quinta-feira, março 08, 2012

Opções


Publiquei este texto no blogue "O Lado do Futebol que Nunca Viram".

O Vitória encontra-se mergulhado em pleno processo eleitoral de que sairá, a 31 de março, a direcção e restantes órgãos sociais do clube para os próximos três anos.
E, repito, para os próximos três anos!
Porque o “ruido de fundo “ que sempre existe nestes momentos, e que alguns “especialistas” se encarregam de tentar ampliar, já constrói teorias mirabolantes que cruzam desporto com política de forma completamente inaceitável.
Mais do que inaceitável…ridícula!
Vamos ao que importa.
Para além dos programas e dos nomes que se propões cumpri-los, e esta não é uma questão menor como é evidente, a grande questão que divide opiniões e gera até algumas paixões aqui e ali excessivas é a questão da constituição da SAD para gerir o futebol profissional.
Digamos que a grande escolha que os vitorianos são chamados a fazer é entre o caminho proposto pela Lista A (SAD para gerir o futebol) e a recusa pura e simples da SAD que aglutinará votos na outra candidatura, na abstenção ou até em votos brancos.
Devo dizer que compreendo, e até partilho em termos emocionais, alguns dos argumentos de recusa da SAD.
Ainda ontem tive oportunidade manter uma longa, e excelente, conversa com um vitoriano que não defende a SAD e percebi bem os seus pontos de vista e fiquei ciente de que ele também terá percebido os meus.
O principal dos quais reside na minha convicção de que não há outro caminho para recuperar um clube que é mais do que a sua modalidade futebol.
Podemos teorizar, todos, sobre como seria bom manter o actual modelo de gestão, como seria excelente ver o tecido económico regional investir no Vitória, como seria óptimo termos o nosso clube a viver dentro das suas receitas e a mesmo assim conseguir construir equipas competitivas no futebol e nas modalidades mantendo a sua matriz exclusivamente associativa.
Mas quem assume disponibilidade para gerir os destinos do Vitória tem de por os pés no chão.
E analisar com o máximo de frieza possível a realidade.
Hoje o Vitória apenas é dos sócios no símbolo, na vertente associativa e na paixão.
Porque o património de que tanto nos orgulhamos está todo hipotecado.
Não é nosso.
Ou melhor é nosso se tivermos meios para fazer face às dívidas contraídas perante a banca.
E neste momento não temos!
O que significa, por muito que nos custe, que a qualquer momento podemos ficar sem ele de forma irreversível.
E por isso, com o máximo de frieza possível para quem nunca aliena a vertente paixão, as pessoas que constituem a lista A e todas aquelas que não aparecendo nos candidatos aos órgãos fazem parte de um grupo alargado de reflexão que deu origem a esta candidatura, sabem que o caminho para salvar os “dedos” é alienar alguns aneis.
Constituir uma SAD para gerir o futebol profissional significa que teremos de abrir a nossa realidade associativa a investidores que virão para o clube numa óptica empresarial pura em que não perdendo o Vitória a sua identidade terá de saber conviver com uma realidade comum a grandes clubes europeus da actualidade e cujos nomes são frequentemente citados como exemplo a seguir.
A aposta significativa no futebol, que esses investidores permitirão, terá claramente dois resultados positivos:
Por um lado poderemos construir num curto prazo (que sem SAD não existe) equipas de futebol profissional altamente competitivas e capazes de assegurarem ao clube a possibilidade de disputar sempre os quatro primeiros lugares da Liga e e com a perspectiva de se intrometer noutras lutas mais ambiciosas.
Por outro lado a SAD permite que um volume importante de receitas do clube sejam canalizadas para a redução do passivo, e consequente desoneração do património, de molde a que num prazo razoável todo ele possa voltar á posse plena do clube como é desejo de todos os associados.
Por ironia do destino, e profundo desagrado daqueles que são contra a SAD…porque sim ou porque é proposta por quem é ou porque eleitoralmente não tem outra estratégia credível, a verdade é que a SAD será um instrumento precioso de salvaguarda do nosso património e da nossa sustentabilidade enquanto clube financeiramente viável.
Não seria preferível um Vitória sem SAD, vivendo dentro das suas realidades financeiras, construindo excelentes equipas com base na formação (como o Atlético de Bilbau) e pertença plena dos seus associados.
Seria.
O caminho do sucesso demoraria mais mas seria, em termos de paixão, muito mais gratificante sem qualquer dúvida.
Mas esse caminho deixou de existir por força das gestões que nestes últimos anos mergulharam o Vitória na pior, e mais perigosa, crise de noventa anos de História ao ponto de colocarem a sua existência em risco.
E salvo melhor alternativa, que não conheço nem acredito que apareça, é tempo de nos convencermos todos que num clube em que a Paixão é uma componente identitária fortíssima desta vez vai ter de ser a Razão a comandar o nosso futuro.

10 comentários:

Anónimo disse...

