domingo, maio 10, 2020

Confusão

Hoje, sem contar minimamente com isso, regressei repentinamente a um passado onde não esperava voltar quando no seu habitual comentário televisivo na SIC ouvi Luís Marques Mendes(LMM)falar de um assunto que supunha enterrado e bem enterrado.
A propósito das cada vez mais indesejáveis misturas entre política e futebol, uma vez mais acontecida com o convite a uma deputada socialista (e benfiquista) para presidir a um orgão disciplinar da Federação Portuguesa de Futebol, LMM referiu casos em que no passado teria tido intervenção directa para impedir essa promiscuidade dando-se assim a ele próprio como um exemplo no combate a essa mistura.
Referiu que enquanto ministro da tutela tinha demitido um conselho de administração da RTP por causa de um negócio em que a televisão pública financiou o Benfica para a contratação de Futre, mencionou o seu veto, enquanto presidente do PSD, a Valentim Loureiro para se recandidatar à câmara de Gondomar em 1997 e,inopinadamente, ao ter impedido nesse mesmo ano a candidatura pelo PSD de António Pimenta Machado à câmara de Guimarães.
E aí alto e pára o baile.
Porque se os dois primeiros exemplos são, tanto quanto se sabe, verdadeiros já o terceiro não é bem assim e há que rectificar.
Em 1997 o líder do PSD era Marcelo Rebelo de Sousa, LMM era líder parlamentar sem nenhuma competência formal para intervir na escolha de candidatos autárquicos, a comissão autárquica nomeada para preparar essas eleições era constituida por Manuela Ferreira Leite , Leonor Beleza e José Luis Arnaut e eu era presidente do PSD Guimarães.
Estive no processo de princípio a fim, desde o convite que formulei a António Pimenta Machado devidamente mandatado pelos meus colegas de comissão política e respaldado por uma aprovação esmagadora em plenário concelhio até ao veto final da comissão política nacional do PSD, falei com Marcelo sobre o assunto, reuni com essa comissão autárquica e a história dava um livro.
Sei bem as pressões e influências que foram desenvolvidas por algumas personalidades do PSD para que Pimenta Machado não fosse candidato, admito perfeitamente que LMM terá sido das mais insistentes a falar ao ouvido de Marcelo, mas não é verdade que tenha sido ele a impedir a candidatura do então presidente do Vitória.
Foi Marcelo a dar o não final, depois da tal comissão autárquica se ter pronunciado nesse sentido, pelo que as afirmações de hoje na SIC de LMM devem ser fruto de alguma confusão tanto tempo já passou desde esses factos que ocorreram em 1996.
E a que sinceramente não esperava ter de voltar embora, repito, a história desse um livro bem interessante.
Não resisto, já agora, a referir que o PSD ganhou pela última vez a câmara de Guimarães em 1985, em 1996 as sondagens davam empate técnico entre o então presidente da câmara e o posssível candidato Pimenta Machado e desde então o PSD nunca esteve sequer perto de tirar a maioria absoluta ao PS quanto mais ganhar a câmara.
Depois Falamos.

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