As associações de futebol a que pertencem os clubes finalistas, vá-se lá saber porquê, recebem cada uma 5% dos bilhetes para a final da Taça de Portugal.
São bilhetes que deviam ir para os adeptos dos clubes mas que vão parar a outros destinatários, sem que estes tenham qualquer legitimidade para os receberem, face a este anacronismo do nosso futebol que vem desde um passado remoto.
Quando na final se juntam o primeiro e o quarto clubes com mais adeptos em Portugal para uma final num estádio de lotação escassa, velho e sem condições para um jogo destes o problema ainda se agrava.
Há quatro anos quando Vitória e Benfica se encontraram no Jamor ficou claro que na distribuição de bilhetes tinha havido um filho e um enteado.
E por isso a nódoa vermelha que se vê na bancada vitoriana.
Um dos responsáveis por isso foi a Associação de Futebol de Braga.
Que encaminhou para benfiquistas da cidade de Braga e de concelhos limítrofes bilhetes que deviam ter ido parar a adeptos vitorianos naquilo que foi uma tremenda falta de respeito pelo Vitória e, mais do que isso, uma traição a um clube filiado na Associação.
Quatro anos depois o cenário repete-se.
A AFB, graças ao Vitória e a mais ninguém, recebe 1.750 bilhetes(!!!) para a final.
Desses encaminha 1000 para Guimarães e fica com 750 (!!!) para distribuir por clubes e patrocinadores.
Patrocinadores do Vitória? Não. Patrocinadores da AFB que à boleia do Vitória, e nos lugares dos adeptos do Vitória, vão passear até ao Jamor e provavelmente apoiar o Benfica.
Clubes?
Se os clubes filiados na AFB querem ir ao Jamor então façam como o Vitória e ganhem no terreno de jogo o direito de lá estarem em vez de quererem ir através de méritos alheios.
Em boa verdade todos (ou quase) bem sabemos que muitos desses bilhetes que supostamente iriam parar a clubes da AFB vão, isso sim, parar às casas lampionas do nosso distrito como a de Braga e Famalicão por exemplo.
E por isso é mais que tempo de o Vitória olhar a actual AFB como um adversário do clube, sempre pronta a espetar-nos uma faca nas costas, e tratar de se mexer para encontrar uma alternativa que garanta que somos tratados na nossa Associação com a consideração e o respeito a que temos direito.
Porque senão na próxima presença do Vitória na final da Taça o problema por-se-à da mesma forma seja quem for o adversário.
Porque esta AFB é, repito, uma adversária do Vitória.
Depois Falamos
P.S: O actual presidente da AFB, e ex dirigente do Vizela, integra a comissão de honra da recandidatura de António Salvador ao Sporting de Braga.
Só não vê quem não quer !
4 comentários:
Sr. Luis Cirilo,
como sabe sou leitor do seu blogue e sou adepto ferrenho do SC Braga, o que não invalida que até aqui, sempre que coloco comentários no blogue, temos tido um nível de conversa digno dos adeptos de ambos os clubes.
Claro que muitas vezes não concordo com o que diz sobre o SC Braga pois por vezes não é suportado em factos mas entendo que cada um defenda a sua "dama" e faça nisso o seu melhor.
Neste caso da Final da Taça gostava de fazer alguns comentários. Estive no Jamor nas duas finais consecutivas, uma em que perdemos com o Sporting e a outra em que ganhamos com o Porto, em ambas a distribuição de bilhetes foi, como refere, injusta, sem equilibrio, o tal filho e enteado.
- Em ambas as Finais, a nódoa que demonstra a imagem que colocou, estava de verde numa final e azul na outra, tendo eu conhecimento de que muitos, mas mesmo muitos adeptos do SC Braga não conseguiram arranjar bilhete para estarem presentes, tiveram que ficar em Braga porque alguém, não sei se AF ou se outras entidades acima destas AF fizeram a distribuição dos bilhetes conforme lhes deu mais "jeito". Saliento que em ambas as finais houve problemas de segurança sérios nessa zona devido à proximidade e ao sentimento de injustica que assola quem faz KM e percebe que a distrbuição dos bilhetes foi feita de forma pouco séria.
- Já era tempo de a Final da Taça ser realizada em outro estádio que não aquele, para além de não ter condições minimas para receber adeptos como os que estão habituados a ver futebol nas nossas paragens, como em Braga e Guimarães, no caso de a Final ser jogada com clubes de Lisboa, parece que vamos prestar uma vasalagem aos clubes do sistema, eles vão a "pé" para o estádio e nós fazemos centenas de KM para jogar num estádio sem condições e que não permite que todos os adeptos que querem estar, não o possam fazer devido à lotação.
- Não veja nessa distribuição algo ligado ao SC Braga, como vê sofremos do mesmo problema nos dois anos anteriores, o nosso futebol, como na nossa sociedade, o centralismo bacoco e parolo ainda existe, o futebol é apenas mais um exemplo do parolismo que milhares de pessoas insistem em não perceber. Benfiquistas, Sportinguistas e Portistas há em todo lado, tenho pessoas amigas de Guimarães que são benfiquistas ferrenhas e que provavelmente estarão no Jamor a torcer pelo benfica, dizer que os benfiquistas são de Braga é apenas mais uma forma de atingir dois coelhos com uma cajadada, mas somos ambos inteligentes e percebemos onde quis chegar.
