quarta-feira, outubro 21, 2015

Desigualdades

Cartoon: Miguel Salazar

Este genial cartoon do Miguel Salazar retrata bem o que é a realidade de uma Liga de basquetebol que iniciou a sua época por estes dias.
Nele se retratam o campeão(Benfica) e o vice campeão (Vitória) através dos respectivos treinadores, Carlos Lisboa e Fernando Sá e caricaturalmente os meios que cada um tem à sua disposição para tentar ganhar o titulo de 2015/2016.
Que são aliás rigorosamente os mesmos que nos últimos dois anos permitiram que o Benfica vencesse dois campeonatos e o Vitória ficasse das duas vezes em segundo lugar.
É bem a diferença entre o Ferrari e o Citroen "2 cavalos".
De um lado um orçamento a que não me canso de chamar "obsceno", que não advém das receitas próprias da modalidade e permite ao treinador do Benfica dispor de duas equipas de idêntica valia o que em termos de jogo numa modalidade com as regras do basquetebol faz toda a diferença.
Mas  a par disso, e dessa politica de gestão que permite ao clube aplicar verbas oriundas de outras áreas no basquetebol distorcendo as realidades competitivas do campeonato, existe por parte do Benfica uma legítima estratégia de afirmar o seu ecletismo como uma ferramenta importante da dimensão e expansão do clube.
É no basquetebol, é no andebol, é no voleibol, é no futsal, é no hóquei em patins.
Em todas essas modalidades o Benfica tem como orientação estratégica o ser candidato ao titulo e ás outras provas nacionais.
É a politica do clube.
Correcta diga-se de passagem.
E muito facilitada por o Benfica ser um clube de passivo ilimitado e a quem ninguém obriga a pagar as suas dívidas ou a ter uma gestão compatível com a realidade de cada modalidade.
Do outro lado o Citroen "2 cavalos".
Uma secção muito bem gerida, um treinador excepcional, uma realidade financeira completamente dependente das verbas que a secção consegue angariar e uma realidade desportiva totalmente dependente da categoria do treinador e da extraordinária capacidade que este tem de todos os anos descobrir novos talentos e refazer um plantel sempre depauperado pelas carências financeiras.
A par de, contrariamente ao Benfica, não ser estratégia do clube qualquer aposta nas modalidades que não seja dotá-las dos mínimos indispensáveis a poderem competir.
Recintos para jogarem, transporte, departamentos médicos e pouco mais.
Uma visão estratégica coerente da importância do ecletismo, que poderia com um pequeno esforço aqui ou ali fazer o Vitória passar do "quase" ao "ganhamos", não existe e por isso é pedido aos técnicos do basquetebol (e também de outras modalidades como o voleibol)que todos os anos vão fazendo pequenos "milagres" e construindo equipas competitivas.
Que é o que Fernando Sá tem feito todos os anos.
E por isso está época, uma vez mais, vamos ter o Citroen "2 cavalos" preto e branco a concorrer contra o Ferrari vermelho (e contra um Porsche azul que renasceu para os lados do "Dragão") numa corrida que é cada vez mais desigual.
Pessoalmente acredito que mais uma vez se farão "milagres".
Mas já era tempo, mais que tempo, de se olhar para as modalidades no Vitória (especialmente basquetebol e voleibol) como parceiras estratégicas fundamentais na afirmação e crescimento do clube.
Elas merecem-no.
E a  sala de troféus do Vitória Sport Clube confirma-o exuberantemente.
Depois Falamos.

14 comentários:

Rafael Moura disse...

E este abandono da modalidade fica mais evidente quando é o próprio treinador que tem de ir a reuniões com a FPB pedir para esta cobrir os gastos com a deslocação a Lisboa (onde, como sabe, acabamos por não jogar).

É lamentável, ainda para mais quando somos o clube com mais assistência na liga. Mas nós, da nossa parte, lá continuaremos a fazer o nosso papel.

luis cirilo disse...

Caro Rafael Moura:
É mais uma situação lamentável.
De uma modalidade que tanto tem dado ao clube mas para os que o dirigem quase tem de pedir licença para existir.
Mas é como diz;os adeptos continuarão a fazer o seu papel sempre!
Outros lembram-se do basquetebol quando há finais para disputar.
Visões muito diferentes do que é o clube

cards disse...

caro Luís Cirilo, entendo o seu post, mas não concordo.
Cada equipa tem o orçamento que pode ter e felizmente o Benfica pode ter um orçamento superior ao do seu vitória.
relembro que o Benfica participa nas competições europeias e esta época quer fazer um brilharete e passar a fase de grupos, para isso tivemos que montar um plantel que nos dê essas garantias.
O nosso orçamento ronda o milhão de euros.
O orçamento do Benfica para todas as modalidades é de 7,9 milhões de euros, cabendo ao futsal a maior quantia.

Saganowski disse...

Se no futebol é o que temos, com a constante ladaínha de que não há dinheiro, imagino o que sentirão os profisionais (sim, que é de profissionais que se trata) do voleibol e do basquetebol quando são tratados como se de amadores se tratasse.
Não é, por isso, de estranhar que no fim de cada campeonato estes atletas decidam ir para outros clubes, deitando por terra a o trabalho de equipa realizado num ano inteiro.
Mas quanto a isso, o nosso clube já está, infelizmente, habituado.
É por isso que, tal como dizes, o Vitória tem sido o clube do "quase"...

luis cirilo disse...

