sexta-feira, outubro 21, 2011

As Estradas

Já todos sabemos que na fase final dos governos de Cavaco Silva e durante os de António Guterres o nosso país viveu num frenesim de construção de auto estradas e itinerários principais de norte a sul.
Vias de comunicação que tiveram custos elevados mas que mudaram o mapa rodoviário do país e permitiram uma muito melhor acessibilidade entre interior e litoral.
Bastará atentar no que demora hoje o percurso Guimarães-Chaves (a titulo de exemplo) e o que demorava dez anos atrás.
Criaram-se à boleia dessas novas vias outros hábitos, outras rotinas de transportes,outro país no tráfego automóvel.
Mas depois veio a crise.
E o preço das portagens passou a pesar demasiado nos orçamentos.
A introdução das portagens nas scut's,então, essa foi a machadada final em muitos automobilistas e camionistas que faziam dessa vias não pagas os seus itinerários predilectos em percursos como,por exemplo, o que liga Viana do Castelo ao Porto.
O resultado disso foi que diariamente milhares de automóveis e camiões voltaram ás antigas estradas nacionais.
Que não estavam nem de perto nem de longe preparadas para esse intensificar de tráfego.
E os sinais são bem visíveis um pouco por todo o lado.
Nos pisos, nas bermas, na sinalização.
E agora o Estado que se propõe arrecadar mais uns milhões em portagens vai ter de gastar alguns desses milhões em reparações nas estradas, na melhoria das sinalizações, na eficácia do socorro a sinistrados.
É o que se chama,popularmente, "destapar os pés para tapar a cabeça".
Depois Falamos

6 comentários:

Anónimo disse...

Quando comecei a ler até pensei que ia ser pior, o seu fanatismo PSD costuma levá-lo para verdadeiras ceguerias, não foi bem o caso. Congratulo-o

Cavaco será o rosto das estradas e não só. Mas fiquemos pelas estradas.

- Somos o País com mais quilómetros de auto-estradas por habitante.

- Ao mesmo tempo somos dos países mais pobres da Europa. E não o somos há 3 dias nem há 6 anos.

- Um qualquer número absurdo, como 70 ou 80% da população vive "enfaixada" no litoral. Coisa absurda que só piorou.

- Já íamos ao ridículo de uma 3ª auto-estrada Porto_Lisboa. É um exemplo. Mas estradas sem sentido nenhum para a sua construção são aos magotes!


Toda a gente sabe porque se fizeram tantas estradas, quem as fez, quem ganhou com isso.
Quem, sem qualquer vergonha na cara, saiu de governos para trabalhar em administrações dessas mesmas construtoras.

Impunes, sem leis nem justiça, Portugal decrépito!

O outro dizia Fuck Mário Lino, eu mando-os a todos, laranjas, rosinhas, aos lacinhos...


Quem matou Portugal merecia Pelourinho!!

Defreitas disse...

Sem duvida, mas também creio que houve exageros e que muito dinheiro foi esbanjado em realizações que não eram justificadas economicamente.
A ultima vez que fui a Portugal de carro, vim de Lisboa pela auto-estrada que passa por Castelo Branco, em diagonal, até Vilar Formoso. Cruzei um carro todos os cinco minutos ou mais.
Antes, vinha até Aveiro e seguia para Vilar Formoso. Não disponho de todos os elementos e não sou especialista, mas sempre me pus a questão de saber se houve realmente um estudo de viabilidade económica do projecto. Ou então, se não haviam outras necessidades mais prementes para a economia nacional que essa auto-estrada.
Posso-lhe garantir, Caro Cirilo, que temos aqui eixos muito mais importantes que esse, por exemplo Genebra-Côte d’Azur, que ainda não beneficiou de ligação directa pelos Alpes. Ainda é preciso passar por Avignon e próximo de Marseille. Mas aqui são as regiões que decidem.

Anónimo disse...

Não vale a pena, pois já estamos falados. Isto está uma..... a precisar de um abanão bem forte que acabe com os parasitas.

luis cirilo disse...

