No futebol, grandes, são os jogadores.
Quando muito também os treinadores que conjuntamente com os jogadores
são quem ganha jogos, competições, troféus e assim contribuem para que os
clubes que representam tenham um palmarés que vá fazendo a diferença entre
eles.
É certo que em Portugal há um gosto, mesclado de subserviência, em
chamar “grandes” a uns clubes em detrimento de outros mas a expressão prática
disso apenas resulta no favoritismo de que esses clubes gozam a todos os níveis
e que ajuda a empolar diferenças que a realidade das coisas devia fazem bem
menores.
Vamos ao que interessa.
Os grandes jogadores.
Escrevendo isto na noite em que os dois maiores da actualidade tiveram
sortes bem diferentes na Liga dos Campeões, com Messi a seguir em frente e
Ronaldo a ficar pelo caminho, parece-me
oportuna uma peque na reflexão sobre o que tem sido os grandes jogadores da
História do futebol e a velha polémica (em que nunca entrarei) sobre quem foi o
melhor de sempre ou quem é o melhor da actualidade.
Mais de cem anos de futebol, mas com enfoque nos últimos sessenta,
dizem-nos que houve um número razoável de jogadores de excepcional qualidade
mas muito pouco ao nível da genialidade pura aquela que permite fazer a
diferença com absoluta regularidade.
Falo dos que vi jogar.
Nunca vi Di Stéfano jogar mas todas as opiniões convergem no sentido
de o declarar como um dos melhores de sempre o que ,aliás, o seu palmarés
individual confirma na plenitude.
Génios que vi jogar?
Pelé, Eusébio, Maradona, Cruyff, Beckenbauer, Ronaldo, Ronaldinho,
Messi , Cristiano Ronaldo e Zico.
Para mim os dez melhores jogadores que vi num relvado.
Infelizmente boa parte deles (Pelé, Maradona , Zico) muito menos vezes
do que gostaria porque nos seus tempos as trasnmissões televisivas não eram tão
frequentes e diversificadas como nos tempos que correm.
Os brasileiros praticamente apenas nos mundiais (Pelé vi uma vez ao
vivo no estádio das Antas num Portugal-Brasil) e o argentino pouco mais do que
isso embora o seu tempo já tenha sido um tempo televisivo.
Foram os melhores que vi e dois deles, Messi e Ronaldo, ainda vejo e
espero ver por mais alguns anos.
O melhor dos dez?
Nem me atrevo a dar opinião porque jogadores tão diferentes, em tempos
tão diferentes, não permitem que se façam comparações justas dadas as
diferenças abissais em termos de qualidade dos relvados, qualidade dos
equipamentos e especialmente das botas, diferença das bolas, dos métodos de
treino, da medicina desportiva , dos próprios conceitos de profissionalismo.
Imagino, por vezes, aonde teria chegado Maradona sem o vicio da droga
que lhe arruinou os últimos anos de carreira.
Imagino o que seria Pelé nos tempos de hoje.
Mas imagino, essencialmente, até onde chegaria Eusébio com os métodos
de treino actuais, com bolas e botas muito mais leves, com uma medicina
desportiva que lhe teria evitado sete operações aos joelhos, sem ter de jogar
em pelados, sem alinhar infiltrado em jogos particulares porque o cachet para o
clube seria menos se ele não jogasse, com uma consciencialização bem maior dos
árbitros para defenderem os grandes jogadores do jogo “sujo”, tendo
oportunidade de fazer carreira num grande clube europeu onde pudesse ganhar
Ligas dos Campeões.
Nunca saberei , e em bom rigor pouco me interessa, qual dos dez em igualdade
absoluta de condições e jogando no futebol actual seria o melhor de sempre.
Mas não me custaria a crer que fosse Eusébio.
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