quarta-feira, setembro 20, 2023

Censura

Ontem foi discutida, votada e reprovada uma moção de censura ao governo.
O que em teoria dá razão aqueles que defendem que apresentar moções de censura a um governo com apoio maioritário no parlamento não serve para nada que não seja reforçar esse governo através da vitória na votação da mesma.
E não faltaram comentadores a dizer isso nos dias anteriores à apresentação da moção realçando ainda que ela apenas serviria para mostrar uma oposição, especialmente no centro direita, dividida na hora da votação.
Não tenho a certeza que as coisas sejam bem assim.
Desde logo porque a oposição já está por natureza dividida e toda a gente que ande com um mínimo de atenção percebe isso.
A de centro e de direita quer substituir o PS no governo e a de extrema esquerda anseia por uma nova geringonça que é a única forma que tem de se aproximarem do poder e o influenciarem de alguma forma.
Claro que no centro direita os caminhos para a substituição deste governo tem merecido farta discussão, nomeadamente quanto à política de coligações, mas não é desse tema que trato aqui.
É mesmo da eficácia de uma moção de censura a um governo com apoio maioritário.
Já vimos que formalmente não serve para nada.
Mas a politica faz-se só de actos formais?
Ou há lugar a actos simbólicos, ao passar de imagens, à separação das águas de forma clara e insofismável?
Que não tendo eficácia formal tem a importância de passarem sinais claros aos eleitores.
Poder-se-à levar a sério uma forma de fazer oposição que passe por discursos no parlamento e fora dele de critica diária, contundente e assertiva aos inumeros erros e falhanços deste governo e depois quando há a oportunidade do tal separar de águas, do formalizar a oposição, de mostrar uma imagem de verdadeira alternativa se fica pela abstenção ( e nem vou aqui referir o que dizia Francisco Sá Carneiro sobre a abstenção...) ou até pelo voto contra que mais não são do que um apoio, ou no mínimo uma tolerância imerecida, ao governo ?
Não sei.
Mas sei que cá fora, longe do micro universo da política e dos políticos, quem está farto das malfeitorias deste governo mais depressa valoriza uma oposição que se assume até ás últimas consequências do que uma oposição "light" que parece ter sempre receio de dar o último passo e romper com o PS de forma clara e definitiva.
A Iniciativa Liberal parece já ter compreendido isso (tal como o Chega já o compreendeu há muito tempo) mas o PSD parece que ainda não.
É a minha opinião. 
Vale o que vale.
Depois Falamos.

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