Em tempo de Mundial de futebol,em todas as vertentes que o grande espectáculo contempla,parece-me oportuno falar de alguns dos interpretes menos conhecidos,menos referidos,mas importantes no contexto global.
Num tempo em que se fala tanto de Ronaldinho,Figo,Ballack,Robben,Riquelme,Lampard entre tantos outros,em que se discutem tacticas de Van Basten,convocatorias de Scolari,futuro de Eriksson,conservadorismo de Parreira,etc,etc,parece-me interessante falar dos apanha bolas.
Aqueles em que ninguém repara,ninguém atribui o justo valor,a não ser quando não estão lá !
Ou não cumprem as suas funções com a eficiência requerida.
Triste sina ,de facto, a de só se ser notado pela ausência.
Mas a verdade é que os apanha bolas,embora do lado de fora,tambem tem a ver com o jogo.
Porque a rapidez,ou a lentidão,com que devolvem a bola tambem tem a ver com o ritmo da partida,com o criar,ou impedir,lances de perigo.
E nos momentos finais dos desafios,quando lhes parece que a sua equipa (sim porque eles tambem tem preferencias,especialmente nos jogos de clubes) esta a ganhar e precisa de "oxigénio" a sabedoria com que demoram as reposições pode ser estrategicamente importante.
O apanha bolas é,por natureza,alguém que gosta de futebol,de jogar,de ter a bola,de trocá-la com os outros.
A função,contudo,restringe-o a uma atitude de espera,de apenas tocar no esférico quando ele sai da posse dos jogadores e a de ter de a devolver o mais depressa possivel quando tantas vezes a vontade seria guardá-la para si e jogar,jogar,jogar !
Claro que o sonho,mais ou menos secreto,de qualquer apanha bolas é ser jogador, de preferência, com as qualidades dos seus idolos.
Defender como Vitor Baia,ser um pilar na defesa como Ricardo Carvalho,dominar o meio campo como Deco,liderar como Figo,rematar como Pauleta,ser irreverente como Cristiano Ronaldo ou Quaresma.
Também dar umas "porraditas" como Petit ou Costinha é claro.
Por isso,quem não repara,a ânsia com que sobem ao relvado,antes e no intervalos dos jogos,aproveitando a ausência dos verdadeiros artistas,para nos curtos momentos que lhe são concedidos poderem demonstrar os seus talentos e provarem ,a quem eventualmente neles repare ,que um dia poderão ser tão bons como os melhores.
Chega a ser tocante a forma como querem "abraçar" o mundo naqueles curtos minutos.
Que para eles são os minutos mais importantes do mundo.
A importância dos apanha bolas,esses rostos anonimos e humildes,perdidos num universo de grandeza,brilho e mediatismo é a certeza que sem eles a engrenagem não funciona.
È por isso,que nutrindo uma indisfarçável simpatia por eles,fico satisfeito sempre que cada um triunfa,cumpre o sonho e se transforma num grande jogador.
Como,por exemplo,Johan Cruyff !
Depois Falamos
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