quarta-feira, novembro 23, 2022

Exemplo

Estas imagens são um dos grandes exemplos que chega do Catar. 
No final do Japão vs Alemanha , que a sua selecção venceu, os adeptos japoneses antes de abandonarem o estádio procederam á limpeza das bancadas que tinham ocupado deixando-as como as tinham encontrado.
 A isto se chama Educação. A isto se chama Cultura. A isto se chama Civismo. 
A exemplo do que normalmente fazem as suas selecções nos balneários que utilizam. 
Um excelente exemplo que bem podia ser seguido pelos adeptos noutras latitudes a começar por Portugal.
Depois Falamos.

2 comentários:

Luís Ferreira disse...

Caro Luís Cirilo;

False friend! False friend era expressão que se usava (ou ainda se usará) nas aulas de inglês quando uma palavra parecia significar algo óbvio (por parecença com outra em português), quando, na verdade, significava uma coisa diferente.

Quando eu vou a um hotel, nunca faço a cama; se eu fosse a um restaurante e me oferecesse para lavar a loiça, talvez chamassem um psiquiatra para ver se eu estava maluco; quando um filme acaba numa sala de cinema, há uma equipa de limpeza à espera, pare entrar e limpar - essas pessoas obtêm o seu rendimento dessa actividade e, suponho, estarão até contentes por terem um emprego. Quando vou a um hipermercado, deixo o carro das compras num local onde virá um funcionário recolhê-lo e levá-lo para outro. Não sei se no Japão o voltam a trazer à entrada. Sei, no entanto, que o sistema que temos cá funciona bem e se alguma vez desejei pertencer a outro tipo de cultura já existente (não à que sistematicamente idealizo na minha cabeça), certamente não foi a nenhuma oriental. Isto para dizer que não se trata propriamente de civismo, mas de uma característica cultural que parece impressionar os ocidentais, como outrora houve quem se impressionasse com a demonstração de "honra" samurai que implicava o suicídio com requintes de horror do derrotado! Confesso que esta também sempre me impressionou, só que negativamente. A da limpeza dos estádios, se não for negativa é, no máximo, inócua. É evidente que, num mundial de futebol, haverá equipas de limpeza (o facto de poderem ser trabalhadores com poucos direitos, no caso em apreço, é secundário, dado que os japoneses fazem isto em qualquer lado). A ideia de os jogadores de futebol limparem um balneário, então, é, para mim, caricata. Ao nível do exemplo absurdo de eu me oferecer para lavar a loiça no restaurante. Mas parece que pode ser uma daquelas modas que uma espécie de e-aldeia global de beatice, volta e meia, ajuda a criar: veja-se o caso do Irão, que também deixou o seu limpinho. Não deixar lixo depois de um lanche na floresta é do mínimo bom-senso, não deitar lixo para o chão na rua, também; limpar um estádio num mundial de futebol é algo que está no direito de quem o quiser fazer, mas se eu fosse empregado de limpeza, começava a ficar altamente preocupado com o rumo que a moda leva (já na Rússia houve este foco todo no "exemplo" japonês).

Quanto a mim, o fascínio pelo oriente insere-se na mesma onda da cultura woke: auto-flagelação por irrelevâncias e culpas que não temos. Se quisermos melhorar o comportamento cívico, podemos começar com coisas que realmente importam, como por exemplo, em estádios de futebol, não usar cânticos a insultar o adversário, não aplaudir gente encapuzada que faz uma fumaceira dos diabos só porque essa fumaceira está integrada numa coreografia do nosso clube, recusar o tribalismo clubístico, ver um jogo sentado ao lado de um adversário sem qualquer problema. Ou, fora de um estádio, tratar as outras pessoas com o mesmo nível de respeito que elas nos tratam (lembrei-me desta de repente: caros profissionais de medicina, não tratem por tu as pessoas que vos tratam por sr. Dr.), não andar de bicicleta ou trotineta nos passeios só porque se diz ser um transporte "verde"... coisas dessas. Agora, quanto a mim, executar funções que já estão contempladas num sistema para o qual pagamos é só exibição de virtude... aceito a existência de uma idiossincrasia cultural, mas não vejo qualquer vantagem em ser adoptada por cá.

luis cirilo disse...

Caro Luís Ferreira:
Não discordo da sua perspectiva que se insere na nossa cultura e forma de pensar. Pessoalmente sou frequentador regular de estádios, especialmente do D.Afonso Henriques, mas nunca senti necessidade de os limpar pela simples razão de que não os sujo. Quando tenho alguma coisa para deitar fora faço-o nos cestos de papeis adequados para o efeito e portanto não sou um poluidor. Já tive isso sim, e por várias vezes, de limpar a minha cadeira por estar num estado de sujidade absoluto precisamente porque aqueles a quem cabe a tarefa de as limparem não o fazem devidamente. Em suma se para os japoneses está bem assim para mim não há inconveniente.Há muito que pratico esses conceitos de não deixar o lugar onde estive mais sujo do que quando lá cheguei.