segunda-feira, novembro 07, 2016

A Guerra dos Tronos III

Já tive oportunidade de neste espaço escrever sobre a situação autárquica no distrito de Braga face aos desafios eleitorais que 2017 trará.
Em  A Guerra dos Tronos I olhei para as câmaras lideradas pelo PSD  e em  A Guerra dos Tronos II para aquelas que são presididas pelo Partido Socialista.
Sendo minha convicção que o PSD tem todas as condições para voltar a vencer as sete câmaras (Braga, Celorico de Basto, Esposende, Famalicão, Póvoa de Lanhoso, Vieira do Minho e Vila Verde) a que actualmente preside, e em seis dos casos com a recandidatura do presidente em funções (a excepção é Póvoa de Lanhoso onde Manuel Baptista terá de sair por atingir o limite de mandatos) parece-me interessante a menos de um ano das eleições lançar um olhar sobre a forma e os possíveis protagonistas com que o PSD vai tentar ganhar municípios ao PS.
Num cenário político em que o PS tem problemas internos em quase todas as câmaras a  que preside por incrível que pareça.
Olhemos caso a caso:
Amares: Depois da ruptura com o PS, largos meses atrás, o presidente Manuel Moreira fez um acordo com o PSD atribuindo pelouros aos seus vereadores e tudo indica que em 2017 venha a liderar a lista social democrata. É uma município que o PSD tem francas hipóteses de recuperar.
Barcelos: Foi durante muitos anos a câmara de referência do PSD no distrito de Braga e que o partido ganhou sempre desde 1976 até 2009. Em 2013 não conseguiu recupera-la e concorrerá em 2017 contra um PS profundamente dividido entres o actual presidente Miguel Costa Gomes e o deputado Domingos Pereira. Ao que parece Costa Gomes tem o apoio nacional e Pereira o concelhio e distrital.
Um "caldinho" que permitirá ao PSD vencer as eleições se tiver a sabedoria de encontrar as pessoas certas para protagonizarem a mudança. E a menos de um ano de eleições vai sendo tempo de fazer escolhas. Face às divisões do PS parece-me possível recuperar a câmara mas o trabalho de casa tem de ser muito bem feito. E o candidato muito bem escolhido.
Cabeceiras de Basto: Para não variar é mais um município em que o PS vive um guerra fracticida, neste caso desde 2013, entre a facção de Joaquim Barreto que controla o partido e a de Jorge Machado que se organizou no movimento "Independentes por Cabeceiras" que quase venceu as ultimas autárquicas.
É um município em que o PSD se encontra arredado do poder desde 1993 e onde os seus resultados autárquicos tem sido francamente decepcionantes mas em legislativas e europeias o partido ganha com clareza ( e nas presidenciais Cavaco e Marcelo arrasaram com votações altíssimas) o que demonstra que o eleitorado está "lá" e o partido é não tem sabido convence-lo a votar em si nas autárquicas.
Para 2017 o panorama não é muito animador ( e a recente demissão dos orgãos concelhios em nada ajuda) mas o partido terá de optar entre as três soluções possíveis: Ou convence quem tem de ser convencido a ser candidato porque é o melhor candidato, ou encontra outro candidato dentro ou fora do concelho que possa protagonizar uma candidatura ganhadora ou na pior das hipóteses aposta nos quadros jovens(com alguns menos jovens à mistura) que tem para um projecto ganhador a médio prazo um pouco a exemplo do que fez Ricardo Rio em Braga.
Não há nenhuma outra solução!
Fafe: Outra câmara de que o PSD está arredado do poder há longuíssimos anos e em que o PS, para não variar, enfrenta graves problemas internos com as inconciliáveis divergências entre o actual e o anterior presidente da câmara.
O PSD neste mandato conseguiu, pela primeira vez em muitos anos, ter um vereador com pelouros e pôde assim dar mostras de uma estratégia de conquista do poder que deverá ser complementada por uma candidatura ganhadora aproveitando até as divergências alheias.
Se uma candidatura só PSD, se PSD a liderar e com outros partidos a apoiarem, com quem a encabeçar é algo que deve ser resolvido com alguma brevidade para depois poder ser feita uma campanha ganhadora.
Guimarães: É, curiosamente, a câmara liderada pelo PS onde as coisas estão mais claramente definidas. No poder e na oposição.
No PS, em que também há divisões mas mais perceptiveis que evidentes, o actual presidente irá recandidatar-se com o apoio, mais ou menos convicto (mas isso depois vê-se...), de todo o partido tentando manter uma câmara que lidera desde 1989.
No PSD o candidato será novamente André Coelho Lima, no âmbito da coligação "Juntos por Guimarães (PSD+CDS+MPT em 2013 a que se juntou agora o PPM), e embora seja a câmara mais difícil do distrito para o PSD pela primeira vez em muitos anos há "luz" ao fundo do túnel. 
O desafio é agora dar tal intensidade a essa luz que em 2017 se torne na candeia que chega à frente.
Terras de Bouro: É um município que tem dado grandes vitórias e alguns desgostos ao PSD. Enorme em área geográfica é o mais pequeno em termos de eleitores pelo que as mudanças se tornam relativamente  fáceis.
Para 2017 o panorama ainda está longe de estar clarificado, até em função das indefinições em volta da candidatura do actual presidente, mas o PSD tem vindo a fazer o trabalho de casa bem feito pelo que é crível que possa recuperar a presidência perdida em 2009.
Vizela: Criado em 1998 o concelho de Vizela é o único do distrito onde o PSD nunca ganhou eleições autárquicas. Muito por força do trauma criado pela oposição do partido à criação do município.
Passados esses tempos, com uma nova geração de protagonistas que nada tem a ver com esses tempos de tensão, o PSD tem vindo paulatinamente a ganhar terreno e 2017 poderá ser o ano da sua primeira vitória.
Para não variar o PS enfrenta uma profunda crise interna originada pela zanga entre o actual presidente da câmara e o seu ex vice presidente que deverá concorrer numa lista independente que obviamente facilitará a vida ao PSD.
A um ano das eleições é esta a situação.
E com o PS a enfrentar profundas divisões em cinco dos sete municípios que lidera , se o PSD fizer o trabalho de casa bem feito e souber escolher os melhores candidatos em cada concelho, vejo como provável a obtenção de um resultado histórico no distrito.
É evidente que o PSD não vai ganhar as sete câmaras que o PS detém mas vai conseguir ganhar algumas e ficar com uma clara hegemonia em número de presidências.
Para isso , repito, há que fazer o trabalho de casa bem feito.
Escolher bem os candidatos e escolher a melhor estratégia para cada município.
Nuns sozinho, noutros em coligação com o CDS, noutros ainda em coligação com o CDS e outras forças políticas cada concelhia saberá qual a melhor fórmula para tentar ganhar.
Dentro de um principio indiscutível, imutável e inegociável.
No distrito de Braga, de tão fortes tradições "laranja", o PSD deverá apresentar e liderar candidaturas aos catorze municípios.
Ninguém perceberia que fosse de outra forma, fosse onde fosse, e fosse porque razão fosse.
Não há estratégias para servirem os seus mentores e protagonistas mas apenas estratégias para servirem o partido e os eleitores a que se apresenta.
Depois Falamos

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