Morreu!
No passado sábado com a vitória de Rui Rio sobre Pedro Santana Lopes.
Não há razões para fazer dramas em volta do sucedido porque o PSD continua vivo,e bem vivo, com mais de setenta mil militantes com cotas pagas, dos quais votaram nas directas mais de quarenta mil, o que dá bem a imagem de uma certa vitalidade que o põe ao abrigo de qualquer risco de desaparecimento como poderiam supor alguns que o conhecem mal.
Agora o PPD morreu mesmo.
Em boa verdade já tinha começado a morrer, em 4 de Dezembro de 1980 quando Francisco Sá Carneiro desapareceu em Camarate, mas ainda existiam alguns que preservavam as memórias desse tempo e de uma certa forma de o partido ser e agir.
Um partido de lideres carismáticos, irreverentes no melhor sentido do termo, desassombrados e corajosos, capazes de enfrentarem o conformismo, o "establishment", o politicamente correcto, interpretes fieis do sentir profundo daquele partido que "nasceu contra o vento" como tão bem o definiu um dia Leonor Beleza.
Lideres como foram, com tudo que os diferencia, Francisco Sá Carneiro, Aníbal Cavaco Silva ou Pedro Passos Coelho.
Pedro Santana Lopes era o "Ultimo Moicano" desse PPD.
O último que trabalhara com Sá Carneiro, o ultimo que conhecia em profundidade o seu pensamento político, o ultimo que interpretava na plenitude alguns dos seus conceitos estratégicos fundamentais como a clarificação, a bipolarização , a recusa do bloco central de interesses.
Com a sua derrota, e não sendo provável que volte a candidatar-se à liderança, é seguro afirmar que o PSD não voltará a ter um líder realmente "Sá Carneirista" embora seja igualmente provável que o actual e próximos lideres se continuem a reivindicar como herdeiros de uma herança que em boa verdade nem conhecem e muito menos praticam.
Pedro Santana Lopes, como Francisco Sá Carneiro, idealizava um PPD líder de um bloco político, ganhador de eleições, capaz de reformar o país e aproximar Portugal dos índices económicos e de desenvolvimento dos melhores países europeus.
Defendia um partido verdadeiramente social democrata, fiel aos seus princípios e valores, orgulhoso de uma identidade de que não prescindiria fossem quais fossem as tentações de poder que lhe aparecessem no percurso.
Pedro Santana Lopes, como Francisco Sá Carneiro, não tinha como ambição ajudar o PS a governar, não admitia o PPD como um dos vários concorrentes a "bengalinha" do PS, não admitiria nunca "vender a alma ao diabo" em troca de ser parceiro menor de uma coligação governamental que a História já provou não fazer sentido.
Tinha como ambição, isso sim, derrotar a Frente de Esquerda e não substituir as peças vermelhas da geringonça por uma peça laranja!
Os militantes do PSD, soberanos numa decisão que merece o respeito de todos mesmo dos que em nada concordam com ela (como é o meu caso), não quiseram um PSD mais PPD e preferiram "matar" o PPD e seguir em frente só com o PSD.
Um dia uma das grandes referências do PSD, o eng. Eurico de Melo, disse num congresso-e foi ovacionado de pé- uma frase que ficou para a História pela simplicidade com que dizia tudo que nós social democratas pensávamos ao tempo sobre o PSD :
"É tão bonito o nosso partido".
O PSD continua a ser o "meu" partido.
Mas no sábado, com a "morte" do PPD, deixou de ser tão bonito!
Depois Falamos.
P.S: Tal como já disse noutro espaço daqui em diante cumprirei o meu mandato na assembleia municipal de Guimarães ajudando o PSD a combater a maioria socialista, pagarei a minha cota pontualmente e como não me chamo Morais Sarmento votarei no PSD nas legislativas de 2019.
Considero ser o mínimo que posso fazer como militante com quase 43 anos de "casa".
E também o máximo no actual contexto!
3 comentários:
Tendo lido que houve 50 mil militantes que pagaram as cotas desde que foi feito o anúncio das eleições diretas, fiquei admirado pela votação se ter quedado em 42 mil militantes no total.
Terá havido alguma desmobilização de última hora?
Caro luso:
E como esses quase 50.000 se juntaram aos vinte e poucos mil que as tinham pagas isso significa que quase 30.000 não apareceram a votar.
É realmente estranho mas explicável,parcialmente, por dois factores.
Um o dia de invernia que terá dissuadido muita gente de sair de casa e o outro o facto de alguns pagamentos de cotas terem sido mal...ponderados.
«... pagarei a minha cota pontualmente e como não me chamo Morais Sarmento votarei no PSD nas legislativas de 2019. Considero ser o mínimo que posso fazer como militante com mais...» de 35 anos «...de "casa". E também o máximo no atual contexto!»
Eu há 15 anos, +/-, que ando a ver o PSD a destruir o PPD. Por isso, aqui em Lisboa o PSD já vai nos 11,22% na CM e na minha freguesia 12,38% (aqui deveríamos ter mais de 40%). Esta tralha, são os que creem , profundamente, que o regime é do PS e que este, na sua magnanimidade, pode dar-lhes umas migalhitas.
Gente que se vende -e por pouco. Onde podiam ser senhores, querem ser servos. A diferença entre o mediterrâneo e a Europa. O mais estranho é que foi no norte que RR teve votos. Há mesmo alterações climáticas, há, há -pero es como las brujas, que las hay, las hay
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