O sr. Cirilo quando veste a camisola, veste mesmo. Ao que alguns chamariam certamente nomes feios, eu pareço ver apenas garra. Pena que o sr. Cirilo queira participar no pior dos caminhos: a fuga para a frente. O único caminho sensato é o da redução de encargos, e o da negociação da dívida, alias, como o seu lider de lista acabou de admitir há momentos na Santiago.

JM

Vitória até morrer!!!!!!!!!!!!!!! disse...

Boa noite a todos os vitorianos.

Ouvi atentamente a entrevista que o Sr Eng.Júlio Mendes deu esta noite ao Abel Sousa.E a conclusão a que chego, é o reforço da ideia que já tinha.Nem o Sr Eng sabe bem o que será a futura SAD...Para além de que demonstrou, na minha modesta opinião,impreparação,pouca fluência, mas sobretudo,muito pouco esclarecimento aquilo que são as d+uvidas dos vitorianos.De "positivo"apenas a coerência de discurso-se forem eleitos, e os vitorianos rejeitarem depois a SAD, apresentam demissão...Em conclusão, só posso dizer que com o meu voto, Vexas não contam!Não passo cheques em branco a ninguém!Que é o que vocês querem.Votem em nós, que queremos entregar o Vitória a investidores que ninguém sabe quem são...o modelo de SAD que vai ser implementado?Depois logo se vê, ou como diz o caro Cirílo, depois falámos!

Cada vez mais preocupado com o futuro do Vitória...infelizmente.

Saudações vitorianas.

Vitória até morrer!!!!!!!!!!!!!!!!

Afonso disse...

Depois de tentar ainda perceber o que ouvi ontem o Eng. Julio Mendes afirmar, posso concluir que nunca o Sr. Cirilo teve tanta razão pois "encostarem os sócios à parede com uma ameaça sádica tipo "ou SAD ou o descalabro" é que é totalmente inaceitável.
Porque configura aquilo a que se pode chamar uma "golpada".
E a isso todos os vitorianos serão chamados a opor-se."
Depois Falamos

Anónimo disse...

Sr. Cirilo, eu sou contra a SAD, e não é porque sim. É pelas mesmas razões que o senhor também defendeu. Esqueçam a SAD, apelem ao vitorianismo dos sócios, das empresas de Guimarães, e verão que além de juntos salvarmos o clube, também conseguiremos uma unidade ímpar no futebol nacional.

Anónimo disse...

Não sou opositor à constituição de uma SAD, até porque entendo que nalguns casos pode ser a (única) solução.
Sou, isso sim, frontalmente contra os chavões que se lançam para o ar e se apresentam como a solução miraculosa que vai resolver todos os problemas do Vitória e depois não se explicam detalhadamente como vão ser materializados.
Alguém acredita que um investidor qualquer que não seja vitoriano esteja disposto a investir numa SAD alguns milhões de euros, sem ter a maioria do capital e não possuir o poder gestionário?
Na atual crise em que o país se encontra, quem tem capital para investir em ações que se sabe que, no espaço de duas semanas, alguns meses vá lá, numa perspetiva mais otimista, vão desvalorizar mais de 50/60 ou 70%?
Conhecem, em Portugal, alguma SAD cujo capital é maioritariamente do Clube que tenha algum sucesso? Para além daquela que fica para lá da Morreira, não vislumbro outra.
E na Europa, existirá alguma? Desconheço.
As únicas que apresentam resultados desportivos positivos são aquelas detidas por um qualquer investidor local (à italiana), ou fundo de investimento, ou magnata americano ou árabe; no que diz respeito a resultados financeiros, são, mesmo assim, a maior parte delas um verdadeiro desastre.
Há que olhar para outro tipo de soluções, e somo nós os vitorianos que temos que resolver os nossos problemas. Vamos arregaçar as mangas e deixar de esperar por um qualquer D. Sebastião vindo num dia de nevoeiro que nos vai ajudar a sair desta.

Carlos Freitas

jOSÉfERNANDES disse...

“Tenho ideia que a estrutura do futebol é superavitário,
penso que o futebol do Vitória pode funcionar tranquilamente com as receitas que gera. Deve ser o único clube em Portugal cujas receitas que gere devem ser suficientes para o orçamento que tem ao nível dos custos, falando especificamente do futebol e da estrutura necessária para o seu funcionamento.”
Este depoimento (que eu corroboro) faz parte de uma
resposta a uma entrevista do sr. João Cardoso ao semanário Povo de Guimarães, uns meses atrás.
O que é revoltante, é o Vitória estar ingovernável e fragilizado só por incompetência e irresponsabilidade das ultimas direcções e em parte pelos sócios, como é possível terem aprovado a proposta de orçamento 2011/2012 ?
Quando a li, pensei, em Janeiro vamos ter ordenados em
atraso e a debandada de jogadores nas modalidades mais
uma vez.

luis cirilo disse...

