A duas jornadas do final da Liga já há muito pouco a decidir embora os fans da matemática, que no futebol são mais ou menos aqueles que se recusam a aceitar a realidade, ainda possam argumentar que matematicamente ainda é possível isto ou aquilo.
Mas não é.
E por isso o Benfica vai ser campeão ou no próximo sábado ou na jornada derradeira porque em boa verdade ninguém acreditará que vai perder os dois próximos jogos e menos ainda são os que acreditarão que o Porto ganhe os seus depois deste final de Liga deprimente que os azuis e brancos estão a fazer.
Deixando para depois do final da Liga uma análise mais aprofundada da mesma, nomeadamente quanto a primeiros e últimos lugares, para já o que se pode ir dizendo é que o Benfica vencerá por mérito próprio, por demérito alheio e pelo pleno triunfo da tese de Luís Filipe Vieira segundo a qual mais vale ter gente nos orgãos de decisão do que contratar jogadores!
O Porto só se pode queixar de si próprio. Teve o pássaro (a águia se quiserem) na mão, por mais que uma vez, mas deixou-o voar de uma forma tão ingénua que quem assim anda na Liga não merece vencê-la. Empates caseiros com Setúbal e Feirense e fora com Marítimo e Braga constituíram um desperdiçar de pontos que só podia ter como consequência a impossibilidade de vencerem um titulo que fizeram por por merecer em boa verdade. Especialmente o empate com os setubalenses, na jornada em que o Benfica empatou em Paços de Ferreira, que significaria em caso de triunfo a liderança isolada foi um hara quiri de que a equipa em termos anímicos nunca terá recuperado totalmente.
Fácil é agora culpar Nuno Espírito Santo (o treinador é sempre o elo mais fraco não é verdade?) pelo insucesso mas foi evidente desde o inicio da Liga que o plantel portista era insuficiente neste ou naquele sector e isso foi especialmente notório em Janeiro quando a “simples” entrada de Soares projectou a equipa para patamares exibicionais e de eficácia que fazem pensar até onde poderia ter o Porto ido com ele, ou semelhante, desde Agosto.
Quanto ao Sporting, que tem o quarto classificado mais próximo de si do que ele próprio está do segundo lugar, pode dizer-se que teve uma época completamente fracassada depois de no ano anterior ter discutido o título até à ultima jornada e sido a equipa que mais merecia tê-lo conquistado. Erros nas contratações e o lugar de João Mário sem nunca ter sido colmatado (porque Bas Dost fez esquecer Slimani) terão sido algumas das razões que estiveram na origem do insucesso mas as contínuas polémicas em que o seu presidente se envolveu e para as quais arrastou inevitavelmente a equipa em nada terão ajudado também.
Lugar já definido tem o Vitória, embora os tais fans da matemática (neste caso vitorianos) ainda tenham a esperança de um final de liga de sonho com dois triunfos a acrescentar a duas derrotas leoninas e o acesso à pré eliminatória da Champions, que por mérito próprio conquistou a quarta posição de forma absolutamente destacada e sem margem de contestação excepto para aqueles que tem de fair play e desportivismo uma noção mais que vaga. A equipa fez um campeonato de grande regularidade, conseguiu “sobreviver” a um Janeiro em que se viu amputada de Soares e João Pedro que eram titulares indiscutíveis, e na segunda volta foi simplesmente arrasadora em termos de eficácia. Neste momento vai na sétima vitória consecutiva, conseguiu dez triunfos fora de casa (até ao momento apenas o Benfica lhe foi superior…), vai bater o seu recorde pontos no campeonato e está a cinco pontos do terceiro lugar e com onze de avanço do quinto classificado o que diz tudo sobre a excelente época que fez. E ainda tem a final da Taça para disputar. E ganhar que as finais são para isso.
Os restantes lugares europeus ainda estão por resolver com Braga, Marítimo e Rio Ave a lutarem por eles e dependendo de factores diversos para a sua conquista.
