quarta-feira, junho 26, 2024

Perceber

Já se sabe que no futebol há pouco espaço para a gratidão e menos ainda para o sentimentalismo porque ele é quase todo ocupado pelo pragmatismo e por outras motivações. 
Mas ainda assim tenho dificuldade em perceber o que se passa com Rui Patrício. 
É um dos melhores guarda redes portugueses dos últimos largos anos e um dos quatro campeões europeus de 2016 presente na fase final do Euro 2024. 
Os outros são Ronaldo, Pepe e Danilo. 
Na fase de apuramento fez dois jogos face à impossibilidade de Diogo Costa e esteve bem sem margem para reparos. 
E por isso, embora jogando pouco na Roma nos últimos meses, foi chamado para o Europeu. E a estranheza começa aí. 
Porque nos três jogos de preparação antes da viagem para a Alemanha foi o único convocado que não jogou um único minuto. 
E ser único nessa circunstância é estranho. 
Hoje Portugal defronta a Geórgia num jogo em que estando já apurado em primeiro lugar não há qualquer interesse competitivo que não seja dar minutos a jogadores menos utilizados e fazer descansar os que mais necessitem. 
Para lá de evitar os sempre inconvenientes cartões ou lesões. 
Seria o cenário ideal, digo eu, para o campeão europeu Rui Patrício se despedir a jogar de uma seleção à qual deu tanto nomeadamente em 2016 onde foi decisivo na conquista do europeu. 
E digo despedir porque é evidente que se não jogar hoje não jogará neste europeu e dificilmente voltará a ser convocado no futuro porque a caminho dos 37 anos e face ao que se vem passando seria uma enorme incoerência de Roberto Martinez voltar a chamá-lo. 
Mas não jogará. 
Porque ontem o selecionador já anunciou que as mexidas que fará para o jogo de hoje não atingirão nem Diogo Costa nem Ronaldo. 
Justificou as suas razões e estando-se ou não de acordo com elas ( por acaso não estou mas isso é problema meu) ele é que sabe as linhas com que se cose e o percurso feito até agora merece que lhe seja dada confiança. 
E por isso é caso para se poder dizer que uma vez mais o pragmatismo venceu a gratidão. 
É a vida. 
Mas Rui Patrício merecia mais.
Depois Falamos.

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