Caro Anónimo:
Não tenho ideia que a minha "velha" militância no PSD turve o meu raciocinio e visão das coisas.
Defendo o meu partido mas também o critico quando é caso disso sem qualquer problema.
É evidente que as auto estradas em excesso representam tremendos lucros para quem as construiu e para aqueles que as tendo mandado contruir acabaram por ,depois de sairem dos governos,irem trabalhar para as tais empresas que as fizeram.Uma perfeita imoralidade para não dizer pior. Bem melhor teriam andado se tivessem construido menos estradas e tivessem olhado para a via férrea de outra forma. Recuperando o que era de recuperar e construindo novas linhas.
Isso sim serviria o país e o povo.
Caro Freitas Pereira:
Também não lhe sei responder concretamente. Sei que há auto estradas que se revelaram importantes,nomeadamente as que asseguram as ligações a Espanha, e outras que não se justificava a respectiva construção devido á ausência de tráfego significativo.Infelizmente aqui é o poder central que tudo decide dado que a regionalização continua a ser uma miragem.
Caro Anónimo:
Mais fácil de dizer do que de fazer

Luís Ferreira disse...

Caro Luís Cirilo,

Aparentemente, este seu texto é sobre estradas e sobre a pena que é não termos dinheiro para as mantermos. Contudo, quando o leio, não posso deixar de me lembrar do seu outro texto sobre o programa Prós e Contras que tratou da reorganização autárquica. É que Portugal não tem um problema de estradas, mais um problema de excesso de autarquias, mais um problema de desequilíbrio populacional para o lado do litoral, mais um problema de desertificação e termino por aqui para não ser enfadonho. Esse conjunto de problemas resume-se a um só, um que se chama ordenamento do território. Deu o exemplo da A28. Curiosamente, Viana do Castelo não aprendeu rigorosamente nada com o que está a acontecer. As estradas nacionais que poderiam ser alternativas à A28 só não o são porque, progressivamente, foram passando de estradas a ruas, visto que, aparentemente, não se pode abrir uma estrada sem que alguém sinta uma enorme urgência em urbanizar à sua volta. Assim, temos em Portugal um conjunto de estradas nacionais que se tornaram completamente inúteis para viajar. E Viana do Castelo, que se queixa agora das portagens na A28, repete o mesmo erro na nacional para Caminha. Há uns anos, quem ali passasse, nunca sentiria a necessidade de uma auto-estrada, contudo, recentemente a construção desenvolveu-se, vieram os habituais semáforos que, só por si, transformam uma via preparada para os 90 km/h numa que não permite mais de quarenta e, hoje, já é muito difícil lá andar. Alguém pensou nas consequências? Não, a gente quer é crescimento (não confundir com desenvolvimento), quem vier atrás que feche a porta. Exemplos desses há-os em todo o lado, a N 14 de Famalicão até ao Porto, a nacional entre Guimarães e Famalicão, a N 101 que, pelo caminho que isto vai, futuramente só parecerá uma estrada no troço que sobe para a Morreira… os exemplos não têm fim. Creio que esta zona onde vivemos se tornará, a breve prazo, num espaço infernal comparável às zonas metropolitanas do Porto e de Lisboa, onde uma deslocação de meia dúzia de quilómetros é uma odisseia. E, do meu ponto de vista, o problema está também no excesso de autarquias, particularmente no excesso de freguesias, visto que, cada uma quer ser um pólo de desenvolvimento urbano. Curiosamente, no interior, esse excesso de freguesias e de dispersão populacional, devido à ausência de massa crítica, tem precisamente o efeito contrário. O resultado é que muitas das auto-estradas que temos hoje no litoral seriam perfeitamente dispensáveis se a população estivesse mais bem distribuída, permitido a utilização desses recursos financeiros noutras áreas. Ordenar a distribuição da população é fundamental para a sustentabilidade futura. Há, pois, que repensar os problemas de raiz, não corrigir os erros com novos erros e, fundamentalmente, valorizar um pouco mais a racionalidade face à identidade. É que, às vezes, a manta pode parecer curta quando, na verdade, fomos nós que nos esticámos demais.

luis cirilo disse...

Caro Luis Ferreira:
Apenas para dizer que subscrevo por inteiro a sua opinião.
A que junto o meu "velho" lamento de não se ter feito uma aposta consequente na ferrovia.
Por exemplo ligando Guimarães a Braga com extensão até Esposende.
Modernizando a linha do Minho até Monção e não extinguindo-a no troço Valença-Monção.
E tantos outros exemplos possiveis.
De facto,tem você toda a razão,o grande problema chamna-se ordenamento do território.
Que dificilmente será eficaz enquanto continuar a ser decidido a partir do terreiro do paço.