Quanto às despromoções já se sabe que o Nacional, quinze anos depois, voltará ao escalão inferior de forma surpreendente face ao que foi a sua trajectória nos últimos anos mas quem o acompanhará ainda é assunto a decidir no que falta de campeonato.
Moreirense e Tondela são os grandes candidatos, mais o segundo que o primeiro, mas mais remotamente Arouca e muito remotamente Estoril ainda poderão ver-se envolvidos nesses indesejados trabalhos. O Arouca -Tondela da próxima jornada poderá muito bem ser decisivo para a definição de quem acompanhará o Nacional.
Uma nota final para o Benfica-Vitória do próximo sábado que poderá decidir o titulo. Um jogo entre um Vitória tranquilo e especialista em ganhar fora de casa e um Benfica com estádio cheio e a pressão de perante os seus adeptos conquistar o campeonato e o inédito tetra. Espero que seja um bom jogo e que o resultado seja em função exclusiva dos méritos e deméritos das duas equipas.
Que ganhe o melhor. Ou que empatem se nenhum se superiorizar ao outro.
Mas acima de tudo que seja um jogo digno!
Porque de indignidades, dentro e fora dos relvados, está este campeonato cheio.
2 comentários:
Salvo um evento trágico o Benfica será campeão.
O Porto desperdiçou várias hipóteses de colagem, e até de ultrapassagem ao concorrente directo.
Diferença de um ter um treinador que apesar de não ser nada de especial, não inventou e repôs o sistema do Jesus, com o qual a equipa se sente bem, e de outro ter um inventor falhado, teimoso, que comete sucessivamente erros inconcebíveis, irracionais, e hilariantes. Com 2 jogos por disputar o Porto consegue a proeza de não ter sistema de jogo, nem consequente entrosamento entre os jogadores desmotivados e irritados com as opções tremendamente estúpidas, injustas e catastróficas do guarda-costas que se esbarra no Jonas lingrinhas...
Se o Vitória não se tivesse descuidado em alguns jogos,e o Braga estivesse ao nivel habitual o Sporting teria que se contentar com o quinto lugar.
O Maritimo foi mantendo a bitola e provavelmente manterá o lugar que ocupa.
O Rio-Ave acordou já um pouco tarde.
O Chaves acusou a perda do treinador, e também a pressão de ter de defender um 6º lugar que os próprios nunca esperariam ocupar.
O Boavista, em grande parte devido ao Miguel Garcia desenrascou-se muito melhor do que a incapacidade que patenteou em quase todos os jogos.
Do Paços espera-se sempre mais, e esta época esteve abaixo do desejado.
Por último... Seria pela segunda vez consecutiva uma atrocidade que um Tondela sem meios, nem estrutura, já pra não falar de praticamente inexistente base de apoio de sócios/adeptos , roubasse o lugar de permanência a um Moreirense que vem evoluindo continuamente no sentido de justificar a sua presença na divisão maior.
Não pretendendo desrespeitar, ou achincalhar, mas este Tondela é um intruso acidental... Um aborto que não se sabe como foi parido... Enquanto este clube não reunir condições que sustentem ascender a outros objectivos, é desliga-lo da máquina, e deixar que volte às divisões regionais de onde saiu demasiado prematuramente.
Caro Black Socker:
De uma forma geral estamos de acordo.
Realçando que este ano o campeão será o menos mau dos candidatos ao titulo e que o seu triunfo na Liga fica indelevelmente associado a mais uma época de colinho intenso.
Uma nota apenas quanto ao que escreve sobre o Tondela.
Mas que também podia escrever sobre o Arouca, o Nacional e mais um ou outro clube.
Defendo, desde há algum tempo, que o futebol profissional tem de se regenerar a vários níveis nomeadamente estabelecendo limites mínimos para os clubes poderem disputar competições profissionais.
Estádios capazes, médias de assistência, número de sócios, escalões de formação, lugares anuais vendidos entre outros.
Quem os cumprir joga nas duas divisões profissionais. Quem não o conseguir vai para outros escalões.
Um pouco como na NBA.
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