Uma final, com tudo de decisivo que encerra, é um jogo em que normalmente se apela aos automatismos criados ao longo da época e se procura inovar o menos possível de molde a que as equipas possam jogar o mais de acordo possível consigo próprias.
Não foi exactamente esse o caminho seguido por Pedro Martins, talvez tentando surpreender Rui Vitória, mas não foi totalmente feliz nessa opção bem como nalgumas opções ao longo do jogo.
Essencialmente o treinador vitoriano inovou ao jogar sem ponta de lança de raíz, colocando Marega nessa posição mesmo sabendo-se que o maliano não se sente completamente à vontade no lugar, e depois durante o jogo ao colocar Raphinha a lateral esquerdo, aquando da troca de Konan por Texeira , recuando no terreno o que estava a ser o mais incisivo dos nossos avançados.
Individualmente:
Miguel Silva: Esperava-se que fosse Douglas a jogar (e merecia ser)atendendo até ao facto de Miguel estar sem ritmo de jogo mas a opção do treinador foi outra. Cumpriu sem problemas embora tenha deixado a sensação de que na sua melhor forma no primeiro golo talvez tivesse feito mais qualquer coisa.
Bruno Gaspar: Um bom jogo do lateral vitoriano que muitas das vezes foi, como gosta, mais uma unidade de ataque.
Josué: Foi dos que aprendeu com a lição da Luz e desta vez esteve muito mais acertado nas marcações aos adversários realizando um jogo de bom nível. Mal apenas, mas com responsabilidade a dividir com Pedro Henrique, na forma como não protegeram Miguel Silva no primeiro golo deixando Jimenez recargar à vontade.
Pedro Henrique: Esteve em duvida mas ainda bem que pôde jogar porque tem rotinas apuradas com os colegas e é um jogador normalmente implacável na marcação. Esteve menos bem que Josué porque além das tais responsabilidades no primeiro golo ainda se deixou antecipar por Salvio no segundo.
Konan: Estava a fazer uma exibição de bom nível pelo que se estranhou a sua saída. Com a qual a equipa não beneficiou.
Rafael Miranda: Uma exibição de bom nível a "mandar" no meio campo. Foi um dos responsáveis pela supremacia vitoriana nessa zona do terreno.
Zungu: Uma primeira parte de excelente nível a formar um duo eficaz com Rafael e a não deixar o adversário jogar nessa zona. Não foi certamente por acaso que durante esse período Jonas não conseguiu uma vez que fosse recuar para pegar no jogo entre linhas como gosta. Com a entrada de Celis foi "desposicionado" e a equipa ressentiu-se. Fez o golo e deixou uma bela imagem da sua capacidade.
Hurtado: Estava a fazer uma boa exibição, muito activo e a procurar a bola, quando teve o azar de se lesionar. Fez falta na segunda parte.
Hernâni: Dele se esperava muito mas deixou desde os instantes iniciais a clara sensação de não se encontrar fisicamente bem. Ainda teve um remate perigoso mas nunca foi o verdadeiro Hernâni, aquele que desbarata defesas e faz assistências e golos. Bem substituido.
Marega: Um poço de energia e um lutador persistente deu muito trabalho à defesa adversária. Mas faltou-lhe espaço para aquelas arrancadas em que faz a diferença.
Raphinha: "Sem" Hernâni competiu-lhe ser a principal gazua vitoriana para abrir a defensiva adversária. E foi-o conseguindo a espaços com algumas jogadas em velocidade e usando a capacidade de drible. Depois foi "desviado" para lateral esquerdo e a equipa não ganhou nada com isso.
Foram suplentes utilizados:
Célis: Rendeu Hurtado mas não em termos posicionais nem em influência na equipa. Uma exibição apagada que deixou no ar a interrogação de porque não foi Tozé sequer convocado quando tão bem jogara com o Feirense. Ainda por cima Célis é jogador do Benfica e isso cria...constrangimentos.
Texeira: Não teve grandes oportunidades mas a sua movimentação (ponta de lança puro) criou embaraços aos centrais benfiquistas. Na melhor ocasião de que dispôs deixou-se antecipar por um adversário.
Sturgeon: Rendeu Hernâni e a sua entrada causou alguma surpresa porque face às dificuldades defensivas dos centrais encarnados aguardava-se a entrada de Rafael Martins para pressionar o centro da defesa adversária. Foi outra a opção de Pedro Martins mas infelizmente sem resultados.
Não foram utilizados:
Douglas, João Aurélio, Prince e Rafael Martins
Melhor em campo: Zungu
O Vitória deixou uma boa imagem mas isso não foi suficiente para vencer face a um adversário que foi mais eficaz na hora de concretizar e depois soube segurar a vantagem no assédio final da equipa vitoriana.
Terminada a época, com a conquista do quarto lugar e a presença na final da taça de Portugal, pode dizer-e que o Vitória cumpriu os seus objectivos e realizou uma temporada muito positiva afirmando-se como o quarto clube português.
Agora vem aí um grande desafio que é o de estabilizar o plantel e contratar os necessários reforços para consolidar o estatuto alcançado e na próxima época fazer frente com sucesso às muitas frentes em que vamos estar envolvidos.
Campeonato, taça, taça da liga (em que somos cabeça de série), supertaça e liga Europa.
E isso é incompatível com recomeços, "anos zero", prioridades diversas da desportiva.
Ainda por cima numa temporada em que , sem fazer futurologia, me parece que quer Porto quer Sporting vão ter muitos e complicados problemas pelo que pode haver uma janela de oportunidade para mais qualquer coisa se formos suficientemente hábeis para nos posicionarmos.
Assunto a que voltarei.
Depois Falamos
4 comentários:
Caro Luís Cirilo,
Ainda considera Soares melhor do que Jonas ou já se rendeu ás evidências?
Quanto ao jogo final da taça de Portugal ganhou a melhor equipa em campo.
O Vitória deu uma boa réplica ´tem uma boa equipa.
Caro cards:
Rendo-me às evidências. O Soares não é melhor que o Jonas. É muito melhor.
O Jonas é um velho em fim de carreira que se arrasta pelos relvados e se deixa cair nas áreas para sacar uns penaltis. No Jamor nem se viu excepto no remate que deu origem ao primeiro golo e depois noutro remate em que fez o mais difícil que foi falhar. Uma nulidade.
Quanto ao resto já reconheci que ganhou quem mais mereceu não deixando de agradecer a sua condescendência quanto à "boa equipa" do Vitória. Apenas lhe digo que face aos custos a equipa do SLB tinha obrigação de jogar muito mais e muito melhor.
Caro Luís Cirilo,
O discurso de alguns benfiquistas (para não dizer, todos) não é mais do que regar quando está a chover.
Queria ver se nós tivéssemos ganho a Taça, se eles continuavam a dizer que temos uma boa equipa, e que a nossa massa adepta foi melhor, e que isto e que aquilo... Gosto muito de ouvir elogios ao nosso Vitória, mas não há paciência para supostos consolos, e vitórias morais!
Abraço
Miguel
Caro Miguel:
Eu também preferia vê-los aborrecidos.
Mas desta vez não foi possível
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