Caro Saganowski:
Mas é mesmo.
E é pena.
Porque ter no clube um treinador como Fernando Sá e um dirigente como Pedro Guerreiro não acontece todos os dias.
O basquetebol se tivesse do clube um apoio consistente, com base numa estratégia desportiva e associativa ambiciosa, podia dar-nos mais titulos do que já tem dado.
Infelizmente na direcção do clube só se lembram do basquetebol de longe a longe...
Do basquetebol e das outras modalidades.

luis cirilo disse...

Caro cards:
Obrigado por confirmar o que escrevi.
Porque um orçamento de um milhão de euros para o basquetebol( e quase oito milhões para as modalidades)só pode existir num clube que não tem de pagar o seu passivo e com dinheiro desviado de outras áreas (futebol)para sustentarem essas megalomanias.
Como saberá as modalidades com as receitas próprias delas todas juntas não garantirão 10% do orçamento.
E estou a ser generoso.

Anónimo disse...

Parece que o Bruno de Carvalho não está sozinho, na defesa dos mais superiores interesses do desporto nacional.

fernandes jose disse...


Revoltante é ver dezenas de milhares de euros que o Vitória paga de multa
pelo “mau” comportamento dos seus sócios/adeptos nos jogos de futebol .
Dinheiro este que tanto jeito dava às modalidades.

Vaidade é o que não falta a alguns membros da direção do Vitória, que só
aparecem no pavilhão nos jogos mais mediáticos.

Vergonhoso e desleixo, constatar no pavilhão uma lona que diz: APOIE
AS MODALIDADES uma das letra estar elegível, provavelmente há mais
de um ano.

Nós sócios e adeptos temos que estar mais presentes nos jogos, em todos os
jogos, não só nos de decisão. Os outros fazem a diferença com o dinheiro,
nós temos que a fazer com muito apoio.

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
O que importa é que haja muita gente a denunciar este regime desportivo de filhos e enteados.
Caro José Fernandes:
Inteiramente de acordo com os reparos que faz.
No Vitória sempre terão de ser os sócios/adeptos a fazerem a diferença.
Pela positiva é claro.
E o que se passa com as multas, mesmo sabendo que há para connosco um rigor que para outros não existe,é uma situação que não pode continuar.
Por todas as razões e também porque, como diz e muito bem, esse dinheiro se fosse para lá canalizado daria muito jeito ás modalidades

jj disse...

Hoje o melhor clube minhoto de futebol ganhou ao Marselha 3-2.
Também aqui os orçamentos são de 10 para 1 (150 milhões para o Marselha e 15 para o SCBraga)
Mais uma vitória ante um ex-campeão europeu, depois de já ter ganhado ao Liverpool, Celtic, Estrela Vermelha, Benfica e empatado com Bayern.
Nas provas da UEFA, somos claramente muito melhores que o Vitória de Guimarães. Não há mesmo comparação possível.

jj disse...

O basquete e o vólei são os desportos coletivos mais fracos em Portugal.
Só tem lá o Benfica, com força. O resto é só clubes rotos... Espinho, Leixões, Caldas, Galitos, Barcelos, Bastardo, Amigos, Ovarense, Vilacondense, Maia, Elétrico, Lusitânia, Mamede, Esmoriz... Mas nem assim o Vit. Guimarães consegue ser consistente e ganhar com regularidade. Em vários anos, ganhou uma vez o título no vólei.
Nada que se compare ao andebol, onde há 30 anos jogam os 4 maiores clubes da modalidade: ABC e os outros 3 da vida airada.

luis cirilo disse...

Caro jj:
Não discordo. Em termos europeus o Braga tem claramente melhor palmarés que o Vitória. Isso é evidente.
Caro jj:
Você parece a raposa a olhar para uvas a que não chegava e a dizer que estavam verdes.
Mas quando se é adepto de um clube sem ecletismo nada como criticar os outros.
Cresçam e apareçam

jj disse...

Sem ecletismo??? O SCBraga tem tradição de não ter apenas futebol.
Fomos 14 (quatorze) vezes!!! campeões europeus em atletismo e dominámos as provas de fundo em Portugal no sector feminino. Temos futsal (com internacionais portugueses), futebol de praia (tri-campeões nacionais e 6 jogadores campeões do Mundo e da Europa), volei feminino (só com jogadoras portuguesas), basquete (formação), taekwondo, boccia, bilhar, natação.
Já tivemos 7 atletas nos Jogos Olímpicos (Conceição Ferreira, Ana Alegria, Albertina Machado, Fernanda Marques, Manuel Machado, Mário Silva, Raquel Felgueiras), que totalizaram 16 participações! Diga lá quantos atletas do seu clube já foram aos JO? Deve ir em 2016 o Rui Bragança, contratado a correr, depois de anos a representar o ABC...
E temos na cidade mais clubes nas divisões maiores de vários desportos: ABC, Hóquei de Braga, e até o Gualtar no futsal.

luis cirilo disse...

Caro jj:
A sério?
Ainda bem.
Confesso que nunca tinha dado por esses ecletismo do Braga (excepto no futsal e no futebol de praia...que são futebol) mas se assim é ainda bem.
Quanto ao ecletismo do concelho é evidente o do ABC que é uma potência do nosso andebol.
Mas não compare com Guimarães.
Nós só no futebol de topo temos duas equipas. Vitória e Moreirense.
No andebol o Xico Andebol e o Fermentões.
No basquetebol e voleibol o Vitória.
No hóquei em patins o CART.
No pólo aquático o Vitória
E por aí fora