Caro JM:
~Redução de encargos e renegociação da divida far-se-ão sempre porque são inevitáveis.
A SAD não é uma fuga para a frente. É o caminho que existe. Porque o resto que propões não chega.
Caro vitória até morrer:
Neste "reality show" em que alguns pretendem transformar a vida do Vitória o eng. Julio Mendes foi até onde pôde ir.
Ninguém quer cheques em branco. Se ouviu a entrevista toda terá percebido isso.
De resto sabemos bem o caminho a seguir.
Caro Afonso:
Obrigado por,repescando frases de um texto que escrevi meses atrás,relembrar aos vitorianos que tenho opiniões e as defendo publicamente.
E é precisamente por isso que não tenho nenhum problema em mudar d eopinião se entendo que aparece alguma que faz mais sentido que a minha.
Hoje não há outro caminho que não a SAD.
Para a lista A que vai a votos com quem defende outro caminho.
É da mais absoluta seriedade intelectual reconhecer que isso não é encostar ninguém à parede.
Porque quem discordar do nosso caminho tem a liberdade de votar na Lista B.
É bem diferente de uma tentativa de criar a SAD por uma direcção já "moribuynda" e que não deixava outra alternativa aos sócios.
Será assim tão dificil perceber a diferença?
Caro Anónimo:
Seria bom se assim pudesse ser.
Mas sabe tão bem como eu que as empresas de Guimarães hoje não tem nenhuma disponibilidade para investirem no futebol. Tomaram muitas terem para as suas necessidades.
Quanto ao vitorianismo prezo-o muito. Mas claro que não é ele que vai resolver os problemas financeiros do clube.
Caro Carlos Freitas:
Nos proximos dias a candidatura vai tornar público um documento sobre a SAD para que os vitorianos se sintam melhor esclarecidos.
Depois, se ficar com duvidas,poderemos voltar a trocar ideias sobre o assunto.
Uma coisa é certa: a SAD que propomos nada tem a ver com outros exemplos nacionais em que essas sociedades nasceram já "viciadas" à partida.
Será muito diferente.

Anónimo disse...

Compreendo bem que demos uma especial importancia ao assunto SAD, porque pode mudar muito a vida do clube, eu acredito que nas condiçoes actuais temos que caminhar para esse caminho, a unica duvida e que Júlio Mendes nao conseguiu explicar foi : O VITORIA vai ter sempre a maioria do capital da SAD???? O VITORIA vai sempre mandar nas decisoes a nivel desporitvo ???? Nao conseguiu explicar isso...! Agora com SAD ou sem SAD o importante é termos um projecto desportivo com pés e cabeça, com ideias claras sobre aquilo que queremos e com pessoas competentes a executa las...! Nao gostei quando JULIO MENDES disse que nao era defensor de um modelo para o clube( quando se fala em modelo, nao se fala em sitemas tacticos, atenção...!!! ). Entao sem um modelo de jogo e de jogador, como é que o VITORIA vai formar jogadores e fazer prospecção???? Vai se basear em que??? Em que itens um olheiro e tecnico vai analisar um jogador??? Vai se continuar a trabalhar a toa como se trabalha desde sempre???? Essa questoes estao claramente relacionadas consigo, visto ser o homem responsavel por essa area! Eu como ja referi, partilho muitas ideias do senhor e defendo as claramente a nivel de estrutura e organizaçao que o VITÓRIA deve ter, o meu receio é a competencia das pessoas que o vao executa lo. É preciso mudar claramente a politica( MANUEL MACHADO/EMIDEO MAGALHAES ) há mais de 30 anos imposta neste clube.

PEDRO

Vitória até morrer!!!!!!!!!!!!!!! disse...

Boa tarde, caro Luís Cirílo.

Afirma então que vocês não querem cheques em branco, correto?Acho que perante esta sua declaração, não será despropositado deduzir que antes das eleições, os vitorianos vão ficar a saber quem são os investidores que estão interessados em investir no nosso clube, da onde é que vêm,se têm ou não problemas com a justiça -só para precavermos situações como a do Neuchattel Xamax, por exemplo-,que percentagem terão na futura SAD, quem vai decidir a política desportiva, quem serão os administradores, e quanto é que vão auferir, etc etc etc.Porque se não o fizerem,e deixarem estas e outras questões para depois, desculpe, mas é um cheque em branco que V exas pretendem!Indiscutivelmente!

Saudações vitorianas

Vitória até morrer!!!!!!!!!!!!!!!!

luis cirilo disse...

Caro Pedro:
Compreendo as suas preocupações.
Quanto À SAD ela será devidamente explicada na campanha eleitoral.
Certo é que os associados terão direito de preferência na compra das acções.
Quanto ao modelo de jogo o que lhe posso dizer é que a estrutura do futebol terá um director desportivo para coordenar tecnicamente todo o futebol e com palavra determinante na escolha de técnicos da formação à equipa principal.
Deixarão de existir "capelinas" como nios ultimos trinta anos dissso pode estar certo.
Caro Vitória até Morrer:
As pessoas que integram a Lista A são responsáveis e querem apenas o bem do clube. Claro que os investidores serão de idoneidade absoluta e o clube precaver-se-á em termos dos negócios que vierem a ser feitos nomneadamente através do direito de veto