segunda-feira, outubro 26, 2020

Balanço do Dérbi

Sendo um dérbi, por excelência, aquele jogo que mais se gosta de ganhar mas também aquele que mais se teme perder devo confessar que olhava para este Vitória-Braga com muita expectativa mas também com uma razoável dose de preocupações face ao que tenho visto às duas equipas nesta Liga e aos dois clubes nestes últimos quinze anos.
Grosso modo um Braga forte, estruturado, com uma plataforma de ambições bem altas, com equipas e planteis de muito boa qualidade face a um Vitória imerso em sucessivos anos zero, em mudanças radicais nos planteis e na própria estrutura directiva (4 presidentes em 16 anos contra apenas um do rival) o que leva a que nos últimos 25 jogos entre ambos o Vitória tenha vencido apenas cinco!!!
Todo o contrário de décadas e décadas anteriores a 2004.
O jogo confirmou as preocupações.
Uma entrada forte do Braga, a dominar todos os capítulos do jogo, com uma pressão alta que asfixiava o meio campo do Vitória e um ataque que ia pondo sucessivos problemas ao último reduto vitoriano enquanto do outro lado do terreno a defesa bracarense chegava e sobrava para as encomendas.
O Braga fez um golo e ameaçou fazer mais enquanto o Vitória em toda a primeira parte apenas teve um lance de relativo perigo com Bruno Duarte a finalizar ao lado do poste esquerdo da baliza bracarense o que prenunciava um resultado que podia atingir números desagradáveis como aquele que mandou embora Pedro Martins.
Num jogo completamente diferente do do Bessa o Vitória alinhou com uma equipa igual o que contribuindo para fortalecer automatismos e rotinas de jogo , bem como para estabilizar uma equipa tipo, tem o risco de perante um adversário bem diferente para melhor as coisas não correrem tão bem em termos de resultado final.
Como não correram.
Mikel denotou as já conhecidas limitações a sair com a bola jogável, Rochinha tema tendência normal para cair nos flancos, André André jogou longe dos avançados e tudo isso contribuiu para que o Vitória não tivesse jogo interior como também para que o adversário assegurasse com alguma facilidade a supremacia na intermediária que depois convertia em lances de perigo enquanto os dianteiros do Vitória assinaram uma primeira parte de muito pouca inspiração.
Por outro lado a inexistência (até pode ser que exista no plantel mas ainda não se afirmou) de um clássico "10" que leve a bola para o último terço do terreno e assista o ponta de lança ou finalize ele próprio, a exemplo do que tão bem fazia João Carlos Teixeira, também não tem ajudado em nada os processos ofensivos do Vitória.
Na segunda parte o panorama alterou-se de forma algo significativa com o Braga a manter um bom nível mas com o Vitória a melhorar bastante o seu desempenho muito por força do adiantamento de linhas, da forma como Quaresma pegou no jogo e desenvolveu vários lances (e remates) de perigo e do aparecimento de Marcus Edwards que na primeira parte não tinha sido visto.
O Vitória dominou largos períodos, criou lances de relativo perigo especialmente nos tais remates de Quaresma, mas manda a verdade que se diga que os contra ataques adversários foram bem mais perigosos e o Braga teve duas clarissímas oportunidades que Galeno por egoismo e Schettine por mérito de Bruno Varela não conseguiram transformar em golos.
João Henriques, pese embora a desvantagem no marcador foi adiando as mexidas na equipa e apenas aos 72 minutos fez a primeira, e algo estranha, alteração ao tirar um médio mais ofensivo-André André- para meter um médio mais defensivo-Poha- que ainda por cima não é famoso pela qualidade do passe quando se esperava a entrada de um médio com características bem diferentes como André Almeida ou até o recém chegado Miguel Luís.
Com o jogo a caminhar para o fim há uma entrada violenta de Carmo sobre Edwards e do sururu (bem típico dos dérbis) resultante saem três cartões vermelhos directos deixando o Vitória a jogar dez contra nove nos minutos finais o que levou o treinador vitoriano, aos 86 minutos, a prescindir do lateral Sílvio por troca com o ponta de lança Holm e um minuto depois a trocar Rochinha por Miguel Luís sem que a equipa tivesse tirado qualquer benefício das trocas.
É verdade que o banco do Vitória não tinha muito mais opções efectivas (já o Braga fez entrar Musrati, João Novais, André Horta, Schettine e Tormena deixando ainda sem serem utilizados Gaitan e Abel Ruiz...) mas a não utilização de André Almeida continua a  não ser entendível seja sobre que perspectiva for.
Nos instantes finais o Vitória tentou pressionar por todas as formas mas em vantagem numérica optar bastas vezes pelos passes de longa distância em vez de levar a bola de pé em pé não se revelou boa opção e o Braga mesmo em desvantagem numérica foi resolvendo as situações sem problemas de maior acabando por vencer com justiça.
As preocupações, essas, vão continuar pelo menos mais algum tempo.
Porque o plantel do Vitória é grande em quantidade mas a qualidade nalgumas posições é de molde a causar grandes preocupações que ,por exemplo, se verão reflectidas na ausência de Jorge Fernandes nos próximos jogos.
Mas até Janeiro nada há a fazer que não seja tirar o máximo destes jogadores e aproveitar os que jogam na equipa B e podem ajudar como são os casos de Estupinan e Romain Correia.
Fábio Veríssimo é um mau árbitro e quanto a isso nada há a fazer.
Esteve bem no cartões vermelhos, não cometeu erros de relevo mas teve em termos disciplinares uma dualidade de critérios que prejudicou claramente o Vitória porque em lances iguais teve procedimentos diferentes sendo exemplar o caso de André Castro que apenas aos 67  minutos viu o amarelo à sétima ou oitava falta que fez.
Mas não foi pelo árbitro que o Vitória perdeu.
Depois Falamos

P.S O Braga jogar o mais ttradicional dérbi de Portugal todo vestido de azul é simplesmente ridículo!
Os estilistas da Liga e os "marketeiros" dos clubes tem uma enorme falta de respeito por tudo que é tradição.

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