terça-feira, novembro 29, 2016

Caio Júnior

A morte de Caio Júnior, no acidente de avião que enlutou o Brasil e o futebol, lembra-me irresistivelmente o jovem brasileiro chegado a Guimarães no Verão de 1987 para reforçar uma enorme equipa do Vitória que tinha acabado de se classificar em terceiro lugar depois de uma época que ainda hoje perdura nas melhores recordações dos vitorianos.
Vinha para reforçar essa equipa mas fruto das contingências do futebol rapidamente lhe foi atribuída uma missão muitíssimo mais espinhosa que foi a de substituir Paulinho Cascavel (curiosamente seu primo) subitamente transferido para o Sporting.
Não conseguiu.
Nem ele nem ninguém nos trinta anos decorridos dado que Paulinho Cascavel continua a ser uma eterna saudade dos adeptos vitorianos.
De resto Caio Júnior não era propriamente um ponta de lança mas muito mais um jogador que jogando como segundo avançado usava a sua primorosa técnica e visão de jogo para o ultimo passe e para fazer alguns golos mas não ao ritmo a que o primo os fazia.
Ainda assim no primeiro ano no Vitória fez doze golos, um número interessante, mas nas quatro épocas seguintes nunca mais alcançou essa marca e ficou-se por números  mais modestos tendo no total das cinco épocas disputado 114 jogos com a nossa camisola e marcado um total de 31 golos.
Em Portugal passou ainda sem sucesso por Estrela da Amadora e Belenenses tendo depois jogado em vários clubes brasileiros sem destaque especial.
Como treinador, sim, estava a fazer uma carreira muito interessante tendo passado por vários clubes brasileiros de destaque (Palmeiras ,Botafogo, Grémio , Flamengo,etc) ,pelo Japão, pelo Catar e pelo Dubai.
Tive oportunidade de na altura lhe fazer duas sou três entrevistas para a Televisão Regional de Guimarães (também conhecida por Tv Covas) e dele fiquei com a impressão de uma pessoa afável, algo timída, boa conversadora e muito empenhada na sua profissão.
Recordo também uma conversa mais longa que tivemos numa viagem de avião entre Portugal e Hungria em que casualmente num dos percursos, já não recordo qual, ficamos sentados lado a lado e conversamos sobre futebol ,sobre o Vitória e ,recordo-me bem, sobre o "peso" que ele sentia em ter de substituir o primo.
Foi uma deslocação do Vitória, na Taça Uefa de 1987/1988, para defrontar o Tatabanya e o resultado desse jogo ficaria num 1-1 (golo dele) e depois em Guimarães um 1-0 marcaria a passagem à fase seguinte onde eliminaríamos o Beveren.
Partiu muito cedo.
Quando da sua carreira como treinador ainda se podia esperar muito, sendo actualmente um dos mais cotados técnicos brasileiros, e sabendo-se que entre os seus sonhos estava o de um dia treinar o Vitória como disse em recente entrevista a um jornal português.
Infelizmente não o poderá cumprir.
Paz à sua alma.
Depois Falamos.

2 comentários:

Saganowski disse...

Recordo, de facto, quando ele chegou, a esperança que muitos vitorianos depositaram nele para ser o substituto do primo. Não chegou a ter a relevância deste, mas os vitorianos guardam-no, certamente, no coração para Sempre.
Paz à sua alma.

luis cirilo disse...

Caro Saganowski:
Foi um bom jogador e um bom profissional.
De facto não conseguiu substituir Paulinho Cascavel mas também não jogava exactamente na mesma posição.