porque não precisa e tudo indica que será reeleito.
A partir daí há muitas interrogações a pairarem.
O  PS, de forma mais ou menos clara, apoiará Marcelo (o governo de Costa não podia ter tido melhor presidente) embora sabendo que na sua área poderá aparecer a candidatura de uma qualquer Ana Gomes que dará expressão e alívio à bilis política da ala esquerda do partido.
O PSD, ainda que tocendo-se todo, terá de apoiar Marcelo.
O BE apresentará uma candidatura, Marisa Matias ou semelhante, para segurar o seu eleitorado e impedir que fuja para outras paragens vizinhas.
O PCP aproveitará as presidenciais para "rodar" o próximo secretário geral "manobra" que já efectuou no passado, e tudo indica que voltará a efectuar no presente, dado ser uma bela oportunidade para dar mediatismo a quem dele precisará para os combates futuros.
O PAN provavelmente apresentará uma candidatura para defender os animaizinhos e as plantinhas mas não é certo que vá a votos podenndo desistir a favor de outra candidatura após aproveitar o tempo de antena para defender as suas causas zoológico/botânicas.
O Chega apoiará a candidatura de André Ventura, numa estratégia de crescimento que vem das legislativas e continuará depois das presidenciais, e tem fortes hipóteses de conseguir um resultado com alguma expressão face ao crescimento que todas as sondagens lhe dão.
Resta a área ocupada por CDS, Iniciativa Liberal e a parte do PSD descontente com o mandato de Marcelo que bem gostariam de ter um candidato forte nessa área mas...não tem e muito menos a preencherão com quem tenha a tentação de fazer da campanha presidencial uma espécie de primárias antecipadas de futuras disputas internas no seu próprio partido.
No quadro de partidos com representação parlamentar o cenário será este ou idêntico.
Candidaturas independentes dos partidos , essas, aparecerão seguramente.
Desde as candidaturas com causas bem definidas , como as de Paulo Morais e Henrique Neto em 2016 que não concorrem para ganhar mas trazem mais valia à eleição, àquelas que apenas servem para causar "ruído" e satisfazer pequenas vaidades como as de Tino de Rans, Cândido Ferreira e Jorge Sequeira.
Certo é que neste panorama Marcelo Rebelo de Sousa fará uma corrida solitária para Belém tendo como maior adversário a fasquia eleitoral que gostaria de atingir mas dificilmente estará ao seu alcance fruto daquilo que perderá à direita por contraponto do que ganhará á esquerda.
E não vejo que , apareça quem aparecer, este cenário sofra grandes alterações.
Havia uma excepção que poderia baralhar todas estas contas, incluindo a reeleição de MRS, mas ainda não é o seu tempo.
Depois Falamos.

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