quinta-feira, dezembro 12, 2019

Vergonha

Nas duas legislaturas em que pelo PSD  tive a honra de ser deputado , uma na oposição e outra apoiando os governos PSD/CDS de então (2002 a 2005) , o Parlamento foi presidido por duas personalidades exemplares nas suas suas posturas enquanto deputados e enquanto presidentes da casa da democracia.
António Almeida Santos pelo PS e João Bosco Mota Amaral pelo PSD.
Dois "príncipes" da política, cultos e inteligentes, educados e com enorme fair play, que sempre souberam dirigir os trabalhos com bom senso, elegância, bom humor e até isenção na forma como tratavam por igual todos os deputados.
Hoje lembrei-me muito de ambos (infelizmente Almeida Santos já não está entre nós) quando assisti à inenarrável cena protagonizada pelo actual presidente do Parlamento, que infelizmente para a instituição e para o próprio prestígio da política é em quase tudo a antítese dos dois que atrás referi, com o deputado André Ventura.
Qualquer deputado tem o direito de não gostar do partido Chega, das ideias que o partido defende e até de não simpatizar com o deputado André Ventura enquanto pessoa.
Sendo presidente do parlamento o deputado não tem o direito de transformar gostos pessoais em atitudes políticas e tratar os deputados de quem não gosta com a sobranceria, arrogância, sectarismo e má educação com que Ferro Rodrigues se dirigiu ao deputado do Chega.
Até porque o termo "Vergonha" usado amiúde por Ventura, e que tanto parece irritar Sua Excelência, não é malcriado, não é desrespeitoso, não foge do léxico parlamentar onde amiúde se ouve pior sem que Ferro Rodrigues se incomode e portanto não justificava em nada aquela reacção prepotente e arrogante.
Que curiosamente, ou não, não foi repetida quando momentos depois uma deputada do BE usou o termo vergonha sem que Sua Excelência demonstrasse o mínimo incómodo.
Sempre afirmei, e reitero-o hoje, que Ferro Rodrigues é o pior presidente do parlamento da história da democracia (lugar por onde passaram grandes senhores da política coisa que ele manifestamente não é) dada a forma sectária e parcial como dirige os trabalhos e que já mereceu a contestação de várias bancadas (especialmente do PSD e do CDS) ao longo dos tempos.
Mas hoje ultrapassou largamente as marcas no sectarismo que sempre caracterizou a forma como exerce (pessimamente) o cargo.
E é bom que tenha consciência, ou que alguém com mais sensatez do que ele (nada difícil de encontrar certamente) o advirta, de que a única vergonha que se passou hoje no Parlamento foi a atitude dele.
Para não ir mais longe nos considerandos sobre o que é uma vergonha no parlamento desde 2015 pelo menos.
Depois Falamos

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