- Cabe-nos a nós, com cidadania, ir acabando com este parolismo que assola as nossas cidades, vou contar-lhe duas histórias:
1ª
Como sabe o meu Braga esta época não tem estado no seu melhor, ainda não tenho filhos mas tenho sobrinhas, sobrinhas essas que desde que nasceram fiz de tudo para serem pelo SC Braga, coisa que resultou na perfeição e sofrem como eu, para isso usei várias "técnicas" como irem aos jogos, oferecer roupas, equipamentos e afins do SC Braga, e o facto de esta época não termos tido os resultados esperados, elas vivem com a mesma paixão pelo SC Braga.
2ª
Esta sábado jantei com um amigo que por sinal é de Braga mas vive em Guimarães, por razões matrimoniais :) e já não via o filho dele há uns bons anos, para meu espanto ele mostra-me fotografias do pequeno todo equipado à Vitória, explicando que tem um casal amigo que é Vitoriano e lhe ofereceu o equipamento, já não muda, será Vitoriano concerteza até aos últimos dias.
Resumindo, cabe-nos a nós resolver o parolismo desta forma, os resultados não são imediatos mas daqui a uns anos estaremos concerteza com uma sociedade melhor, sem centralismos ignorantes porque adeptos dos estarolas há em todo o lado, infelizmente.
Cumprimentos
António Cunha
Caro António Cunha:´
Tenho sempre muito gosto em ler os seus comentários porque defende o seu clube com elegância, sem agressividade e demonstrando uma sensatez que tenho pena não seja mais abrangente entre os adeptos dos nossos clubes.
Devo dizer-lhe que partilho dos seus pontos de vista nalgumas coisas e uma delas é a necessidade de os nossos clubes se entenderem fora dos espaços de disputa desportiva em torno de assuntos que são importantes para os dois.
Creio que o futebol português só é regenerável se os clubes a quem não chamam "grandes" souberem unir-se e impor regras a esses três senhores feudais habituados a porem e disporem a seu bel prazer. Mas para isso a liderança do movimento tem de ser assegurada por Vitória e Braga, os dois maiores a seguir a esses três, que depois devem mobilizar os outros a começar pelos históricos como Belenenses, Académica, Marítimo, Vitória FC entre outros.
Quanto à final de Taça acredito piamente no que me diz porque a AFB pouco se preocupa com Vitória ou Braga quando do outro lado está o Benfica,Porto e Sporting.
E por isso essas nódoas verdes e azuis que refere como eu refiro a nódoa vermelha.
Desde 2010, nomeadamente no Porto Canal(programa A Bola é redonda) com o meu amigo e seu consócio António Duarte nos pronunciamos bastas vezes contra a manutenção do velho, pequeno e antiquado Jamor para as finais de Taça. Já não me lembro do que propunha o António mas eu defendia (e continuo a defender) que o modelo espanhol é o melhor porque escolhe o estádio da final por acordo entre os finalistas. O que significa ,neste caso, que o Vitória-Benfica só podia ser no Dragão ou Alvalade enquanto o Braga-Porto da época passada devia ser na Luz ou em Alvalade. Um Rio Ave- Belenenses podia ser em Aveiro,Coimbra ou Leiria e assim sucessivamente mas sempre em estádio do Euro 2004. Um dia que Vitória e Braga se encontrem na final essa seria,sem dúvida, no Dragão.
Quanto aos dois exemplos:
o primeiro é o procedimento normal de qualquer adepto de um clube que tenha orgulho nele e que não sofra da parolice estarola. Eu próprio fiz isso com os meus filhos, faço com o meu neto e com filhos de amigos e parentes. É a nossa obrigação.
O segundo caso é natural e certamente que ao contrário também existem casos assim. E ainda bem. Porque cada filho de vimaranenses ou bracarenses ou "casais mistos" dos dois concelhos que é pelo Vitória ou pelo Braga é menos um adepto estarola.
Em suma há que continuarmos com esta cruzada pela defesa do que é nosso.
E espero que um dia os nossos clubes possam unir-se na defesa do que é verdadeiramente importante.
E nesse dia o nosso futebol começará a mudar para melhor.
Um abraço.
P.S: Ao contrário do que possa parecer eu respeito o Sporting de Braga no quadro da natural rivalidade entre os dois clubes. Tenho muita família em Braga, um primo direito que durante anos foi director do Braga e nunca teve outro clube que não o SCB, em miúdo fui muitas vezes ver jogos do Braga com os meus tios que toda a vida foram sócios do clube.
A questão está no actual presidente do Braga. Com ele não há entendimentos possíveis face À aversão que demonstra ao vitória em todas as oportunidades.
Vi na televisão as meias finais da Taça de Inglaterra em Wembley e não havia cá manchas. Por razões de segurança, e não só, depois de algumas tragédias no final do século passado, todos assumiram a sua quota parte de responsabilidade regulando de forma democrática e organizada o acesso dos adeptos aos estádios. Para mim a Federação tem direito aos seus bilhetes institucionais. O resto deve ser dividido a meio: metade para cada clube. A Federação que trate de arranjar lugares institucionais para as associações de futebol. É como Luís Cirilo diz: quem ganhou o direito a lá estar foi o clube não a associação de futebol.
Falta-nos saber se a Associação de Futebol de Braga enviou os cumprimentos, e o reconhecimento, ao Vitória por estar na final da taça e ter garantido lugar na fase de grupos da Liga Europa...?
Miguel Leite
Caro Miguel:
Acho que o Vitória deve exigir, publicamente se necessário, que nas bancadas sul que lhe estão destinadas seja vedado o acesso a quem usar simbolos do outro clube.
Afinal fizeram-nos isso para a Taça, em Chaves, e a nossa SAD nada disse pelo que depreendo que concordou com a medida.
Agora há que exigir o mesmo
Enviar um comentário